A atual busca por atividades físicas que promovam maior segurança para seus
praticantes é constante, observando-se que esta preocupação pode ocorrer com maior
frequência no público adulto e idoso. Dentre as diferentes ofertas de atividade física para o
idoso que se encontram hoje nas academias, centros de convivência, clubes, escolas de dança,
centros comunitários e/ou associações desportivas, enfim, espaços onde existe a proposta de
atividade física, independente da modalidade executada, o Método Pilates vem ganhando
amplitude e maior divulgação nesses ambientes de lazer, esporte e educação.
No Pilates bem orientado por um profissional habilitado, é
praticamente inexistente a possibilidade de lesões ou dores musculares, pois o impacto é
zero”.
A receptividade dos idosos frente ao Método Pilates se deve ao “respeito aos limites do corpo
evita lesões e desgaste físico: a respiração correta aumenta a capacidade pulmonar e melhora
a circulação; e o trabalho individualizado permite corrigir desvios posturais, trabalhando mais
determinados músculos que outros. Isso é bom para todos, desde o esportista que não quer se
machucar, até quem está se recuperando de um derrame”.
A proposta do Método Pilates pode ser de melhoria na qualidade de vida de seus
praticantes, através de uma condição otimizada de uma nova postura, desenvolvendo maior
mobilidade, equilíbrio e agilidade, embasando-se numa tonificação muscular e em um ganho
de flexibilidade e elasticidade, atingidas através de seus exercícios específicos. Contudo, a
comprovação dos efeitos reais para os praticantes deste método se faz relevante, se
considerarmos toda a importância da atividade física no cotidiano do idoso que necessita de
um planejamento específico para essas atividades e de profissionais qualificados.
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA
“Qual é a influência do Método Pilates (MP) nas atividades de vida diária (AVD) de
mulheres com mais de 65 anos após um treinamento de doze semanas?”
1.2 HIPÓTESES
a) Hipótese Nula: O treinamento do MP não altera o tempo de realização das AVD.
b) Hipótese alternativa: O treinamento com o MP otimiza o tempo de realização das
AVD.
1.3 OBJETIVOS
O objetivo geral foi analisar a influência do Método Pilates nas atividades de vida
diária de mulheres com mais de 65 anos após um treinamento de doze semanas.
Os objetivos específicos foram: identificar as alterações ocorridas no tempo de
realização das atividades de vida diária antes e após o treinamento de doze semanas do
Método Pilates e avaliar o nível de atividade física regular semanal, antes e após do
treinamento proposto.
1.4 JUSTIFICATIVA
Os estudos científicos encontrados sobre o tema, até o momento de elaboração desta
pesquisa, ainda não contemplam o processo de envelhecimento, apesar da procura dessa
população pelo Método Pilates. O público idoso busca cada vez mais este tipo de atividade,
talvez por uma divulgação na mídia sobre este método como sendo algo novo, benéfico para a
saúde e qualidade de vida, e, de tendência ou modismo; ou ainda, pelos benefícios, que
também, são divulgados por fisioterapeutas, médicos, educadores físicos e outros
profissionais da área da saúde.
Este estudo foi idealizado e planejado por acreditar-se nos benefícios que a prática do
Método Pilates poderá proporcionar para a população idosa. A partir de relatos de alunos
deste método durante as aulas das quais a pesquisadora é instrutora, houve o interesse neste
tema, em específico nos possíveis benefícios para a realização das Atividades de Vida Diária.
Esta aplicabilidade do Método Pilates é pensada conforme a importância dada na
realização das atividades da vida diária, em especial na população idosa que busca
independência no seu cotidiano.
Ao utilizar o processo científico com seu rigor e clareza, ocorreu uma tentativa de
comprovação sistematizada e organizada sobre a crença destes benefícios relatados.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 IDOSO: SUJEITO DO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
Partindo do pressuposto de que a população idosa está crescendo, no Brasil o número de idosos (60 anos de idade) passou de três milhões em 1960, para 7
milhões em 1975 e 14 milhões em 2002 (um aumento de 500% em quarenta anos) e estima-se
que alcançará 32 milhões em 2020. E, também sugere que temos de encontrar os meios para:
incorporar os idosos em nossa sociedade, mudar conceitos já enraizados e utilizar novas
tecnologias, com inovação e sabedoria, a fim de alcançar de forma justa e democrática a
eqüidade na distribuição dos serviços e facilidades para o grupo populacional que mais cresce
em nosso país.
O envelhecimento humano como uma designação geral para um
complexo de manifestações, que leva a um encurtamento da expectativa de vida com o
aumento da idade. Sendo uma alteração irreversível da substância viva em função do tempo,
dando manifestações de desgaste e um processo biológico, que leva à limitação das
possibilidades e adaptação do organismo e ao aumento da possibilidade de morrer, reduzindo, assim a capacidade de desempenho físico e mental do indivíduo. E, finalmente seria a
conseqüência das alterações que os indivíduos demonstram, de forma característica, com o
progresso do tempo da idade adulta até o fim da vida.
Segundo especialistas, as pessoas entre 65 e 74 anos como idosos jovens, àquelas com mais de 75 de
idosos velhos, e as com mais de 85 anos como idosos mais velhos. Contudo, esses rótulos
podem ser mais úteis quando utilizados para se referirem à idade funcional.
O conceito de velhice e as vantagens e desvantagens dessa etapa da vida foram
verificados em um estudo no ano de 2003 com idosos participantes do
Programa Conviver executado pela Secretaria Municipal de Bem Estar Social da Prefeitura
Municipal de Cuiabá/MT. As desvantagens de ser velho apareceram em maior número de
depoimentos, havendo uma grande ênfase nos fatores econômicos e de saúde, que implicam
em limitações e prejuízos no dia-a-dia.
O envelhecimento traz uma perda de resiliência não
apenas fisiológica, mas também emocional e psicológica. Assim o idoso tende à depressão
diante da doença por um conjunto multifatorial de determinantes como: menor resiliência
emocional para suportar a enfermidade do que o jovem, sejam elas associadas à terceira idade,
crônicas ou neurológicas, perdas e um distanciamento de suas referências no mundo moral,
cultural, religioso e social do idoso.
