O diafragma é classicamente descrito como um músculo delgado e achatado,que separa a cavidade torácica da cavidade abdominal.
Ele tem a forma de uma cúpula côncava na parte de baixo, cuja a base está em relação com o contorno inferior da caixa torácica. Esta cúpula é mais alta à direita do que à esquerda, e, na fase da expiração, eleva-se até a altura do quinto arco costal, à direita, e do sexto arco, à esquerda.
No nível do diafragma, fecham-se todas as cadeias musculares.
A cadeia de flexão pode continuar depois do reto abdominal, através do folheto anterior, e terminar no nível do centro frênico.
A cadeia de extensão pode continuar e através dos pilares do diafragma e terminar no nível do centro frênico.
As cadeias cruzadas anteriores podem continuar após os oblíquos externos, através das porções laterais, e terminar no nível do centro frênico.
O centro frênico é uma convergência na qual todas as cadeias musculares estão em interconexões.
É importante que esse músculo fique livre para a sua função principal: a respiração. As cadeias musculares, se desejarem, podem integrar-se no seu funcionamento de maneira temporária para o movimento, de maneira, relativamente permanente nas compensações estáticas.
Neste último caso, o crédito de participação acordado será feito em detrimento das suas diferentes funções.
O diafragma correlaciona-se, embaixo, com as fibras abdominais, e, em cima, com os pulmões e o pericárdio. Seu centro é fibroso, enquanto suas partes periféricas são musculares.
Ele é o motor do movimento torácico. Sem ele nenhuma respiração é possível.
Na literatura sobre ginástica e fisioterapia descrevem-se três tipos de respiração: costal superior, costal inferior, abdominal.
Mecanismo RespiratórioA caixa torácica abre-se durante a inspiração provocando uma descompressão, que permite a entrada de ar fresco, depois fecha-se durante a expiração para eliminar o ar viciado.
A respiração para reeducarA respiração natural reflexa, como a define Godelieve Denys- Struyf, necessita de uma grande liberdade articular e, portanto, muscular, na caixa torácica e no conjunto do corpo.
Em certos casos, somos levados a recorrer, no início do tratamento, a certas maneiras de respirar, não para educar, mas para liberar o corpo de suas tensões ou para obter um ganho de mobilidade nas articulações torácicas.
É, por exemplo, o caso, quando um mezierista pede ao paciente para estufar a barriga na expiração. Não se deve ver nisso um aprendizado de como respirar corretamente, mas simplesmente um modo de obter um certo aumento de mobilidade torácica para baixo.
Para Françoise Mézières, todos os indivíduos tendem a estar bloqueados em inspiração. O expirar facilita o relaxamento pelo alongamento dos músculos envolvidos no bloqueio torácico em posição inspiratória. É por essa razão que, no método Mézières, o tempo forte, ativo, é a expiração. Porém, por vezes, isso leva certos pacientes a pensar que somente a expiração é ativa. Trata-se na verdade de ganhar mais amplitude para a expiração, mas, em nenhum momento Françoise Mézières afirmou que essa era a melhor maneira de respirar.
Dizia ela que
"é tão absurdo ensinar a alguém a respirar quanto querer ensiná-lo a fazer circular o sangue em suas veias."Por vezes, o terapeuta pode insistir na elevação das costelas inferiores para liberar o tórax das tensões abdominais excessivas, isso em casos específicos.
Certas técnicas nem se preocupam em melhorar a respiração, mas esta é utilizada apenas como meio para outros fins. É o caso de numerosas técnicas de meditação que "manipulam" a conexão entre o controle voluntário e o controle automático da respiração.
De um ponto de vista geral, o corpo é sensível à quantidade de CO2. Se a taxa aumenta, a respiração se acelera, e se a taxa diminui, a respiração torna-se mais lenta.
Aumentando a quantidade de oxigênio no sangue por hiperventilaçao, desencadeamos espasmos convulsivos dos músculos e o corpo passa a ser inundado de sensações que dominam então os centros de atenção. Isso pode até chegar ao estado de transe. É o que se usa nas técnicas de "rebirth".
Se a quantidade de CO2 aumenta, obtemos, ao contrário, uma inibição das sensações. É por esse mecanismo que podemos acalmar uma crise de tetania, fazendo o paciente respirar dentro de um saco plástico.
Frequentemente é necessário liberar a respiração num primeiro tempo. Em seguida é possível falar de aprendizagem recorra ao insconsciente e às sensações vindas do interior, de preferência ao mental.
Músculos da respiraçãoOs músculos da respiração podem ser classificados em duas categorias. Por um lado, os músculos da inspiração, que elevam as costelas e o esterno e, por outro, os músculos da expiração, que fazem abaixar as costelas e o esterno. Além disso, nestas duas categorias se distinguem dois grupos, os músculos principais e os músculos acessórios, embora estes últimos só ajam durante movimentos anormalmente amplos ou potentes.
Então pode-se distribuir os músculos da respiração em quatro grupos:
.Primeiro grupo: os músculos principais da inspiração: são os intercostais externos e os supracostais e, especialmente, o diafragma.
.Segundo grupo: os músculos acessórios da inspiração (os esternocleidomastóideos, os ecalenos anteriores, médios e posteriores (com ponto fixo a coluna cervical), peitoral maior e menor (cintura escapular como ponto fixo e membros superiores em abdução), serrátil anterior e grande dorsal (ponto fixo, membros superiores abduzidos), serrátil menor posterior e superior, as fibras superiores do sacro lombar (últimas apófises cervicais como ponto fixo).
.Terceiro grupo: os músculos principais da expiração.
Este grupo só está represantado pelos intercostais internos
.Quarto grupo: músculos acessórios da expiração (os abdominais, o reto abdominal, o oblíquo externo e o oblíquo interno). Na região tóraco- lombar (a porção inferior do músculo sacrolombar, o grande dorsal, o serrátil menor posterior e inferior e o quadrado lombar).
Manobra de relaxamento diafragmáticoQuando a mobilidade diafragmática está alterada, no caso de hérnia de hiato, asma, enfisema, sofrimento esôfago-gástrico, as manobras ditas de diafragma são indispensáveis. São realizadas no começo da sessão de tratamento.
Pressões suaves e progressivas são realizadas desde o bordo inferior das costelas inferiores esquerdas até o umbigo. Essa massagem pode ser completada por apoios expiratórios realizados pela outra mão sobre as costelas inferiores esquerdas. Essa manobra só é realizada excepcionalmente à direita, em razão da presença do fígado.
Fonte:
.Bienfait M., As Bases da Fisiologia da Terapia Manual, Summus, São Paulo 2000.
.Busquet L., As Cadeias Musculares, Volume 2, Belo Horizonte 2001.
.Campignion F., A Respiração para uma vida saudável, Summus 2ª edição, São Paulo 1998.
.Kapandji A. I., Fisiologia articular, Panamericana 5º edição, Rio de Janeiro 2000.
.Souchard PH.-E.,Respiração, Summus 4ª edição, São Paulo 1989.
Imagens:
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