domingo, 25 de setembro de 2011

Pergunta..... Como é realizado um tratamento pelo Método GDS ?


Regularmente recebo a seguinte pergunta: Como é realizado um tratamento pelo Método GDS ?


Por esta razão, resolvi postar um pequeno resumo.


O método GDS trabalha com o conceito de que nossa atitude postural e a forma de nosso corpo deriva de uma multiplicidade de fatores, desde a genética até o psiquismo e o comportamento. Estes fatores fazem parte da natureza humana e globalidade não está restrita somente aos aspectos biomecânicos. Essa é a razão de ser difícil resumir e citar o que é o mais importante no Método.

Para começar a entender o Método deve-se saber que Godelieve Struyf definiu seis famílias de músculos (AM, PM, PA, AP, AL, PL) que dão ao corpo a possibilidade de se expressar. A cada uma destas famílias corresponde uma tipologia psicocorporal presente em todos os seres humanos em proporções variadas. Entretanto, elas podem, em consequência de uma constância de tensão, aprisionar o corpo em uma determinada tipologia, dificultando sua adaptabilidade mecânica e comportamental e tornando-se, então, fonte de sofrimento. Neste momento, configuram-se no corpo os encadeamentos musculares. A proposta do Método GDS é a leitura precisa dessa linguagem a fim de determinar os meios de desfazer essa prisão muscular para que o corpo possa reencontrar a liberdade de movimentos e de expressão.

A partir da avaliação da PULSÃO PSICOCORPORAL (corresponde ao modo de funcionamento do momento. Fala de uma motivação. Ex: Um modo de funcionamento PM fala de uma necessidade de ação, PA ideal, AM afeto), do POTENCIAL DE BASE (São as predisposições de preenchimento. Refere-se ao tamanho e a qualidade dos potenciais PM, PA e AM) e da leitura das MARCAS morfológicas (úteis, aceitáveis ou desorganizantes caso não preenchamos o potencial de base), podemos delimitar o TERRENO de predisposições associados a queixa do paciente.

Godelieve Struyf lembra que estas informações não servem para rotular o indivíduo, uma vez que pulsão, potencial e marcas só servem para para entender quais as ferramentas que o paciente nos fornece e qual o melhor caminho para iniciar a relação terapêutica.

Entre as estratégias biomecânicas, utilizamos a da ESTRELA que tem o objetivo de ajustar o controle das cadeias no que chamamos de penta-coordenação. Isso demonstra que o Método foge do binômio alongar-fortalecer. Da estratégia da ESTRELA deriva a do TRIÂNGULO que busca sempre a relação entre três cadeias, sendo que a causal é colocada no ápice do triângulo. Desta forma podemos entender quem está em carência e quem está em sofrimento. Isso facilita entender como muitas vezes a causa está longe do sintoma. A estratégia da LEMNISCATA é utilizada com o objetivo de regularizar a passagem de tensão entre as cadeias mioarticulares. Uma técnica específica do método é a "ACCORDAGE" que tem como objetivo ajustar cadeias musculares de pontos fixo opostos.

Godelieve Stuyf lembra que não existem técnicas boas ou más. Todas são boas, quando adaptadas ao paciente. Todas são más, quando é o paciente que precisa se adaptar a elas. O Método, então, permite fazer uma leitura precisa do contexto em que se insere o quadro patológico, cabendo ao profissional empregar os recursos terapeuticos próprios do Método ou qualquer outro que faça parte da vivência profissional do terapeuta.


Alexandre de Mayor


As Inscrições e informações de cursos e eventos, encontram-se disponíveis no site www.apgds.com.br


Abaixo, apresento a bibliografia do Método. Nas revistas da APGDS, que são editadas anualmente, encontram-se algumas possibilidades do emprego do Método. Todo esse material poderá ser encontrado no dia da Jornada Científica. Além disso, na sessão deste blog, é possível acessar a tese de mestrado de Renata Ungier, o artigo de Maria José Arribas e a revista Olhar GDS vol I (2007).

Fonte:

. Campignion P. Aspectos Biomecânicos – Cadeias Musculares e Articulares – Método G.D.S. – Noções Básicas. São Paulo: Summus; 2003.

. Campignion P. Cadeias Ântero-laterais - Cadeias Musculares e Articulares – Método G.D.S. São Paulo: Summus; 2008.

. Campignion P. Cadeias Postero-laterais - Cadeias Musculares e Articulares – Método G.D.S. São Paulo: Summus; 2009.

. Campignion P. Respir-Ações. São Paulo: Summus; 1998.

. Denys-Struyf G. Cadeias Musculares e Articulares. São Paulo: Summus; 1995.

. Valentin B. Autobiografia de um bípede- As Cadeias Musculares e Articulares – Método G.D.S. Florianópolis: Ed. Insular; 2009.

. As Cadeias Musculares GDS e suas Aplicações Terapêuticas. 2007, Rio de Janeiro: Revista da Associação de Praticantes do Método GDS (APGDS), Vol. I.

. O Método GDS de Cadeias Musculares em Movimento. 2008, Rio de Janeiro: Revista da Associação de Praticantes do Método GDS (APGDS), Vol. II.

. O Método GDS de Cadeias Musculares no Exercício das Interações. 2009, Rio de Janeiro: Revista da Associação de Praticantes do Método GDS (APGDS), Vol. III.

. Inforchaînes: Association Internationale des Praticiens de la méthode G.D.S.


III Congresso Internacional do método GDS



O Rio de Janeiro terá o prazer e a honra de sediar o III Congresso Internacional do Método GDS, com o tema: AS ATIVIDADES FÍSICAS E O MOVIMENTO: UM NOVO ENFOQUE. O evento acontecerá de 24 a 26 de agosto de 2012, no Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC): Rua Visconde e Silva 52, Botafogo - Rio de Janeiro. Abraço e até breve!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A Importância da Oclusão na Postura do Indivíduo Segundo a Visão Sistêmica


O principal objetivo deste estudo é demonstrar como a oclusão pode alterar a postura física do indivíduo e, em conseqüência, os fatores químicos e emocionais também.
O aspecto estrutural do organismo envolve a postura corporal, a qual é anatomicamente determinada pela inter-relação entre ossos e músculos, que se adaptam, moldam-se e movimentam-se de acordo com as "informações" que recebem. Estas "informações" provêm dos captores sensitivos, que são capazes de gerar alterações posturais. Esses captores podem ser os olhos, os ouvidos internos, o sistema nervoso central, os pés ou o sistema estomatognático.
Será dado maior enfoque ao sistema estomatognático, por ser esta a principal área de atuação do cirurgião-dentista.
O sistema estomatognático é formado por elementos:
1. Passivos:
-ossos de sustentação;
- articulação temporomandibular;
- gonfose (articulação dento-alveolar) e
- dentes.
- . Ativos:
- mucosa bucolingual;
- músculos (mastigadores, cutâneos, supra e infra-hióideos);
- tendões;
- glândulas e
- vasos e nervos.
Todas essas estruturas devem interagir de forma harmônica, para executarem adequadamente as diversas funções das quais participa esse sistema, sendo as principais:
- sucção;
- deglutição;
- mastigação;
- respiração;
- fonação;
- início da digestão e
- equilíbrio postural.
Essas funções são de extrema importância para o equilíbrio do organismo e, para que haja harmonia entre elas, todos os elementos formadores do sistema devem trabalhar interagindo adequadamente entre si.
A estrutura óssea do sistema estomatognático é formada por ossos que se interligam através de sincondroses; exceto a mandíbula, a qual é ligada ao sistema por tendões e músculos, formando a articulação temporomandibular. Esta articulação é uma das mais requisitadas do corpo humano, sendo movimentada constantemente em muitas das atividades diárias, como a fala e a deglutição, por exemplo. Além destas funções, essa articulação tem importância fundamental no equilíbrio da postura corporal.
Segundo CASTILLO (1999)10, a articulação temporomandibular, que se encontra entre o osso temporal e a mandíbula, consiste de duas superfícies articulatórias:
- a face articular superior, que faz parte do osso temporal e apresenta uma concavidade na parte posterior (chamada de fossa mandibular) e uma convexidade anterior (a eminência mandibular), e
- a face articular inferior, que é chamada de processo condilar e tem forma convexa, o que não permite uma perfeita harmonia entre as duas superfícies articulatórias. Esta falta de harmonia é equilibrada pelo disco articular.
A articulação é estabilizada pela cápsula articular, pelos ligamentos extra e intracapsulares e pelos ligamentos auxiliares, como os ligamentos estilomandibular e esfenomandibular.
A articulação temporomandibular movimenta-se basicamente em três direções:
- movimento para cima e para baixo da mandíbula;
- protrusão e retração da mandíbula e
- movimento lateral da mandíbula.
Esses movimentos são realizados pelos seguintes músculos:
- levantadores: músculos temporal, masseter e pterigóideo medial;
- depressores: ventre anterior do músculo digástrico, platisma e, como músculos auxiliares, o milo-hióideo e o genio-hióideo;
- de protrusão: músculo pterigóideo lateral (contração simétrica);
- de retração: ligamentos inferiores e horizontais do músculo temporal e do ventre posterior do músculo digástrico e
- de lateralização: músculo pterigóideo lateral (contração unilateral).
Na depressão da mandíbula, os dois processos condilares abaixam-se e depois movimentam-se para a frente, levando consigo o disco. No levantamento da mandíbula, o movimento ocorre na seqüência exatamente oposta, sendo de extrema importância a elasticidade do disco articular, o que permite a volta do côndilo à sua posição original, após uma forte distensão.
Na protrusão e na retração, a mandíbula é movimentada para a frente ou para trás, enquanto que os dentes permanecem em contato. Na protrusão, os processos condilares vão da fossa mandibular até entrarem embaixo das eminências articulares. Na retração, os côndilos movimentam-se para uma posição mais posterior, dentro da fossa articular.
Nos movimentos laterais, o côndilo do mesmo lado para o qual a mandíbula se movimenta gira em torno do seu eixo sagital, permanecendo na fossa mandibular. O côndilo do lado oposto sai da fossa e movimenta-se para baixo do tubérculo articular.
Esses movimentos exigem uma coordenação precisa da contração de determinados grupos musculares e, para que sejam realizados de forma harmônica, é necessário um controle da postura, com base em um tono normal da musculatura.
Essa harmonia e coordenação são feitas através do sistema neuromuscular e seus receptores.
Para que as articulações temporomandibulares apresentem funcionamento e posicionamento adequados, é preciso que:
- Os músculos utilizados para seu funcionamento tenham tensões similares, à direita e à esquerda.
- A abertura e fechamento da boca sejam realizados sem desvios; ou seja, essa abertura ou fechamento não deve realizar trajetória oblíqua, em baioneta, ou em dupla baioneta.
- Os freios labiais estejam centralizados e coincidentes, em oclusão e durante a abertura bucal (o exame através dos freios é mais confiável do que as linhas interincisivas, pois é mais comum um desvio dental do que dos freios).
- A movimentação mandibular seja realizada sem qualquer ruído ou sintomatologia dolorosa.
Para que esses princípios sejam respeitados, é necessário que os dentes estejam posicionados de forma que sua oclusão ocorra sem a necessidade de qualquer desvio mandibular.
A presença de um contato prematuro faz com que o sistema neuromuscular capte esse "trauma dental" e envie uma mensagem para que o posicionamento mandibular seja alterado, na tentativa de que o maior número possível de dentes se toquem. Quando isso ocorre, toda a musculatura envolvida na movimentação mandibular readapta-se, para realizar a oclusão da forma menos traumática possível.
Muitas vezes, essa readaptação muscular para uma nova postura mandibular leva a um posicionamento patológico do côndilo, podendo ocorrer um mal funcionamento da articulação, que seria caracterizado principalmente por qualquer tipo de ruído ou sintomatologia dolorosa na movimentação mandibular.
Além do possível mal funcionamento da articulação, deve-se evidenciar que as cadeias musculares envolvidas na movimentação mandibular também trabalharão de forma inadequada para promover uma oclusão menos traumática. Os grupos musculares antagônicos realizarão contrações com diferentes tônus, causando um desequilíbrio nas cadeias musculares do corpo todo, pois, segundo SOUCHARD (1990)14, os segmentos do corpo humano estão anatômica e funcionalmente relacionados através das cadeias musculares, cujos comportamentos elásticos caracterizam a postura.
Quando na movimentação mandibular todo esse sistema muscular trabalha com um tônus normal, interagindo adequadamente entre si, observa-se que a abertura e o fechamento da boca são realizados sem qualquer desvio (tanto no sentido látero-lateral, como no sentido ântero-posterior).
Se observar-se que, para haver a oclusão, não há a necessidade de qualquer desvio mandibular, ou seja, os dentes estão dispostos de modo que a mandíbula não tem de realizar qualquer desvio para uma máxima intercuspidação habitual (M.I.H.), têm-se em oclusão uma Relação Cêntrica Fisiológica dos côndilos mandibulares.
Define-se Relação Cêntrica Fisiológica como sendo a posição dos côndilos mandibulares na qual os dentes estejam em oclusão e a musculatura envolvida na movimentação mandibular apresente tônus normal, interagindo sinergicamente entre si.
É extremamente importante ressaltar que esta posição condilar é muito particular para cada indivíduo, sendo impossível determiná-la corretamente sem antes verificar-se o adequado funcionamento muscular
Segundo BRICOT(1999)3, o sistema estomatognático está diretamente conectado às cadeias musculares por intermédio dos músculos da abertura mandibular e do osso hióide, que tem um papel de pivô fundamental, mas também através dos músculos que são o contra-apoio da oclusão e da deglutição: esternoclidomastóideo, trapézio, peitorais etc. Todo desequilíbrio do sistema estomatognático poderá, através destas vias, repercutir sobre o conjunto do sistema tônico postural.
Também segundo BRICOT3:
O sistema estomatognático põe em comunicação as cadeias musculares anteriores e posteriores, sendo que a língua e a mandíbula estão diretamente ligadas à cadeia muscular anterior; e a maxila, por intermédio do crânio, está em relação com as cadeias posteriores, ressaltando-se que o osso hióide tem papel fundamental nessa comunicação, assim como a propriocepção entre as duas arcadas e a propriocepção da articulação temporomandibular.Os desequilíbrios do sistema estomatognático descompensam o sistema tônico postural, assim como os desequilíbrios do sistema tônico postural perturbam o sistema estomatognático, através dos núcleos do nervo trigêmeo, ao longo do tronco encefálico, e dos numerosos aferentes para as formações que intervêm no equilíbrio tônico-postural.




A Posição Mandibular Condiciona a Postura Corporal

MOLINA (1989)9 dividiu os músculos do aparelho estomatognático em dois grupos:
1. aqueles que agem diretamente sobre a mandíbula – pterigóideo lateral, masseter, temporal, pterigóideo medial, músculo digástrico, esternoclidomastóideo e trapézio, e
2. os que estão relacionados indiretamente com a função, o movimento e a posição mandibular, que são os músculos da face, o platisma e o elevador da escápula.
O mesmo autor ainda estudou a participação de grupos musculares da região superior da coluna cervical, do pescoço e dos ombros durante a mastigação de alimentos duros.6
DARLING; KRAUS (1994)5 relataram que a mudança da postura da cabeça interfere na posição de repouso mandibular e que a intervenção fisioterápica pode ser eficaz na melhoria da postura da cabeça.6
BOYD (1987)2 estudou, em vinte e cinco indivíduos, os músculos temporal anterior, masseter e digástrico anterior e os resultados obtidos indicaram que a atividade eletromiográfica dos músculos da mastigação é alterada pelo posicionamento da cabeça.6
HALBERT (1958)7 descreveu que as alterações da postura da cabeça levavam a uma situação de desvantagem biomecânica da musculatura dessa região, devido às estreitas relações anatomofuncionais do sistema da mastigação propriamente dito com a região cervical e a cintura escapular.6
VALENTINO et al. (1991)16 procuraram correlacionar a postura, posição mandibular e oclusão dental, através de registros eletromiográficos dos músculos masseter, temporal, paravertebrais torácicos e lombares, durante modificações do arco plantar com utilização de palmilhas. Os autores concluíram que modificações do arco plantar estimulam mecanorreceptores neuronais, finalizando com a contração de músculos antigravitários, que promovem reajustes na posição da cabeça e no centro de gravidade, causando uma modificação no plano de oclusão.
De forma complementar, VALENTINO; MELITO (1991)17 discorreram sobre a relação funcional entre os músculos masseter, temporal anterior, temporal posterior e digástrico com os músculos fibular longo, tibial anterior e gastrocnêmio.6
Experimentalmente4,15, diagnosticou-se que uma modificação do apoio no chão modifica o ciclo mastigatório, e sua correção também.12

BALTERS (1955)1 já afirmava que toda anomalia dentofacial vem acompanhada de anomalias de postura .11
ROCABADO13 desenvolveu uma análise que presta um grande auxílio na determinação da posição da cabeça em relação à coluna cervical e ao osso hióide. Essa análise verifica:
? A rotação da cabeça em relação à coluna cervical, sendo que esta rotação pode apresentar-se ? dentro da normalidade ? para posterior, havendo uma conseqüente diminuição do espaço suboccipital, podendo o indivíduo apresentar algias crânio-faciais; ou para anterior, com um conseqüente aumento do espaço sub-occiptal, podendo o indivíduo apresentar verticalização ou inversão da lordose fisiológica cervical.
? O espaço funcional entre o osso occipital e a primeira vértebra cervical, o qual, quando fora da normalidade (diminuído ou aumentado), pode implicar tensão muscular e dor local, podendo isso ser resultado da contração inadequada da musculatura de sustentação e mal posicionamento do sistema pescoço, cabeça e cintura escapular.

-O espaço funcional entre a primeira e a segunda vértebras cervicais, o qual, quando fora da normalidade (diminuído ou aumentado), pode levar o indivíduo a apresentar síndrome de dor facial, distúrbios ópticos (ardor e pressão atrás dos olhos), zumbido nos ouvidos, desequilíbrio postural etc.
- O posicionamento do osso hióide em relação à mandíbula e à coluna cervical, podendo através deste posicionamento verificar as condições de funcionamento da musculatura de sustentação do complexo "crânio-coluna cervical-osso hióide".

Através desta análise, pode-se verificar, por exemplo, que um paciente que apresenta uma oclusão de classe II de ANGLE pode estar com o osso hióide posicionado de tal forma que exerça uma tensão exagerada da musculatura supra-hióidea, causando posteriorização da mandíbula e a conseqüente oclusão em classe II. Do mesmo modo, uma posição mais superior do hióide pode levar a uma diminuição na tensão da musculatura supra-hióidea, podendo ocasionar no indivíduo uma tendência à oclusão tipo classe III de ANGLE.

Como foi dito anteriormente, BRICOT (1999)3 afirma que qualquer desequilíbrio no sistema estomatognático pode descompensar o sistema tônico-postural, e que o contrário também ocorre, o que se verifica no fato de que a posição mandibular condiciona a posição cérvico-escapular, assim como a posição cérvico-escapular também condiciona a posição mandibular.
Pessoas que apresentam qualquer tipo de classe II normalmente têm a cabeça e os ombros projetados para anterior; já os indivíduos que apresentam classe III, normalmente, projetam a cabeça e os ombros para posterior. Estes posicionamentos ocorrem para que o sistema neuromuscular possa adaptar-se a um novo equilíbrio, para que o eixo de sustentação consiga ser mantido e esses indivíduos consigam manter-se em pé e movimentar-se.
Através das informações aqui descritas, pode-se afirmar que a posição mandibular não é estática; que a posição dos côndilos na cavidade glenóide é influenciada pela oclusão e também pelas cadeias musculares e o sistema neuromuscular.
Indivíduos que apresentem um padrão do tipo classe II (esquelética ou dental) podem estar com os côndilos em posição mais posterior na cavidade glenóide, ou podem estar numa posição anteriorizada e rotacionados no sentido horário, podendo causar uma retrusão da mandíbula e um aumento da dimensão vertical.
Pessoas com padrão classe III podem apresentar os côndilos colocados numa posição mais anterior dentro da cavidade glenóide ou podem ter os côndilos posicionados mais posteriormente dentro da cavidade glenóide e rotacionados no sentido anti-horário, podendo causar uma diminuição da dimensão vertical.

Conclui-se, então, que o reposicionamento mandibular é possível e, muitas vezes, extremamente necessário, para que o equilíbrio postural e funcional do indivíduo seja adequado.
O dentista, sendo um profissional da área da saúde, deve saber identificar desequilíbrios posturais e a respectiva sintomatologia, provenientes do aparelho estomatognático, assim como qualquer desequilíbrio do sistema estomatognático proveniente de qualquer outra desarmonia nas cadeias musculares em outras áreas do corpo.
Um tratamento protético ou ortodôntico, para ser corretamente realizado, deve ter seu planejamento feito de acordo com as considerações já relatadas, ou seja: esse tratamento deve ser realizado visando a restabelecer um adequado posicionamento dos côndilos e da mandíbula, podendo assim proporcionar ao paciente a possibilidade de o restante do corpo ficar em equilíbrio postural.
O cirurgião-dentista deve saber verificar o funcionamento adequado e harmônico de todo o aparelho estomatognático e as implicações provenientes de qualquer desordem deste; pois, muitas vezes, desequilíbrios nesta região vão-se refletir em outras partes do corpo, não apresentando sintomatologia no complexo orofacial.
Qualquer intervenção realizada que influencie na oclusão do paciente deve ser feita com consciência. Cabe ao dentista saber identificar um mal posicionamento articular e seus respectivos desequilíbrios musculares ? que podem apresentar sintomatologia dolorosa ou não ?, para que o profissional não seja responsável por perpetuar ou até agravar desarmonias neuromusculares provenientes do sistema estomatognático e que, portanto, presume-se, sejam adequadamente tratadas pelo dentista.
Pode-se citar como exemplo um indivíduo que procura um ortopedista ou um fisioterapeuta, queixando-se de dor na região lombar, e, após exame local e radiográfico, verifica-se uma acentuação da lordose nesta região. Na maioria das vezes um aumento da lordose da região lombar ocorre simultaneamente a um aumento da lordose cervical (para que as cadeias musculares possam se compensar) e esse aumento da lordose cervical pode ser causado por um desequilíbrio do sistema estomatognático, ou seja , a causa real do problema deste indivíduo pode ser de competência do cirurgião-dentista resolver.
O cirurgião-dentista deve tentar sempre que possível “montar” a oclusão do seu paciente coincidente com a Relação Cêntrica Fisiológica descrita anteriormente. Por esse motivo, tratamentos ortodônticos e protéticos devem ser planejados levando-se em consideração todos esses aspectos e não somente análises cefalométricas ou posicionamentos condilares preestabelecidos, pois estes são estáticos e o posicionamento mandibular não o é.
Indivíduos que apresentem oclusão do tipo classe II ou classe III podem ter esta alterada pelo incorreto posicionamento mandibular, assim como indivíduos que mostrem uma oclusão em classe I podem ter esta alterada se os côndilos e a mandíbula estiverem adequadamente bem posicionados.
Qualquer tratamento que altere a oclusão do indivíduo deve estar sempre compatível com um adequado funcionamento das cadeias musculares e, conseqüentemente, com um bom posicionamento mandibular.

Postura Corporal de Forma Sistêmica
Tomando o paciente como um “todo” e tentando dar ao tratamento um enfoque sistêmico, cabe ao dentista atentar para todos os aspectos que estejam relacionados com o seu trabalho, sendo que o emocional do paciente pode influenciar diretamente no diagnóstico e nos resultados do seu tratamento.
Estudos anatômicos tendem a utilizar imagens bidimensionais, ficando assim perdido um elemento muito importante: a vida emocional.
“A emoção produz formas.” Sentimentos ou pensamentos desencadeiam reações no sistema muscular, alterando a postura do corpo.
Pode-se exemplificar a influência das emoções no aspecto estrutural do indivíduo, analisando-se o “stress”.
Uma pessoa, quando está nervosa ou estressada, tende a retesar seus músculos de tal forma que chegam a apresentar sintomatologia dolorosa. Com essa alteração do tônus muscular, não é difícil perceber-se que a postura do indivíduo sofre deformações, mudanças.
O corpo adapta-se para defender-se e, freqüentemente, esta adaptação é o único caminho que o indivíduo encontra para reagir diante de algumas situações (mesmo não sendo a forma mais adequada). Mediante a duração deste estado de “alerta” do organismo, a forma que este adquire pode consolidar-se.
Através do exemplo dado, pode-se imaginar a dificuldade que muitas vezes surge quando se deseja alterar a forma, postura e tônus muscular de um paciente.
As posturas corporais são também reflexos do emocional na estrutura física do corpo. O indivíduo, muitas vezes, necessita adquirir certas posturas diante das situações vividas, as quais nem sempre são passíveis de alteração (mesmo que seja para o equilíbrio do organismo).
A tensão de toda a musculatura ou o seu tônus muscular está diretamente relacionado com as emoções.
A pessoa adquire posturas diante de certas situações da vida, as quais muitas vezes são difíceis de alterar, dependendo muito da dispoaição do indivíduo para modificá-las. A musculatura reflete esta postura emocional e, como os ossos moldam-se de acordo com a pressão ou tração muscular, por conseqüência, os ossos também mostram características da personalidade do indivíduo com suas formas.
Por que há casos que recidivam e outros não? Será que as causas são sempre estruturais?
Ao contrário do que se possa imaginar, o aspecto emocional do paciente está diretamente ligado ao resultado do nosso trabalho.
Infelizmente, sinto termos pouca formação psicológica, para enxergarmos a importância dos pensamentos e sentimentos do nosso paciente e percebermos a dimensão com que influenciam o andamento de qualquer tratamento.

Conclusão

Este estudo evidencia alguns aspectos importantes da influência da oclusão na postura corporal, assim como as alterações causadas na oclusão provenientes de desarmonias do sistema tônico-postural.
Percebe-se, então, a necessidade de o cirurgião-dentista saber diagnosticar a causa dos desequilíbrios oclusivos e o que estes podem ocasionar na postura corporal.
A postura do indivíduo é resultado dos seus aspectos físicos, químicos e emocionais, sendo que a intervenção em qualquer um destes pode afetar diretamente os restantes. Observa-se, então, a necessidade do conhecimento sistêmico do organismo para avaliar-se a extensão de qualquer tratamento.
“... um corpo que não é o corpo da vegetoterapia, nem o corpo simbólico.., mas uma arquitetura geneticamente programada, em permanente construção e desconstrução, pulsando segundo afetos, com suas câmaras e válvulas, sempre em busca de mais vida, inflando, esvaziando, adensando ou enrijecendo de acordo com seu grau de tolerância aos ritmos da excitação gerada pelas experiências de amor ou decepção, medo ou agressão, agonia ou prazer.” 8

Referências Bibliográficas

1. BALTERS, W.: Reflexmechanismus und Funktionsablauf. Fortsch Kieferorthop, v. 16(4), p: 325-7, 1995.
2. BOYD, C. H.: The effect of head position on eletromyographic evaluations of representative mandibular position muscle groups. J Cran Prac, v.5, p.50-53, 1987.
3. BRICOT, BERNARD: Posturologia. São Paulo: Ícone, 1999.
4. C. R. DOUGLAS: Tratado de Fisiologia, 1994
5. DARLING, D. W.; KRAUS, S.: Relationship of head posture and rest position of the mandible. J Prosthet Dent, v.1, p.111-115, 1994.
6. FARAH, E. A.; TANAKA, C.: Postura e Mobilidade da Coluna Cervical e do Tronco em Portadores de Alterações Miofuncionais Orais. Rev. APCD. São Paulo: v.51 n.2/171-75p., mar./abr. 1997.
7. HALBERT, R.: Eletromyographic study of the head position. J Can Dent Assoc, v.24, p.11-23, 1958.
8. KELEMAN, STANLEY: Anatomia Emocional. São Paulo: Summus, 1992.
9. MOLINA, O. F.: Fisiopatologia Craniomandibular (oclusão e ATM). São Paulo: Pancast, 1989.
10. MORALES, R.C.: Terapia de Regulação Orofacial. São Paulo: Memnon, 1999.
11. NOGUEIRA De Sá, N. Jr.: Iniciação à Odontologia Sistêmica. In: - Espaço Funcional. Rio de Janeiro: Pedro Primeiro, 2001.
12. NOGUEIRA De Sá, N. Jr.: Iniciação à Odontologia Sistêmica. In: PERES, A. C.; PERES, R. L. - Relação da Postura do Sistema Estomatognático com a Postura Corporal. Rio de Janeiro: Pedro Primeiro, 2001.
13. ROCABADO, M.: The proceedings of the 5th International Conference IFOMT, Vancouver, 1984.
14. SOUCHARD, Ph. E.: Reeducação Postural Global. São Paulo: Ícone, 1990.
15. STEENKS, M. H. & de WIGER, A.: Disfunção da Articulação Temporomandibular do Ponto de Vista da Fisioterapia e da Odontologia – Diagnóstico e Tratamento , 1996.
16. VALENTINO, B. et al.: The functional relationship between the occlusal plane and the plantar arches. An EMG study. Surg Radiol Anat, v.13, p.171-174, 1991.
17. VALENTINO, B.; MELITO, F.: Functional relationship between the muscles of mastigation and the muscles of the leg. Surg Radiol Anat, v.13, p. 33-37, 1991.

Fonte: http://odontologiasistemica.com.br/oclusao_postura.htm


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sábado, 17 de setembro de 2011

MÉTODO GDS - DISCUTINDO A RELAÇÃO ... MECÂNICA DA BACIA



Antes de casar, sempre escutei que toda relação passa por momentos de "crise". Me lembro como se fosse hoje, um amigo me revelando que estava vivendo a crise dos 7 anos de casamento. O tempo passou e, como quem tem hora marcada no consultório, a crise bateu na minha porta. Foi aí que minha esposa e eu constatamos que, de fato, esse período existe. É a mais pura verdade! Por isso eu vou te mostrar alguns sinais e sintomas.
Motivado por esse projeto de construir uma família, todo casal debutante vai às compras e adquire uma nova geladeira para comportar uma maior quantidade de alimentos, uma televisão e um "home theater" para poder curtir melhor os momentos a dois. Conclusão, o casal se endividará para deixar a casa "novinha". Mas toda alegria dura pouco ! Acontece que esses aparelhos têm um tempo de validade. Eles fazem parte da mesma central sindical e a data da assembléia geral, por coincidência, foi marcada para o dia do seu 7º aniversário de casamento. Por unanimidade, todos decidirão se quebrar ao mesmo tempo. Quando o "caos" se instalar em sua casa e vocês estiverem diante de decidir suas prioridades, muita coisa se revelará.
- Televisão ou geladeira ?
- Eu não vivo sem os comentários esportivos do domingo à noite !
- Tudo bem, vai beber cerveja quente com os amigos !

Posso dizer que minha família superou esse problema. Refletimos juntos e concluímos que a crise não é nossa, é dos eletrodomésticos, que têm vida própria e coabitavam a nossa casa como se fossem os verdadeiros proprietários. Eles são "zumbis" iguais ao do vídeo clip Thriller de Michael Jackson. Essa semana, a geladeira e o depurador de ar do fogão fizeram um divórcio litigioso. Desde então, tivemos que aceitar 2 novos inquilinos. Só não sei até quando vai durar essa nova relação.

O tema deste texto era ... Lembrei! Discutindo a relação ... mecânica da bacia. Ah... e no último texto prometi escrever sobre a nutação e contra-nutação sacro-ilíaca.



Então... a bacia é a residência de AM.
O tronco está em perda de equilíbrio para trás, a atividade de grupos musculares anteriores que garante o equilíbrio. São principalmente os músculos anteriores e medianos do tronco, por isso a abreviatura AM. O corpo parece querer recuar ou apoiar-se contra uma parede, ou sentar-se. Tem ligação com afetuosidade, acolhimento, posição fetal (STRUYF, 1995).
Os músculos do períneo são os proprietários desta casa que tem três andares. É um lugar sólido e bastante espaçoso. Não pense você que, por causa disso, eles vivam confinados. Pelo contrário, eles estão sempre recebendo a vista de alguns amigos. PM, por exemplo, é um visitante sempre bem vindo, desde que não se exceda em suas ações. Afinal de contas, é de sua responsabilidade a manutenção desta casa de pé. PM tem seu feudo nos membros inferiores para verticalizar os ilíacos e o sacro. Por sua vez, o músculo transverso do abdome de PA-AP e ilíaco de AP estabelecerão um antagonismo complementar com o glúteo mínimo de AL, para controlar a abertura das asas ilíacas no plano frontal. Inclusive, tanto AL quanto PL têm seus pivôs primários da pulsão psicocomportamental na articulação do quadril.

Aliás, vale a pena voltar à questão da assimetria fisiológica. Eu ainda não tinha mencionado que nossas cadeias musculares são duplas, o que temos do lado direito, teremos também do lado esquerdo, a menos que encontremos alguma agenesia muscular. Mesmo levando isso em conta, é preciso saber que existe uma dominância de AM, AL e PA à direita, enquanto PM, PL e AP prevalecem à esquerda. Esta assimetria fisiológica se deve à disposição das vísceras. Por essa razão, no plano frontal, observaremos a asa ilíaca mais frontalizada à direita pela ação útil do glúteo mínimo (AL). Este músculo ainda agirá na flexão e rotação interna do quadril se estiver em excesso. Em compensação, verificaremos a ação do quadrado femoral mais marcante à esquerda, realizando conjuntamente a abertura do ísquio e a rotação externa de quadril. É essa ação que faz do quadrado femoral um amigo confidente dos donos da casa. Ele é quem aconselha, em seu feudo (articulação do quadril), os músculos do períneo a não se trancarem em sua casa. AL, por outro lado, tem seu feudo na cintura escapular, mais ativo à direita. Seu representante é o latíssimo do dorso. A marca útil fisiológica deste músculo é a ancoragem da cintura escapular à bacia, o que controlará PL nos membros superiores.

A bacia se localiza em um região central do corpo. Por esse motivo é importante transmitirmos aos nossos pacientes e alunos a imagem de uma casa e a sensação de um local bem estruturado em sua solidez. É um grande engano pensar que os pés são a nossa base ! Afinal, nossos membros inferiores precisam responder aos nossos constantes desequilíbrios, como ocorre durante a marcha, para podermos levar nossa casa sempre conosco. Essa residência não gosta de muita "agitação", embora seja um território de muita passagem de tensão mecânica. Portanto, sua principal característica é não ter "bagunça". Para isso, é necessário mantermos a casa sempre arrumada, organizada. Já tivemos oportunidade de discutir que as massas (pélvica, torácica e cefálica) são zonas de resistência. Quando elas assumem um comportamento mais elástico é porque as alavancas (intermassas) não estão cumprindo a ação de adaptabilidade e ajustamento. O contrário também é verdadeiro, intermassas fixadas obrigando as massas a se tornarem elásticas e compensarem a ausência de mobilidade. Não esqueça de que as articulações sacro-ilíacas e a sínfise púbica funcionam como juntas de dilatação e, por essa razão, não permitem movimentos em grande amplitude. Mas isso tudo só funciona segundo algumas "regras de convivência": todos os amigos precisam se respeitar em suas individualidades e, o mais importante, ninguém pode se atrever a dar ordens aos donos da casa !

Agora, vamos para um assunto que sempre gera algum tipo de confusão. A nutação e contra-nutação sacro-ilíaca. Acredito que a dificuldade na compreensão dessa mecânica seja colocar, no mesmo cenário, o movimento sacro-ilíaco com o que ocorre na articulação do quadril. É importante lembrar que quando estudamos em um livro de fisiologia articular, como por exemplo o Kapandji, didaticamente os movimentos articulares são descritos de forma isolada. Mas, se pensarmos nas tipologias GDS, tudo ficará mais fácil. Você verá !

Nossa referência é a estrutura psicocorporal PA sem excesso. No plano sagital, todas as massas estão alinhadas ao eixo vertical GDS. A oitava vértebra torácica está no ápice da cifose e as intermassas (as lordoses funcionais) estão corretamente ritmadas por AP e, portanto, pouco acentuadas. Importante! Nosso raciocínio é "estático" para podermos entender a dinâmica e os terrenos de predisposição. A bacia que funciona em PA vista sagitalmente, tem a espinha ilíaca ântero-superior (EIAS) e o púbis alinhados a uma vertical com o solo. Além disso, uma segunda linha que passa pelas vértebras sacrais (S1 e S2) formam, com a linha descrita anteriormente, um ângulo de 51 graus.

Diferente de PA que está perfeitamente alinhada ao eixo vertical e "aponta" em direção ao céu como uma flecha, AP tem suas massas "desmontadas", fazendo um "zig-zag" neste eixo de referência. Isso se deve à ausência de atividade muscular. Todavia, observamos que, tanto a bacia como as demais massas, não perdem sua horizontalidade. AP deveria funcionar em alternância com PA, como na respiração fisiológica. Porém, existe, uma terceira atitude postural, PA-AP. Neste caso, PA toma conta da massa cefálica e torácica, enquanto AP desenvolve a hiperlordose lombar e anteverte globalmente toda a pelve.


No "andar de cima", observamos em PA-AP uma hiperpressão torácica, ou seja, tórax bloqueado em inspiração. Philippe Campignion aponta que "os pilares do diafragma, beneficiando-se de um ponto fixo superior, graças à fáscia endotorácica, que é mantida elevada pelo recuo da coluna cervicodorsal, mantém a região de D12 a L3 para frente e para cima". Já no "andar inferior", hiperpressão abdominal e diástase dos retos do abdome. O músculo psoas (AP) não é mais capaz de manter a ritmicidade da intermassa e assume um ponto fixo no fêmur. Embora o diafragma e o psoas estejam com pontos fixos em sentidos opostos, eles acabam agindo sinergicamente para levar toda a coluna lombar para frente. