O método
Pilates foi originalmente desenvolvido por Joseph Pilates durante a Primeira
Guerra Mundial e levado para os EUA em 1923. O conceito inicial misturava
elementos de ginástica, artes marciais, yoga e dança, focando o relacionamento
entre corpo e disciplina mental. A experiência de trabalho no Pilates é
caracterizada pelo uso de aparelhos diferenciados em que a sobrecarga externa
(carga externa) imposta à estrutura musculoesquelética é obtida pelo auxílio de
molas. Mais
recentemente, novos elementos têm sido incorporados ao programa que tem sido
direcionado tanto para o condicionamento físico como para programas de reabilitação. Alguns
procedimentos de fisioterapia nos quais os exercícios de Pilates têm sido
usados incluem fins terapêuticos, reeducação neuromuscular, atividade funcional
e estabilização da região lombar-pélvica. Entretanto, o critério de escolha das
variáveis (posição do indivíduo e posicionamento de mola) que modulam a
sobrecarga dos exercícios no Pilates ainda vem sendo realizado por meio de
avaliações subjetivas. Por outro lado, o conhecimento do torque de resistência
(TR) que um determinado exercício oferece juntamente com informações
referentes à ativação muscular também deveriam ser considerados como critérios
de escolha de exercícios. Não
obstante, apesar da grande popularidade do Pilates na prática clínica, o que se
observa é uma enorme carência de estudos científicos tanto com aplicação na
Fisioterapia, como com abordagem cinesiológica, fisiológica e/ou biomecânica.
Fora do ambiente de Pilates, estudos com pesos livres, máquinas de musculação e
materiais elásticos têm mostrado que a análise do TR pode indicar, por exemplo, se a carga
externa imposta ao praticante é maior no início ou no final de uma amplitude de
movimento (ADM) e se a mesma está condizente com a capacidade de produção de
força dos músculos atuantes e, desse modo, subsidiar a seleção de exercício.
Ademais, outros estudos quantificaram e compararam a atividade eletromiográfica
(EMG) e as cargas externas aplicadas nos músculos de interesse durante
exercícios típicos de musculação e sugeriram que dados biomecânicos (EMG e
carga externa) deveriam ser considerados quando um programa de reabilitação é
desenvolvido.
- o coeficiente de deformação da mola (K),
- o posicionamento da mola,
- o peso do segmento humano móvel
- distâncias perpendiculares das forças envolvidas (da mola e do peso do segmento) em relação ao eixo articular no centro da articulação do quadril.
Apesar da complexidade, algumas técnicas de pesquisa
em biomecânica, como representação das forças envolvidas por meio de diagrama
de corpo livre (DCL) e equações de movimento, podem ajudar a classificar
objetivamente o tipo de resistência de um exercício. O conhecimento do
comportamento do TR e
da EMG dos músculos durante os exercícios no Pilates pode ser considerado como
ferramenta para indicar a sobrecarga sobre o sistema musculotendíneo e
complementar na escolha dos exercícios do Pilates durante um programa de
reabilitação. Assim, os objetivos deste estudo foram comparar a ativação
elétrica do reto femoral (RF), do bíceps femoral cabeça longa (BF) e
semitendíneo (ST) e o torque de resistência do movimento de EQ realizado com a
mola fixa em duas posições distintas.
Diante das diferenças
no comportamento de TR, observado entre as duas posições de mola
avaliadas no presente estudo, espera-se que os músculos gerem diferentes
estratégias neuromusculares para vencer a variação de resistência imposta a
eles e ainda proporcionar estabilidade articular. Os
achados do presente estudo sugerem que certas alterações na posição de mola
durante o exercício de extensão de quadril no Cadillac podem ser mais
apropriadas para um objetivo clínico do que para outro. Em outras palavras,
modificar a posição de molas, como é comumente feito na prática clínica usando
Pilates, não altera apenas a "intensidade" do exercício como de fraco
para moderado ou de moderado para intenso, mas fundamentalmente interfere na
participação de músculos como motores primários ou não na execução de
determinado movimento e na importância da contribuição das estruturas passivas
e/ou ativas para geração de força durante o exercício. No momento, pode-se concluir que, nas comparações gerais, a
análise EMG acompanhou o TR, apresentando valores maiores para o RF na
posição baixa e maiores valores de ativação para o BF e ST na posição alta, em
que a demanda externa sobre os mesmos foi maior. No entanto, nas comparações
parciais com a mola alta, foram encontrados maiores valores de EMG na porção de
movimento em que o TR foi
menor, enquanto que, na mola baixa, ainda que o TRmude de sentido ao longo da ADM, níveis constantes
de EMG foram observados. Acredita-se que este trabalho representa um primeiro
passo no sentido de estruturar critérios objetivos (TR e EMG) para a elaboração de programas
de reabilitação usando exercício no Pilates.
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