A coluna vertebral apresenta quatro curvaturas normais. As curvaturas torácica e sacral, com concavidade anterior, estão presentes desde o nascimento e são referidas como curvaturas primárias. As curvaturas lombar e cervical, com concavidade posterior desenvolvem-se em decorrência da sustentação de peso em uma posição ereta, depois que a criança começa a se sentar e levantar. Como essas curvaturas não estão presentes desde o nascimento, são denominadas curvaturas vertebrais secundárias. Apesar de as curvaturas cervical e torácica se alterarem muito pouco durante o crescimento a curvatura lombar aumenta cerca de 10% entre os 7
e os 17 anos de idade. A curvatura vertebral (postura) é influenciada pela hereditariedade, condições patológicas, estado mental do indivíduo e forças às quais a coluna é submetida habitualmente. Sob o aspecto mecânico, as curvaturas possibilitam à coluna vertebral absorver mais choques sem ocasionar lesões do que se a coluna vertebral fosse sem curvaturas.
Os ossos passam por processos constantes de modelamento e remodelamento em resposta às magnitudes e direções das forças que agem sobre elas. De maneira semelhante, as quatro curvaturas podem se alterar quando a coluna vertebral é submetida habitualmente a forças assimétricas.
Como uma unidade, a coluna vertebral possibilita movimentação nos três planos de movimento, assim com a circundução. Pelo fato de a movimentação permitida entre duas vértebras adjacentes ser muito reduzida, os movimentos da coluna vertebral envolvem sempre um grande número de segmentos móveis. A amplitude de movimento permitida em cada segmento móvel é determinada pelas contenções anatômicas que variam ao longo das regiões cervical, torácica e lombar da coluna vertebral.
A amplitude de movimento para flexão/ extensão dos segmentos móveis é considerável nas regiões cervical e lombar, com valores representativos de até 17º na articulação vertebral C5-C6 e 20º em L5-S1. Entretanto, na coluna torácica, em virtude da orientação das faces articulares, a amplitude de movimento excursiona de cerca de apenas 4º em T1 e T2 até aproximadamente 10º em T11-T12.
As amplitudes de flexão- extensão na coluna lombar variam bastante de acordo com o indivíduo e com a idade. Dessa forma, todos os números informados são de casos particulares ou médios.
- A extensão que se acompanha de uma hiperlordose lombar, tem uma amplitude de 30º.
- A flexão, que se acompanha de uma retificação da lordose lombar, tem uma amplitude de 40º.
Por outro lado, a amplitude máxima de flexão- extensão se situa entre L4-L5: 24º, em seguida em ordem decrescente de amplitude, vem as interlinhas L3-L4 e L5-S1, ambas com 18º, e praticamente com o mesmo valor as interlinhas L2-L3 com 12º, e L1-L2, com 11º. A coluna lombar inferior parece muito mais móvel no plano da flexão- extensão que a coluna lombar superior segundo Kapandji.
Indivíduos que passam mais de 8 horas por dia sentados sem uma prática de atividade física regular, terão uma série de problemas posturais voltados mais para a região cervical e lombar. Durante a postura sentada existe uma compressão maior dos discos que a postura ereta e piora quando o indivíduo fica sentado em uma posição relaxada, jogando a pelve para a frente ou em flexão de tronco. A má postura envolve a rotação posterior do sacro em relação ao osso ilíaco, a ampliação do espaço do disco intervertebral em L5-S1 e a compressão dos ligamentos da região ílio-lombar.
Na posição sentada com apoio isquiático, numa postura dita de digitação sem apoio sobre o encosto, o peso do corpo repousa unicamente sobre os ísquios e a pelve permanece com um equilíbrio instável, mais solicitado na direção da anteversão, provocando um hiperlordose lombar e uma acentuação das curvaturas torácica e cervical.
Na posição sentada em em apoio isquiofemoral, conhecida como posição do cocheiro, com o tronco inclinado anteriormente, algumas vezes repousando sobre os joelhos com os membros superiores, o apoio se faz sobre os túberes isquiáticos e a face posterior das coxas. A pelve fica em anteversão e o aumento da curvatura torácica leva a uma retificação da lordose lombar. Posição de repouso dos músculos da goteira paravertebral, ela é comumente adotada de forma instintiva pelos doentes com espondilolistese, pois diminui o efeito de cisalhamento sobre o disco lombossacral, permitindo o relaxamento dos músculos do plano posterior.
Em posição de apoio isquiossacral, o tronco completamente deslocado posteriormente repousa sobre o encosto da cadeira e o apoio se faz nos túberes isquiáticos e face posterior do sacro e do cóccix. A pelve fica em retroversão, a lordose lombar se retifica, a cifose torácica aumenta e a cabeça pode se inclinar anteriormente sobre o tórax, ao mesmo tempo que a lordose cervical se inverte. Essa também é uma posição de repouso, podendo levar ao sono, porém, a respiração é dificultada pela flexão do pescoço e pelo peso da cabeça repousando sobre o esterno. Essa posição, reduzindo o deslizamento anterior da quinta vértebra lombar e relaxando os músculos posteriores da coluna lombar, ameniza as dores da espondilolistese.
O decúbito dorsal com os membros inferiores estendidos é a posição mais comumente adotada para repouso, a tração dos músculos psoas causa uma hiperlordose lombar e produz um vazio sob a região lombar.
No decúbito dorsal com os membros inferiores em flexão, o relaxamento do psoas provoca uma retroversão da pelve e uma diminuição da lordose lombar, a escavação lombar se assenta no plano de apoio, determinando um melhor relaxamento dos músculos da coluna vertebral e do abdome.
Na posição dita de "relaxamento", obtida com auxílio de almofadas ou em certas cadeiras especiais, o plano de apoio torácico é côncavo, provocando uma retificação das lordoses lombar e cervical; um apoio sobb os joelhos flete o quadril, relaxando os músculos psoas e posteriores da coxa.
No decúbito lateral, a coluna forma uma curvatura sinuosa, a partir de uma convexidade lombar inferior, a linha das fossetas sacrais e a linha dos ombros se unem acima da pessoa. A coluna torácica forma uma curvatura convexa superiormente. Essa postura não permite um relaxamento muscular geral e acarreta algumas dificuldades respiratórias durante anestesias.
Quanto ao decúbito ventral, ele apresenta todos os inconvenientes do decúbito dorsal (hiperlordose lombar), agravados pelas dificuldades respiratórias devidas ao apoio sobre a caixa torácica. O abdome empurrando seu conteúdo em direção ao diafragma faz com que ele diminua sua excursão, provocando uma possível obstrução do corredor respiratório pelo plano de apoio ou corpos estranhos. Entretanto, numerosas pessoas adotam essa posição para dormir, embora o sono não se conserva uma mesma posição durante muito tempo, o que permite um relaxamento sucessivo de todos os grupos musculares e, sobretudo, uma troca constante dos pontos de apoio, já que sabemos que a permanência de pontos de apoio por mais de três horas pode causar escaras por falta de vascularização do tegumento.
Exercícios do pilates para mobilização da coluna:
Knee Stretch Round
Hamstring stretch (mobilização de coluna e alongamento de Isquiotibiais)
Rolling Back Down Up
Fonte:
- Kapandji A. I., Fisiologia articular coluna vertebral, Guanabara Koogan, 6º edição, Rio de Janeiro 2008.
- Haal J. S., Biomecânica Básica, Manole, 5ª edição, São Paulo, 2009.
Imagens:
- Kapandji
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