Um estudo na cidade de Passo Fundo/RS,
investigou residentes em instituições asilares. A amostra foi composta por 109 pessoas, com
idade entre e 50 e 103 anos, sendo 60,55% de mulheres e 39,44% de homens. Aplicou-se a
Escala de Bartheel para a avaliação funcional, em que se constatou que 59,63% dos asilados
mostraram-se independentes, enquanto 40,36% necessitavam de supervisão ou assistência
para a maioria das atividades de vida diária. No total foram avaliadas atividades relacionadas
com banho, vestuário, higiene pessoal, evacuação, micção, alimentação, uso do vaso sanitário,
passagem cadeira-cama, deambulação e escadas. Na análise individual de cada atividade, o
mais elevado índice situou-se na atividade de banho, totalizando 67,89%. Também o
vestuário, higiene pessoal e micção detêm altos índices de dependência funcional.
A partir da reflexão deste fenômeno, cabe aos diferentes profissionais da área da saúde
que estudam o envelhecimento humano, enquanto processo biológico, social, econômico,
cultural e psicológico estarem atentos para a necessidade de independência do idoso.
Principalmente, durante a realização de atividades corriqueiras, especificamente, as atividades
de vida diária. Estas atividades têm o seu valor essencial para a autonomia do idoso, respeitando assim, primordialmente, a sua condição de vida e valorizando a dignidade
humana.
Embora a capacidade de desempenhar atividades
instrumentais da vida diária (AVDs: administrar as finanças, fazer compras necessárias,
utilizar o telefone, obter transporte, preparar refeições, tomar medicação e cuidar da casa)
geralmente diminua com a idade, com a capacidade de resolver problemas interpessoais ou
emocionalmente carregados não ocorre o mesmo.
Tendo como amostra um grupo de terceira idade que
participou de uma análise qualitativa na cidade de Viçosa, Minas Gerais, a possibilidade de
executar as atividades de vida diária sem necessitar da interferência ou influência de outras
pessoas está relacionada com a percepção de qualidade de vida, tendo em vista o sentimento
de autonomia e saúde.
Portanto, devemos abandonar os estereótipos relacionados à incapacidade, ao lembrar
a figura do idoso com a idéia de fragilidade e de dependência. Na compilação e organização
de relatos de idosas integrantes do Grupo Ritmo e Movimento da Boa Idade, realizado na
cidade de Caxias do Sul. É inegável a
importância da manutenção do movimento para a saúde, pois mesmo as atividades mais
simples da vida cotidiana, podem apresentar dificuldades e conflitos que necessitam tomadas
de decisões corporais.
O surgimento de um “novo-idoso”, com auto-suficiência e capacitado a administrar as
suas tarefas diárias poderá ser uma conquista desta população e também dos profissionais
envolvidos nesse planejamento para estratégias de qualidade de vida na velhice.
um estudo demográfico com a finalidade de traçar o perfil
do idoso da região nordeste do Rio Grande do Sul, as autoras concluíram que, para o idoso a
saúde tem valor maior, e que com ela despende boa parte de sua renda, portanto, pensar a
saúde de forma preventiva torna-se uma necessidade. Hábitos saudáveis, ou seja, dietas
adequadas, exercícios físicos e mentais, sono; vida organizada; avaliação dos fatores de risco
para o desenvolvimento das doenças comuns da velhice; diagnósticos precoces; campanhas de
conscientização e esclarecimento sobre doenças; informações sobre serviços prestados e
outros, são medidas que levam a um envelhecimento saudável com qualidade de vida.
Envelhecer saudavelmente faz parte de um amplo
processo de aprendizagem, porque a velhice está condicionada por normas e costumes que
influenciam as diversas formas de agir dos sujeitos. Aprender a envelhecer é um processo que
não começa depois dos 60 anos. Ele começa ainda na infância, porque é nessa etapa da vida
que começam a interiorizar os sistemas normativos. Daí a ênfase dada aos trabalhos que
integram gerações porque são importantes fontes de aprendizado.
2.2 ATIVIDADE FÍSICA E O IDOSO
A OMS na II Conferência Internacional das Nações Unidas, realizada em abril de
2002 em Madrid, para a promoção de um
envelhecimento ativo e saudável, a prática de atividade física serve como estratégia para uma
melhor qualidade de vida. O que fortalece a necessidade de manutenção quando possível, de
uma vida ativa ao longo do processo de envelhecimento humano.
Segundo o Estatuto do Idoso, baseado na Lei número 10.741/2003, no que se refere o
artigo 20 do capítulo V, “o idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer, diversões,
espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade”.
O âmbito da atividade física para os idosos está centrado em quatro itens
que são definidos nos seguintes termos: prevenção, manutenção, reabilitação e recreação.
Qualquer pessoa, independente da idade, que realize atividade física o faz com um desses
objetivos, ou para melhorar e manter a saúde, ou para sentir-se bem, ocupar o seu tempo livre,
o qual redunda em um melhor bem-estar psíquico. Realizando atividade física, atinge-se uma
melhora física, psíquica e sócio-afetiva. Tudo isso faz com que a qualidade de vida melhore.
Ao favorecer a prática da atividade
física ao idoso, pode igualmente ajudar a mudar o seu estilo de vida, muitas vezes inativo e
sedentário.
Com o objetivo de investigar as
representações sociais da atividade física no processo de envelhecimento, contando com uma
amostra de 62 indivíduos utilizou-se da técnica de associação livre de palavras no
levantamento dos conteúdos e da estrutura da representação social. E, os resultados
permitiram distinguir dois campos de representação da atividade física: funcionalidade
biofisiológica representado pelos elementos “ginástica” e “hidroginástica” e como
significação psicossociológica, por “felicidade”, “bem-estar”, “saúde” e “dança”. E,
concluíram que o trabalho interdisciplinar do profissional de Educação Física na manutenção
da saúde através da orientação da atividade física, como um dos meios para que se atinja a
saúde mental e física afetada pelos sintomas da depressão e ansiedade.
A aptidão física quando relacionada à saúde envolve
componentes associados ao estado físico, psicológico e social, seja nos aspectos de prevenção
e redução dos riscos de doenças, como também pela maior disposição para as atividades de
vida diária. Estes autores realizaram um estudo para avaliar as condições físicas de mulheres
com mais de 60 anos de idade, praticantes ou não de atividade física regular, na cidade de Ijuí,
tendo uma amostra de 20 mulheres idosas que foi dividida em dois grupos de dez
participantes. Os resultados do estudo mostraram que a atividade física regular favorece
positivamente o desempenho físico, mesmo em idades acima de 60 anos. E, concluíram que
há necessidade de programar, junto aos grupos de atividades físicas para a terceira idade,
atividades planejadas, estruturadas e repetitivas que respeitem as individualidades, freqüência
e intensidades adequadas, que são os princípios do treinamento físico.
As possibilidades positivas da atividade física na velhice, se
justificam pelo consenso que, grande parte dos mecanismos implicados no processo de
envelhecimento que são facilmente modificados pelo estilo de estilo de vida e pelos hábitos
higiênicos e dietéticos adotados ao longo da vida. De tal maneira que quando se cumprem as
recomendações destinadas a melhorar a saúde da população, pode-se atrasar e, inclusive,
evitar problemas típicos da terceira idade. Recomendações como se movimentar e permanecer
ativos, a mobilidade é a chave para manter-se jovem, são importantes, pois nada pior do que a
imobilidade para envelhecer rapidamente.
Os benefícios da atividade física para idosos são inúmeros, esses
benefícios abrangem desde o campo físico até o social: aumento da capacidade aeróbia; aumento na ventilação voluntária; melhora na flexibilidade; melhora na resistência muscular
localizada; aumento do conteúdo de minerais ósseos; diminuição da resistência vascular;
melhor tolerância à glicose; redução da concentração de lipídios; melhora do estado de ânimo,
aumento da vitalidade e melhora significativa da qualidade de vida.
Embora o hábito de atividade física regular possa estender o
ciclo vital de uma pessoa em 1 a 2 anos, um benefício muito mais importante do exercício é o
aumento de 6 a 10 anos na expectativa de vida ajustada à qualidade. As conseqüências
práticas imediatas do aumento da qualidade de vida incluem relatórios de maior bem-estar,
uma melhora da auto-estima e sensação de auto-eficácia, bem como uma redução do risco de
ansiedade e depressão.
Podem ocorrer possíveis efeitos negativos da
atividade física, sendo que, esses efeitos podem ser pequenos ferimentos, dores nas
articulações e até mesmo, problemas cardíacos graves, na maioria das vezes, causados por:
uma condição física insuficiente no início da prática da atividade física, uma má adaptação do
tipo de atividade física à pessoa, uma má dosagem do exercício, ou ainda a utilização de
material de má qualidade (calçados, por exemplo).
A elaboração de um programa de atividade física para a terceira idade deve levar
basicamente em consideração o preparo, para que o idoso possa cumprir
suas necessidades básicas diárias impostas pelo cotidiano.
Conforme as diretrizes do ACMS, a prescrição de
exercício para idosos aponta que, os princípios gerais da prescrição se aplicam aos adultos de
todas as idades. As adaptações relativas ao exercício também são semelhantes às dos outros
grupos etários. A melhora percentual no VO2máx. de pessoas idosas é comparável àquela
relatada na população mais jovem. Lamentavelmente, a inatividade física é mais comum no
idoso que em qualquer outro grupo etário e pode contribuir para a perda de independência na
idade avançada. Os componentes particularmente importantes da prescrição do exercício
incluem aptidão cardiovascular, treinamento de resistência e flexibilidade.
O processo de envelhecimento traz alterações da força, portanto a força máxima de uma pessoa, geralmente bem acima das demandas
diárias no início da vida, diminui de forma constante com o envelhecimento. Por exemplo, a
capacidade de mudar da posição sentada para a posição em pé é comprometida em torno dos
50 anos e, por volta dos 80 anos, essa tarefa torna-se impossível para algumas pessoas. Estes
autores acrescentam que, os adultos mais velhos são tipicamente capazes de participar de
atividades que exigem apenas quantidades moderadas de força muscular.
Podem ocorrer várias conseqüências do envelhecimento na realização da
atividade física, em nível articular, as mudanças degenerativas e a falta de uso limitam a
mobilidade. Sem um programa de exercício adequado, é possível que algumas pessoas
apresentem uma diminuição da amplitude do movimento articular tanto em flexão e extensão.
Isso implicará progressiva anquilose de difícil resolução. A diminuição de movimentos
articulares, sobretudo nos joelhos e nos quadris, levará à um caminhar instável e, portanto, a
um maior risco de quedas.
A perda de força e de massa muscular com o
envelhecimento, também denominada, sarcopenia do envelhecimento, é uma condição com
alta prevalência entre idosos e influencia o surgimento de várias adversidades, incluindo
incapacidade, institucionalização e mortalidade. Neste artigo de revisão, os autores
concluíram que, a aceleração da apoptose (morte celular programada) das fibras musculares
pode representar o mecanismo-chave para o entendimento da sarcopenia.
Também num estudo de revisão, porém, sobre os efeitos de
diferentes modalidades esportivas e de treinamento de força na remodelação óssea, discutiram
as possíveis relações na densidade mineral óssea (DMO) com a força muscular e a
composição corporal. Concluíram que, a determinação de qual o tipo de atividade física seja a
ideal para aumentar o pico de massa óssea na adolescência, ou mesmo mantê-la após a vida
adulta, é muito importante para a prevenção e o possível tratamento da osteoporose, cuja
incidência ocorre principalmente em mulheres pós-menopáusticas. Além disso, as associações
da DMO com a força muscular e a composição corporal sugerem que a prescrição de um
treinamento que vise melhorar esses parâmetros pode ter um efeito benéfico na DMO.
A tendência de aumento na expectativa de vida certamente representará incrementos
na morbidade e na mortalidade em eventos relacionados à osteoporose. Os efeitos de um programa de treinamento na força muscular do tornozelo, no
equilíbrio funcional e na marcha de mulheres com diagnóstico densitométrico de osteoporose.
Contando com uma amostra de doze mulheres voluntárias (idade 68,72,7) foram
submetidas à avaliação física e posteriormente, reavaliadas após doze semanas. Cada sessão
de 60 minutos, 3 vezes por semana, incluiu alguns exercícios de alongamento, fortalecimento
muscular dos músculos flexores plantares e dorsiflexores do tornozelo, com 50% de 10-
repetições máximas e treino de equilíbrio. As variáveis relacionadas ao índice de equilíbrio, à
velocidade da marcha e à força muscular apresentaram melhoras significativas (p 0,05)
analisadas por meio do teste não paramétrico de Wilcoxon. Portanto, programas de atividade física são eficientes para melhorar o equilíbrio funcional, a velocidade da marcha e a força
muscular do tornozelo de mulheres idosas portadoras de osteoporose.
