Síndrome postural
De acordo com Mckenzie, os pacientes portadores da síndrome postural, em geral, tem menos de 30 anos de idade e, por definição, não apresentam barreiras restritivas. Esses pacientes desenvolvem sintomas locais e, em geral, adjacentes à coluna vertebral. A dor é provocada por deformação mecânica do tecido sadio normal, quando os segmentos vertebrais são submetidos à carga é liberada de qualquer tensão.
A dor da síndrome postural não é induzida pelo movimento e nunca se irradia para um local distante. Por não existir qualquer inflamação associada, ela jamais é constante. O exame desses pacientes não consegue revelar um comprometimento, pois não existe patologia tecidual subjacente. O único achado consistente é o desencadeamento da dor com uma sobrecarga estática na amplitude final. Simplesmente a dor postural se manifesta gradativamente quando os tecidos normais são submetidos a um estiramento excessivo.
A intervenção mais útil consiste em corrigir o alinhamento defeituoso sempre que este for encontrado (na posição sentada, ereta, deitada, ao caminhar, etc.) Isso pode envolver também uma avaliação ergonômica dos móveis, colchões, travesseiros, etc., assim como uma análise das condições de trabalho do paciente.
A complicação em longo prazo da síndrome postural é que ela pode levar a alterações patológicas dos tecidos moles, o que resulta em comprometimento. Entretanto, é provável que isso não ocorra a partir de uma orientação apropriada acerca da postura correta, da intervenção ergonômica e da mecânica corporal apropriada.
Síndrome da disfunção
Um problema postural não corrigido causará alterações patológicas com o tempo. Por exemplo, um operador de computador com 35 anos de idade que passa oito horas por dia em uma posição com a cabeça deslocada para a frente acabará desenvolvendo um encurtamento adaptativo dos músculos extensores occipitais.
Da mesma forma, um motorista de caminhão com 40 anos de idade que passa 10 horas por dia em uma posição sentada e encurvada acabará descobrindo uma incapacidade de adotar uma lordose lombar normal na posição ereta, em virtude do encurtamento adaptativo dos flexores do tronco.
De acordo com o modelo de limitação funcionais de Nagi, essas alterações adaptativas no tecido conjuntivo (aderências, diminuição de ácido hialurônico etc.) representam eventos fisiopatológicos que levam a uma alteração tecidual macroscópica, como mobilidade articular diminuída, fraqueza muscular e alinhamento defeituoso que está frequentemente associado a um desequilíbrio no sistema musculoesquelético. Se o paciente não corrige o seu comprometimento com intervenções apropriadas, poderá desenvolver limitações funcionais e incapacidade, que podem afetar negativamente o desempenho no trabalho, em casa etc.
Uma característica diferencial do paciente com a síndrome da disfunção inclui os sintomas dolorosos que tendem a se manisfetar mais ao final da amplitude do que durante o movimento. Esse paciente queixa-se de dor intermitente semelhante àquela do paciente com síndrome postural, porém a diferença está no fato de seus tecidos moles estarem anormalmente retraídos. Os sintomas, em geral, são adjacentes à coluna vertebral e nunca se irradiam distalmente, exceto no caso de uma raiz nervosa pinçada. Pode-se dizer simplesmente que a dor da síndrome da disfunção é produzida imediatamente, quando os tecidos encurtados são alongados.
À semelhança da síndrome postural, a síndrome da disfunção também apresenta uma complicação a longo prazo. Se não for tratada com uma intervenção apropriada, pode causar uma patologia mais destrutiva e resultar na última das três síndromes de Mckenzie, ou seja, a síndrome do desarranjo.
Entretanto, em alguns casos um evento traumático, na ausência da disfunção preexistente, é suficiente para causar desarranjo do disco intervertebral.
Síndrome do desarranjo
As características dessa síndrome podem incluir sinais e sintomas neurológicos, dor durante o movimento, deformidade aguda (por ex.; torcicolo, cifose lombar, fenômeno de desvio lateral), além da dor intensa e incapacitante.
Os pacientes com a síndrome do desarranjo relatam frequentemente uma história de má postura e rigidez progressiva. Acredita-se que falta a nutrição induzida pelo movimento, em combinação com as cargas aplicadas fora do centro e que agem sobre o disco intervertebral, causa o deslocamento do material discal. É mais provável que os jovens tenham um deslocamento nuclear, enquanto aqueles com mais de 50 anos de idade desenvolvam lesões anulares. Com o início da doença discal degenerativa, os pacientes podem desenvolver instabilidade segmentar, que exige o treinamento de estabilização dos segmentos hipermóveis associado à terapia manual para os segmentos rígidos e hipomóveis acima e/ou abaixo.
Os pacientes com a síndrome do desarranjo (que ocorre principalmente nas colunas cervical e lombar) descrevem com frequência que seu pescoço e/ou costas estão "fora". É imperativo que esses pacientes sejam diagnosticados corretamente, pois do contrário serão privados da intervenção correta. O disco lesionado exige uma abordagem bastante diferente daquela da síndrome da disfunção e não responderá a menos que seja corretamente tratado. Os objetivos da intervenção são:
1. O desarranjo deve ser devidamente reduzido.
2. A redução deve ser estabilizada.
3. Depois que o desarranjo se torna estável, a função perdida deve ser recuperada.
4. Deve ser enfatizada a prevenção de recidiva do desarranjo.
A classificação da deficiência vertebral em uma das três síndromes de Mckenzie constitui apenas o início do estabelecimento de uma intervenção correta. Existem outras subclassificações das síndromes tanto da disfunção quanto do desarranjo. Essas são feitas durante o processo de avaliação e são necessárias para estabelecer o diagnóstico correto.
Fonte:
. Makofsky, H. W. Coluna Vertebral- Terapia Manual. Ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro 2006.
Imagem:
.Google
0 comentários:
Postar um comentário