A partir da reflexão deste fenômeno, cabe aos diferentes profissionais da área da saúde que estudam o envelhecimento humano, enquanto processo biológico, social, econômico, cultural e psicológico estarem atentos para a necessidade de independência do idoso. Principalmente, durante a realização de atividades corriqueiras, especificamente, as atividades de vida diária. Estas atividades têm o seu valor essencial para a autonomia do idoso, respeitando assim, primordialmente, a sua condição de vida e valorizando a dignidade humana.
O surgimento de um “novo-idoso”, com auto-suficiência e capacitado a administrar as suas tarefas diárias poderá ser uma conquista desta população e também dos profissionais envolvidos nesse planejamento para estratégias de qualidade de vida na velhice.
Envelhecer saudavelmente faz parte de um amplo processo de aprendizagem, porque a velhice está condicionada por normas e costumes que influenciam as diversas formas de agir dos sujeitos. Aprender a envelhecer é um processo que não começa depois dos 60 anos. Ele começa ainda na infância, porque é nessa etapa da vida que começam a interiorizar os sistemas normativos. Daí a ênfase dada aos trabalhos que integram gerações porque são importantes fontes de aprendizado.
Para a promoção de um envelhecimento ativo e saudável, a prática de atividade física serve como estratégia para uma melhor qualidade de vida. O que fortalece a necessidade de manutenção quando possível, de uma vida ativa ao longo do processo de envelhecimento humano. Segundo o Estatuto do Idoso, baseado na Lei número 10.741/2003, no que se refere o artigo 20 do capítulo V, “o idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade”. O âmbito da atividade física para os idosos está centrado em quatro itens que são definidos nos seguintes termos: prevenção, manutenção, reabilitação e recreação. Qualquer pessoa, independente da idade, que realize atividade física o faz com um desses objetivos, ou para melhorar e manter a saúde, ou para sentir-se bem, ocupar o seu tempo livre, o qual redunda em um melhor bem-estar psíquico. Realizando atividade física, atinge-se uma melhora física, psíquica e sócio-afetiva. Tudo isso faz com que a qualidade de vida melhore.
As possibilidades positivas da atividade física na velhice, se justificam pelo consenso que, grande parte dos mecanismos implicados no processo de envelhecimento que são facilmente modificados pelo estilo de estilo de vida e pelos hábitos higiênicos e dietéticos adotados ao longo da vida. De tal maneira que quando se cumprem as recomendações destinadas a melhorar a saúde da população, pode-se atrasar e, inclusive, evitar problemas típicos da terceira idade. Recomendações como se movimentar e permanecer ativos, a mobilidade é a chave para manter-se jovem, são importantes, pois nada pior do que a imobilidade para envelhecer rapidamente.
Os benefícios da atividade física para idosos são inúmeros, esses benefícios abrangem desde o campo físico até o social: aumento da capacidade aeróbia; aumento na ventilação voluntária; melhora na flexibilidade; melhora na resistência muscular localizada; aumento do conteúdo de minerais ósseos; diminuição da resistência vascular; melhor tolerância à glicose; redução da concentração de lipídios; melhora do estado de ânimo, aumento da vitalidade e melhora significativa da qualidade de vida.
A elaboração de um programa de atividade física para a terceira idade deve levar basicamente em consideração o preparo, para que o idoso possa cumprir suas necessidades básicas diárias impostas pelo cotidiano.
A prescrição de exercício para idosos aponta que, os princípios gerais da prescrição se aplicam aos adultos de todas as idades. As adaptações relativas ao exercício também são semelhantes às dos outros grupos etários. A melhora percentual no VO2máx. de pessoas idosas é comparável àquela relatada na população mais jovem. Lamentavelmente, a inatividade física é mais comum no idoso que em qualquer outro grupo etário e pode contribuir para a perda de independência na idade avançada. Os componentes particularmente importantes da prescrição do exercício incluem aptidão cardiovascular, treinamento de resistência e flexibilidade.
O processo de envelhecimento traz alterações da força, portanto a força máxima de uma pessoa, geralmente bem acima das demandas diárias no início da vida, diminui de forma constante com o envelhecimento. Por exemplo, a capacidade de mudar da posição sentada para a posição em pé é comprometida em torno dos 50 anos e, por volta dos 80 anos, essa tarefa torna-se impossível para algumas pessoas. Os adultos mais velhos são tipicamente capazes de participar de atividades que exigem apenas quantidades moderadas de força muscular.
O Método Pilates "é um sistema de exercícios que possibilita maior integração do indivíduo no seu dia–a–dia. Trabalha com o corpo como um todo, corrige a postura e realinha a musculatura, desenvolvendo a estabilidade corporal necessária para uma vida mais saudável e longeva". Em suma, o método Pilates foi criado para se conseguir um corpo saudável, uma mente saudável e uma vida saudável. O Método Pilates com uma só palavra diriam que é movimento, com duas palavras diriam movimento com controle, e se tivessem de fazê-lo com três palavras seriam força, elasticidade e controle. Finalmente, “uma boa condição física é o primeiro requisito para ser feliz”, esta frase de Joseph Hubertus Pilates poderia resumir perfeitamente a filosofia do método criado por ele. Uma boa condição física que se consegue fazendo intervir não só o corpo, mas também a mente e o espírito, com o objetivo final de realizar as múltiplas tarefas da nossa vida diária com prazer e energia.
O Pilates baseia-se no fortalecimento do centro de força, expressão que denomina a circunferência do tronco inferior, a estrutura que suporta e reforça o resto do corpo. O segundo pilar do método é aplicação dos seis princípios básicos fundamentais: concentração, controle, centro, fluidez nos movimentos, respiração e precisão. Cada exercício foi concebido para integrar estes princípios. É necessário incorporar os princípios de uma forma correta e trabalhar os conceitos fundamentais até fluírem de forma natural e se converterem em hábitos.
Além dos exercícios realizados em decúbito ventral e dorsal, sentado, ou em pé, Pilates também criou equipamentos específicos compostos por molas a fim de desenvolver o seu método. Os equipamentos foram elaborados para auxiliar a execução dos exercícios de solo, além de restabelecer as principais fraquezas das pessoas, como a falta de conexão com o centro de força (cuja indicação mais evidente são os músculos abdominais “saltados” para fora), costelas abertas em excesso devido às retificações e compensações na região torácica, falta de mobilidade entre os segmentos vertebrais, restrições de movimentos na articulação coxo-femoral, rigidez, encurtamento dos músculos flexores do quadril e extensores da coluna lombar, excessiva tensão nas áreas da cintura escapular, e dificuldade para dissipar esta tensão. Os equipamentos de Pilates são considerados muito criativos e originais, apesar da aparência arcaica que apresentam e de alguns nomes assustadores como Guilhotina e Cadeira Elétrica. Não podemos deixar de lembrar que eles foram desenvolvidos durante a Primeira Guerra Mundial, e talvez por esse motivo a inspiração tenha vindo destes antigos aparelhos de tortura. Os aparelhos mais utilizados são: reformer, cadillac ou trapézio, cadeiras, barrel e unidade de parede. Além de acessórios utilizados nos espaços que oferecem o Método Pilates, como: magic circle, bolas suíças (que não foram utilizadas originalmente por Pilates), elásticos, borrachas e halteres. A pesquisa médica vem esclarecendo cada vez mais a importância dos músculos estabilizadores. Se precisarmos retirar um livro de uma prateleira alta, não utilizamos primeiro a mão nem o ombro, mas os músculos posturais profundos, os quais estabilizam a espinha lombar, fazendo com que uma vértebra não se afaste muito de suas vizinhas. Esses músculos são o transverso do abdômen e um músculo posterior profundo denominado multífido. Eles formam um colete ou cinto natural de força em torno do centro do corpo de forma que o movimento possa ocorrer com facilidade, estabilidade e segurança.
O desequilíbrio entre a função dos músculos extensores e flexores do tronco, é um forte indício para o desenvolvimento de distúrbios da coluna lombar. Num estudo com o objetivo geral de analisar os aspectos motivacionais que levam a prática do Método Pilates e identificar se estes aspectos estariam relacionados a fatores da saúde, sociais e/ou estéticos. O principal aspecto motivacional, foi a busca por uma melhora na qualidade de vida. A melhora nas habilidades físicas e o fator “aliviar tensões e relaxar”. Os fatores que tiveram um maior percentual de respostas no item muito importante estão relacionados aos aspectos estéticos e de saúde.
É importante enfatizar durante as aulas à importância de manter um modo de vida ativo, um envelhecimento saudável, onde os níveis de independência na velhice estão intrinsecamente envolvidos com o estado de saúde geral, para isto, a atividade física é uma ferramenta valiosa para a manutenção da saúde e uma melhora da qualidade de vida em seu aspecto emocional e social.
- Curi, V. S. A influência do método Pilates nas atividades de vida diária de idosas, 2009.