Os efeitos de 12 semanas de treinamento de força
sobre a força muscular em mulheres idosas funcionalmente autônomas, mas sem experiência
prévia com este tipo de treinamento. Trinta e cinco mulheres com 62 a 77 anos de idade
passaram por anamnese e teste de esforço com ECG. A casuística contou com 19 indivíduos. Foram realizadas, duas vezes por semana durante 12 semanas, duas
séries de 10 repetições máximas (RM) em exercícios para membros inferiores (“leg-press”) e
superiores (supino reto). Conclui-se que o TF pode apresentar resultados positivos em idosas
com bom nível de independência funcional. A possibilidade de estes ganhos ocorrerem em
treinamentos de prazo mais longo, todavia, revela-se duvidosa.
Realizaram um estudo com a intenção de avaliar a força muscular de
idosos em função do método de avaliação, participantes de um programa complementar de
atividade física durante seis meses e contaram com uma amostra de dezenove idosos (12
mulheres e sete homens) com idade média de 68,7 4,2 anos. A força muscular foi avaliada
isotônica e isocineticamente em quatro períodos distintos: inicial (“baseline”), intermédio
(três meses após), final (seis meses após) e destreino (um mês após término da atividade). Os
autores concluíram que um programa complementar de atividade física parece ser
suficientemente intenso e específico para induzir melhorias na força muscular de idosos
independentes. No entanto, a magnitude de resposta de adaptação e desadaptação após treino
e destreino é dependente do método de avaliação utilizado.
Identificar a quantidade ideal de atividade física é fundamental para que se possa
orientar práticas coerentes em relação à quantidade, intensidade e freqüência, bem como
construir programas de intervenções para minimizar e controlar os problemas relacionados
com o declínio funcional em idosos. Dentre os métodos e técnicas, os questionários têm sido
os mais empregados para avaliar a atividade física e o gasto energético. Num estudo de
revisão real, foi concluído que os questionários BAECKE e IPAQ
são os únicos traduzidos e validados para a língua portuguesa, e o IPAQ foi o que pareceu
apresentar as melhores condições para ser aplicado em idosos brasileiros. Assim, dentre os
questionários que avaliam o nível de atividade física em populações idosas no Brasil,
verificou-se que apresentam boa reprodutibilidade, mas baixa validade.
Num estudo com o objetivo de determinar o nível de
reprodutibilidade e validade concorrente do questionário internacional de atividades físicas
(IPAQ, versão 8, forma longa, semana usual) avaliaram o nível de atividades físicas realizadas por idosas, com tempo recordado de uma semana usual. A amostra do estudo foi
composta por 41 mulheres, com idade média de 67 anos. Foram realizadas duas aplicações do
IPAQ num intervalo de 15 dias, e o nível de atividades físicas foi estimado mediante
utilização de sensores de movimento (pedômetros) e de um diário de atividades físicas (DAF).
Ao comparar as medidas do IPAQ com as que foram obtidas com o DAF, os índices de
correlação encontrados foram superiores (K=0,37; rho=0,54). Concluíram que, consideradas
as evidências disponíveis sobre o assunto e as limitações do estudo, o IPAQ apresenta bom
nível de reprodutibilidade e nível moderado de validade concorrente contra as medidas de
referência adotadas.
Com a intenção de analisar e compreender o desempenho motor
de idosos fisicamente independentes na realização das atividades de vida diária, realizaram
um estudo onde participaram 30 idosos fisicamente independentes, com idade média de 68,7
anos, participantes do PAAF (Programa Autonomia para Atividade Física) da Escola de
Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo. As autoras tiveram como objetivo
validar uma bateria de testes de atividades da vida diária. Os resultados apontaram que os
testes relacionados à capacidade funcional de idosos fisicamente independentes devem
enfocar as atividades de locomoção sugeridas pelos participantes do estudo como: caminhar,
sentar e levantar-se, subir escadas, subir degraus, levantar-se do solo. E também, atividades
diárias de habilidades manuais e de auto-cuidado, como calçar meias.
2.3 MÉTODO PILATES
O Método Pilates baseia-se no fortalecimento do
centro de força, expressão que denomina a circunferência do tronco inferior, a estrutura que
suporta e reforça o resto do corpo. O segundo pilar do método é aplicação dos seis princípios
básicos fundamentais: concentração, controle, centro, fluidez nos movimentos, respiração e
precisão. Cada exercício foi concebido para integrar estes princípios. É necessário incorporar
os princípios de uma forma correta e trabalhar os conceitos fundamentais até fluírem de forma
natural e se converterem em hábitos.
A respeito do princípio da concentração, é necessário que o praticante se concentre nos movimentos corretos
cada vez que executar os exercícios, para que não os faça impropriamente e, desta forma,
perca todos os seus benefícios.
A respeito de que, o treinamento
básico com os exercícios de Pilates requerem suporte e controle do tronco em conjunto com
movimentos dinâmicos das extremidades. Centralização e equilíbrio estão sempre envolvidos.
Sobre o princípio da fluidez, comparam o Método Pilates com a
Dança, afirmando que o Método Pilates é como uma perfeita peça de dança coreografada, e,
para ser executada com graça, significa executar os movimentos com precisão. Cada
movimento ou exercício tem um ponto específico onde inicia e onde finaliza.
Em relação ao princípio que envolve a respiração, Pilates afirmou
que “antes de qualquer benefício alcançado com o uso do método a pessoa necessita aprender
a respirar corretamente, e que essa é uma conquista mais difícil do que se pode pensar. E
esclareceu que a respiração correta seria a inalação e exalação completa do ar, ou seja, então,
aperte cada átomo de ar de seus pulmões até que eles estejam tão vazios como o vácuo”.
Em relação ao princípio da precisão, para manter a
correta colocação das partes do corpo é fator determinante para nossa saúde e bem-estar, e
está intimamente relacionada à nossa postura. Para que isso aconteça a mente deve estar alerta
a cada movimento. E utilizar-se de poucas repetições de cada exercício e uma execução de
qualidade.
O princípio do controle é que cada
movimento executado deve ser meticulosamente calculado e planejado, pois é desta maneira
que o Método Pilates consegue reduzir o risco de lesão durante a atividade física, preparando
o corpo para as atividades diárias da mesma forma que um atleta se prepara para um evento
esportivo.
O sistema básico do Método Pilates, inclui um
programa de exercícios que fortalecem a musculatura abdominal e paravertebral, bem como
os de flexibilidade da coluna, além de exercícios para o corpo todo. Já no sistema
intermediário-adiantado são introduzidos, gradualmente, exercícios de extensão do tronco,
além de outros exercícios para o corpo todo, procurando melhorar a relação de equilíbrio
agonista-antagonista.
Além dos exercícios realizados em decúbito ventral e dorsal, sentado, ou em pé,
Pilates também criou equipamentos específicos compostos por molas a fim de desenvolver o
seu método.
Os equipamentos foram elaborados para
auxiliar a execução dos exercícios de solo, além de restabelecer as principais fraquezas das
pessoas, como a falta de conexão com o centro de força (cuja indicação mais evidente são os
músculos abdominais “saltados” para fora), costelas abertas em excesso devido às retificações
e compensações na região torácica, falta de mobilidade entre os segmentos vertebrais,
restrições de movimentos na articulação coxo-femoral, rigidez, encurtamento dos músculos
flexores do quadril e extensores da coluna lombar, excessiva tensão nas áreas da cintura
escapular, e dificuldade para dissipar esta tensão. Os equipamentos de Pilates são
considerados muito criativos e originais, apesar da aparência arcaica que apresentam e de
alguns nomes assustadores como Guilhotina e Cadeira Elétrica. Não podemos deixar de
lembrar que eles foram desenvolvidos durante a Primeira Guerra Mundial, e talvez por esse
motivo a inspiração tenha vindo destes antigos aparelhos de tortura.
Os aparelhos mais utilizados são: reformer, cadillac ou trapézio, cadeiras, barris e
unidade de parede. Além de acessórios utilizados nos espaços que oferecem o Método Pilates,
como: magic circle, bolas suíças (que não foram utilizadas originalmente por Pilates),
elásticos, borrachas e halteres.
A pesquisa médica vem esclarecendo cada vez mais a importância dos músculos
estabilizadores. Um exemplo, quando precisarmos retirar
um livro de uma prateleira alta, não utilizamos primeiro a mão nem o ombro, mas os
músculos posturais profundos, os quais estabilizam a espinha lombar, fazendo com que uma
vértebra não se afaste muito de suas vizinhas. Esses músculos são o transverso do abdômen e
um músculo posterior profundo denominado multífido. Eles formam um colete ou cinto
natural de força em torno do centro do corpo de forma que o movimento possa ocorrer com
facilidade, estabilidade e segurança.
O desequilíbrio entre a função dos músculos extensores e flexores do tronco, é um
forte indício para o desenvolvimento de distúrbios da coluna lombar. O efeito do Método Pilates sobre a função de extensores e flexores do
tronco de 20 pessoas (16 mulheres com idade média de 34,06: quatro homens com
idade média de 34,06 com habilidade para executar os exercícios do nível
intermediário-avançado, que completaram 25 sessões durante 12 semanas. Os voluntários
foram submetidos ao teste isocinético de avaliação da flexão e extensão do tronco no início e ao final do período de treinamento. Os autores deste estudo, concluíram que o Método Pilates
(nível intermediário-avançado) mostrou-se uma eficiente ferramenta para o fortalecimento da
musculatura extensora do tronco, atenuando o desequilíbrio entre a função dos músculos
envolvidos na extensão e flexão do tronco.
Com o objetivo geral de analisar os
aspectos motivacionais que levam a prática do Método Pilates e identificar se estes aspectos
estariam relacionados a fatores da saúde, sociais e/ou estéticos. Com uma amostra de 16
indivíduos adultos, de ambos os sexos, praticantes do Método Pilates, foi utilizado um
questionário adaptado de Scalon com 15 itens durante a coleta de dados. Os resultados
apresentados indicaram que, o principal aspecto motivacional, para a grande maioria da
amostra, foi a busca por uma melhora na qualidade de vida. A melhora nas habilidades físicas
e o fator “aliviar tensões e relaxar”, também foram elementos motivadores que se destacaram
na busca desta prática na amostra estudada. Os fatores que tiveram um maior percentual de
respostas no item muito importante estão relacionados aos aspectos estéticos e de saúde.
Para avaliar a influência do Método Pilates na flexibilidade de mulheres adultas, realizaram um estudo, e, utilizaram uma amostra composta por 10 mulheres, com
idade média de 42,5 ± 16,01 anos, que mantiveram uma regularidade de duas sessões
semanais, num período de oito meses. Durante a realização da coleta de dados, foram
utilizadas algumas posturas do Flexiteste, que avaliaram a flexibilidade de membros
inferiores, superiores e tronco. Após a análise e discussão dos resultados considerou-se que a
metade da amostra apresentou melhora na flexibilidade no movimento de flexão do tronco e a
metade permaneceu com a mesma pontuação na sua flexibilidade. Em relação à extensão do
tronco a maioria permaneceu com a mesma pontuação nas duas avaliações realizadas. No
movimento de flexão do quadril 40% da amostra obteve um aumento em sua flexibilidade e
60% permaneceu igual. E no movimento de extensão do quadril a maioria da amostra obteve
melhora na sua flexibilidade. A maioria da amostra estudada obteve melhora no movimento
de extensão ou adução posterior do ombro. Em relação ao movimento de extensão posterior
do ombro a maioria permaneceu com a mesma pontuação em sua flexibilidade. Conclui-se
que a maioria das participantes deste estudo, após oito meses de prática do Método Pilates
mostraram-se corporalmente mais flexíveis.
Num estudo retrospectivo, a partir de dados obtidos do centro de
avaliação física do Studio GR Pilates - Porto Alegre/RS foi realizada uma análise com
objetivo de verificar a influência do Método Pilates na composição corporal de praticantes do
sexo feminino em idade adulta. Foram utilizadas as medidas das seguintes dobras cutâneas: do peitoral, abdômen, coxa, tríceps, supra-ilíaca, subescapular e axilar média, e ainda como
medidas: o percentual de gordura, o peso, a estatura, o peso gordo, magro, ósseo e muscular e
o Índice de Massa Corporal de uma amostra composta por nove mulheres, com idade média
de 36 ± 12,37 anos, praticantes do Método Pilates, que mantinham uma regularidade de duas
sessões por semana. Foi realizada a avaliação antropométrica e utilizado o método
antropométrico baseado no protocolo da ISAK (International Society of the Advancement of
Kinanthropometry). Após análise e discussão dos resultados acredita-se que o Método Pilates
influenciou na composição corporal de mulheres adultas, no aumento do peso muscular, da
massa magra e o do IMC, apresentando diferenças significativas entre a primeira e segunda
etapa de coleta de dados. O percentual de gordura, o peso gordo e o peso ósseo não sofreram
alterações entre as duas etapas de análise dos dados; e, em relação às dobras cutâneas destaca-
se que a dobra do tríceps apresentou diminuição com diferença significativa.
Num estudo observacional sobre os efeitos do
treinamento do Método Pilates na composição corporal e flexibilidade de adultos a partir de
uma amostra de quarenta e cinco mulheres e dois homens (com idade média de 41,5 anos),
foram aferidas as medidas das distâncias “fingerip-to-floor”, os percentuais de massa magra
pelo método de bioimpedância elétrica, e, também, o estado de saúde através do Questionário
da Academia Americana de Cirurgias Ortopédicas. Após a análise dos dados, os autores
concluíram que não houve nenhuma mudança estatisticamente significativa na massa magra,
no peso ou nos outros parâmetros da composição corporal, porém, o treinamento do Método
Pilates melhorou a flexibilidade do grupo estudado.
Através da prática regular do Método Pilates, “o indivíduo
redescobre seu próprio corpo com mais coordenação, equilíbrio e flexibilidade.
Independentemente da idade, qualquer pessoa pode ser beneficiada por esse método que
melhora a qualidade de vida e oferece resultados rápidos”.
Porém, as mudanças no sistema musculo-esquelético relatadas com o envelhecimento
são inevitáveis. Perda de massa muscular (sarcopenia), disfunções posturais, redução no ciclo
da marcha, e perda do controle do equilíbrio estático são conseqüências das mudanças
musculoesqueléticas que ocorrem durante o processo natural de envelhecimento. Alguns autores sugerem que exercícios baseados no Método Pilates, que é um método popular de
melhora da força do torso, oferecem outros benefícios incluindo mobilidade na coluna
vertebral e nas articulações, e ainda propriocepção, equilíbrio e treinamento de coordenação.
Idosos que incluírem exercícios baseados no Método Pilates terão benefícios ao integrarem
nos seus programas tradicionais de treinamento de força e equilíbrio.
3 MÉTODO
Este estudo pode ser classificado como um “ensaio clínico
controlado não-randomizado, pois houve apenas o grupo de tratamento ou de intervenção. E,
portanto não ocorreu nenhum processo aleatório de análise dos dados, somente calculadas as
médias do grupo de tratamento.
4 RESULTADOS
Neste capítulo serão apresentados os resultados do estudo. Nas tabelas foram
apresentados as médias, os desvios-padrão e as diferenças do grupo em relação ao período pré
e pós treinamento com o Método Pilates. Foram consideradas estatisticamente significantes as
diferenças que apresentaram uma chance menor do que 5% de terem ocorrido ao acaso (p <
0,05).
4.1 RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO INTERNACIONAL DE ATIVIDADE FÍSICA
Verificam-se os resultados referentes às respostas das participantes
medidas pelo instrumento IPAQ, com um período de recordação de uma semana usual, numa
entrevista individual gravada. Este instrumento tem domínios de atividades físicas
relacionadas a Trabalho, Locomoção ou Transporte, e Lazer. E, este questionário é composto
por um total de 14 perguntas.
Não houve mudanças estatisticamente significativas no somatório geral dos domínios
de interesse deste questionário. Houve somente no domínio de atividades físicas relacionadas
às atividades domésticas.
4.2 NÍVEIS DE ATIVIDADE FÍSICA POR INDIVÍDUO
Na tabela 2 percebe-se que apesar de não ter sido demonstrado uma diferença
significativa em relação ao nível de atividade física de cada participante, onde foi utilizado o
teste de MecNemar para amostras pareadas, sendo que o indivíduo foi comparado pelo seu
próprio escore, ocorreu a seguinte alteração após o treinamento com o MP: quatro idosas com
índice médio passaram para o nível alto de atividade física e uma com índice baixo passou
para o nível médio. As outras idosas permaneceram com mesmo índice.
4.3 RESULTADOS DA BATERIA DE TESTES DE AVDs
Como podem ser observados na tabela 3, os resultados apresentados nos testes que
compõem a Bateria de Atividades da Vida Diária para Idosos Fisicamente Independentes que
simula Atividades da Vida Diária, houve significância estatística em todos os testes
realizados.
5 DISCUSSÃO
Os benefícios da atividade física regular vêm sendo propagados para a população em
geral, porém em especial na população idosa. Esses benefícios vão além de alguns objetivos
estéticos procurados pela população mais jovem.
Embora o hábito de atividade
física regular possa estender o ciclo vital de uma pessoa em 1 a 2 anos, um benefício muito
mais importante do exercício físico é o aumento de 6 a 10 anos na expectativa de vida
ajustada à qualidade. Ocorrendo ainda conseqüências práticas imediatas do aumento da
qualidade de vida que incluem relatos de maior bem-estar, melhora da auto-estima e sensação
de auto-eficácia, bem como uma redução do risco de ansiedade e depressão. Essa sensação de
auto-eficácia, de qualidade é reforçada por alguns autores, ao proporem que a aptidão física,
quando relacionada à saúde, envolve componentes associados ao estado físico, psicológico e
social, seja nos aspectos de prevenção e redução dos riscos de doenças, como também pela
maior disposição para as atividades de vida diária.
É importante salientar que o processo de envelhecimento é um processo natural, mas
que, traz alterações da força. A força máxima de uma pessoa,
geralmente está bem acima das demandas diárias no início da vida, diminuindo de forma
constante com o envelhecimento. Por exemplo, a capacidade de mudar da posição sentada
para a posição em pé é comprometida em torno dos 50 anos e, por volta dos 80 anos, essa
tarefa torna-se impossível para algumas pessoas. Estes autores acrescentam que os adultos
mais velhos são tipicamente capazes de participar de atividades que exigem apenas
quantidades moderadas de força muscular.
A importância dada pelos idosos em relação ao seu nível de independência para as
atividades cotidianas foi pesquisada, tendo como amostra um grupo de
terceira idade que participou de uma análise qualitativa na cidade de Viçosa, Minas Gerais.
Este estudo detectou que a possibilidade de executar as atividades de vida diária, sem
necessitar da interferência ou influência de outras pessoas, está relacionada com a percepção
de qualidade de vida, tendo em vista o sentimento de autonomia e saúde.
A importância dos músculos estabilizadores é exemplificada
ao afirmar que se precisarmos retirar um livro de uma prateleira alta, não utilizamos primeiro
a mão nem o ombro, mas os músculos posturais profundos, os quais estabilizam a espinha
lombar, fazendo com que uma vértebra não se afaste muito de suas vizinhas. Esses músculos são o transverso do abdômen e um músculo posterior profundo denominado multífido. Eles
formam um colete ou cinto natural de força em torno do centro do corpo de forma que o
movimento possa ocorrer com facilidade, estabilidade e segurança.
Em relação ao Método Pilates, “é um sistema de exercícios
que possibilita maior integração do indivíduo no seu dia–a–dia. Trabalha com o corpo como
um todo, corrige a postura e realinha a musculatura, desenvolvendo a estabilidade corporal
necessária para uma vida mais saudável e longeva”. A mesma autora acredita também que
através da prática regular do Método Pilates, “o indivíduo redescobre seu próprio corpo com
mais coordenação, equilíbrio e flexibilidade. Independentemente da idade, qualquer pessoa
pode ser beneficiada por esse método que melhora a qualidade de vida e oferece resultados
rápidos”.
Não podemos deixar de citar que antes de qualquer discussão sobre os resultados neste
estudo e sobre os possíveis benefícios da prática regular do Método Pilates para a população
idosa, a amostra estudada era composta por um grupo privilegiado, pois as integrantes
estavam matriculadas em oficinas de aquisição de novos conhecimentos numa Universidade
da Terceira Idade. Fato relevante este, pois não reflete a realidade sócia-econômica da grande
parcela de mulheres idosas brasileiras. Sendo assim, justificou o interesse latente pelas novas
tecnologias demonstrado durante as aulas pelas participantes deste estudo, sendo relatada uma
curiosidade latente pelo Método Pilates, devida talvez à divulgação midiática.
A amostra nesta pesquisa foi composta 100% por mulheres com mais de 65 anos, estas
com idades entre 65 a 74 anos, com idade média de grupo de 68,13 anos.
Durante o planejamento deste estudo houve a preocupação de que a amostra fosse
composta por senhoras que não estivessem praticando qualquer outro tipo de atividade física
durante o período de intervenção, por esse motivo foram convidadas somente senhoras
inscritas em atividades que não exigisse esforço físico. Foram excluídas senhoras interessadas
em participar deste estudo que participavam de modalidades oferecidas pela Universidade de
Caxias do Sul, Universidade da Terceira Idade, como por exemplo, hidroginástica,
musculação, meditação ativa, pilates, yoga, atividades rítmicas, jogos adaptados a idosos e
jardinagem. E, também durante os contatos telefônicos foram excluídas as senhoras que
declararam praticar com regularidade exercícios físicos orientados em clubes, academias e
condomínios residenciais.
Até o presente momento, na revisão da literatura via LILACS (Literatura
Latinoamericana e do Caribe em Ciências da Saúde) e via SCIELO (Scientific Eletronic
Library Online) foram encontrados estudos com grupos de jovens atletas, adultos e gestantes, e também com experientes praticantes do Método Pilates, mas nenhum estudo
relacionado com o Método Pilates e Envelhecimento Humano.
Foi encontrado somente um estudo publicado, numa revista especializada em geriatria, onde os autores sugerem que, os idosos que incluírem exercícios
baseados no Método Pilates terão benefícios ao integrarem nos seus programas tradicionais de
treinamento de força e equilíbrio. Porém, este artigo não exemplifica, nem enumera ou
quantifica nenhum dado que poderia tentar comprovar algum tipo de benefício relatado ou
relacionado ao Método Pilates.
Para analisar a influência do Método Pilates nas atividades de vida diária de mulheres
com mais de 65 anos após um treinamento de doze semanas, primeiramente foi necessário
avaliar o nível de atividade física regular semanal, antes do treinamento proposto. Para isso,
foi utilizado o Questionário Internacional de Atividade Física, o IPAQ, versão 8, forma longa,
semana usual, para idosos brasileiros. No IPAQ quanto
maiores os escores de dispêndio calórico que são medidos nos diferentes domínios, por mets
(medida de dispêndio calórico), maior é o nível de atividade física do individuo que pode ser
categorizado nível baixo, médio ou alto. Cada resposta tem um valor equivalente em mets
(para cada tipo de atividade) em cada domínio e estas foram multiplicadas e computadas
conforme a freqüência (dias por semana) e pelo tempo gasto em minutos nas atividades
correspondentes (em minutos).
Verificam-se os resultados referentes às respostas das participantes
medidas pelo instrumento IPAQ, com um período de recordação de uma semana usual numa
entrevista individual gravada. Nos domínios de atividades físicas relacionadas a Trabalho,
Locomoção ou Transporte e Lazer não houve mudanças estatisticamente significativas, assim
como no somatório geral dos domínios de interesse deste questionário.
O tempo declarado pelas participantes na posição sentada em minutos por semana
usual nas atividades de vida diária subiu de 1446,36 minutos para 1565,45 minutos,
demonstrando um acréscimo no nível de sedentarismo semanal de 119, 09 minutos. Este
índice de sedentarismo não é categorizado, mas evidencia um aumento equivalente e
coincidentemente a quase duas sessões do MP. As idosas entrevistadas referiram-se a
atividades na posição sentada como: tempo para alimentar-se, assistir televisão, realizar
trabalhos manuais, leitura, uso de computadores e tempo em gasto para locomover-se na
posição sentada, ou seja, dirigindo ou durante o uso de transporte coletivo.
Porém, especificamente no domínio de atividades físicas relacionadas a atividades
Domésticas, houve uma diferença significativa no tempo gasto com estas atividades, e por consequência no dispêndio calórico, onde a média inicial do grupo era de 896,36 mets/semana
usual e após o treinamento com o Método Pilates resultou numa média de 1384,32
mets/semana usual, e, portanto com um acréscimo de 487,95 mets/semana.
Esta diferença talvez reflita questões sociais impregnadas na cultura das mulheres
idosas, onde o tempo gasto com atividades para manutenção do ambiente em que vivem,
como limpo e organizado, seja de grande importância para a percepção da mulher idosa como
autônoma e ainda capaz de administrar o seu lar. Este estudo não aprofundou características
sócio-econômicas, como situação de trabalho, ou seja, se a participante ainda trabalhava, ou
era aposentada, ou ainda, qual o grau de escolaridade das participantes. O enfoque desta
pesquisa se deu na realização das atividades da vida diária.
Durante a validação de uma bateria de testes de atividades da vida diária, os resultados
encontrados apontaram que os testes relacionados à capacidade
funcional de idosos fisicamente independentes devem enfocar as atividades de locomoção
sugeridas pelos participantes do estudo como: caminhar, sentar e levantar-se, subir escadas,
subir degraus, levantar-se do solo. E também, atividades diárias de habilidades manuais e de
auto-cuidado, como calçar meias.
Neste estudo foi utilizado o mesmo protocolo e os resultados após o treinamento de
doze semanas com o MP, sendo dos testes que compõem a Bateria
de Atividades da Vida Diária para Idosos Fisicamente Independentes que simula Atividades
da Vida Diária, apresentaram significância estatística em todos os testes realizados.
Na tentativa de comparar os resultados encontrados neste estudo com a literatura
existente, realizaram uma pesquisa semelhante a esta, porém na modalidade
de intervenção a Musculação. Estes estudiosos contaram com oito indivíduos (três homens e
seis mulheres), com idade variando de 55 e 80 anos que praticavam musculação há cinco
meses no projeto AFRID-FAEFI-UFU. O treinamento de força foi de oito semanas, com três
sessões semanais de 60 minutos. Encontraram, também, resultados significativos nos testes
aplicados: “caminhar/correr 800m”, (p:0,019); “sentar-se e levantar-se da cadeira e
locomover-se pela casa”, p = 0,024 e o teste “subir escadas”, p = 0,04.
Mas, neste estudo, os testes com maior significância com um valor de p<0 de="" foram="" os="" span="" testes="">“caminhar/correr 800m”; “sentar-se e levantar-se da cadeira e locomover-se pela
casa” e o teste “subir escadas”.
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Ainda, no presente estudo, outros testes também apresentaram significância, como no
teste “levantar-se do solo” (p:0,001); teste de “calçar meias” (p: 0,004). Mas, ao compararmos
novamente ao estudo de Arantes e Costa55, os mesmo testes “levantar-se do solo” (p: 0,01); teste “calçar meias” (p: 0,04), que também foram significativos, podemos observar que na
intervenção com o Método Pilates, do presente estudo, os resultados ainda demonstraram
maior significância estatística.
Devemos ressaltar que tanto as intervenções “Musculação” e “Método Pilates”
utilizam princípios do treinamento de força e que estas técnicas são relevantes ao cotidiano do
idoso, quando medido o tempo de realização das atividades de vida diária, e que quando
comparados os cinco testes citados acima, o Método Pilates demonstrou continuamente
resultados com maior significância estatística em relação ao estudo que utilizou a Musculação
como intervenção.
Finalmente, dos últimos testes analisados, neste estudo, os testes “habilidades
manuais” (p:0,004) e o teste de subir degraus (p:0,007) demonstraram resultados
surpreendentes, e principalmente nos testes de “habilidades manuais”, uma melhora
inesperada tendo em vista que não foi praticado qualquer tipo de exercício físico de
manipulação ou de treinamento óculo-manual durante o período de intervenção além do
simples uso de halteres somente nas duas primeiras semanas nos exercícios pré-pilates, fato
este que não justificaria uma relação com os resultados apresentados neste teste.
Porém uma característica essencial de qualquer sessão do MP é o princípio da
concentração durante a realização dos exercícios, e em específico na tábua utilizada para as
habilidades manuais foi exigido além de coordenação óculo-manual também de atenção e
concentração por parte da voluntária para a realização correta de todo o teste.
O MP tem por característica a exigência durante a execução dos seus movimentos
específicos dos músculos abdominais, dos músculos estabilizadores da coluna vertebral,
iliopsoas, quadríceps, também da região lombossacral e do assoalho pélvico, o que talvez
justifique a melhora considerável nestes testes que tem por características as valências
envolvidas na sua execução como força muscular nos membros inferiores, equilíbrio e
surpreendentemente capacidade aeróbia, possivelmente por uma melhora no tônus muscular
resultando numa resistência muscular melhorada, diminuindo a fadiga muscular durante a
realização destas tarefas resultando num menor tempo hábil para executá-las.
CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos neste estudo, após um período de doze semanas de
treinamento com o MP, podemos afirmar que para o grupo deste estudo, houve uma melhora
significativa e, portanto, o treinamento com o MP influenciou positivamente numa diminuição
do tempo para a realização das AVDs.
Este estudo não teve a pretensão de mudar num curto período de tempo, de doze
semanas, todo um comportamento e atitude em relação à prática de atividade física regular no
cotidiano das participantes. E, como foi percebido nos resultados do Questionário
Internacional de Atividade Física, as valências físicas melhoradas durante o período de
treinamento foram transportadas somente para as atividades domésticas.
Durantes as aulas foi sempre enfatizada e incentivada à importância de manter um
modo de vida ativo, um envelhecimento saudável, onde os níveis de independência na velhice
estão intrinsecamente envolvidos com o estado de saúde geral, para isto, a atividade física é
uma ferramenta valiosa para a manutenção da saúde.
As questões relacionadas aos níveis de independência são mais complexas e atingem
um ponto crucial na condição humana que é a dignidade. Não é o tempo cronometrado para a
realização das atividades da vida diária que determina o quão dependente o idoso está, mas
sim a segurança com que este indivíduo realiza as suas tarefas cotidianas.
Porém a agilidade, destreza, habilidade, refletem no ritmo ou velocidade com que
essas tarefas são realizadas. Como essas variáveis são mais subjetivas o tempo de realização
foi escolhido para tentar determinar de forma exata essas competências.
Infelizmente não podemos deixar de citar que muitas vezes não é respeitado o ritmo do
idoso que sofre por muitas situações de segregação social desde o momento que tentar subir
num ônibus, durante uma fila num banco, ao tentar utilizar o caixa eletrônico, em escadas
rolantes, assim como em outras situações embaraçosas relatadas pelas participantes deste
estudo.
Apesar das limitações dos testes físicos, estes foram úteis e demonstraram excelentes
resultados, reforçando o que a literatura existente já propagava sobre os possíveis benefícios
da prática regular do MP no cotidiano do praticante.
Entretanto, este estudo foi inédito tendo como tema a utilização do Método Pilates
numa população idosa brasileira, o que demonstra uma literatura restrita a outras faixas etárias. O que torna necessários outros estudos que privilegiem as características do
Envelhecimento Humano e todas as possibilidades de pesquisa que o Método Pilates abrange,
inclusive em estudos interdisciplinares, tanto de caráter qualitativos e/ou quantitativos.
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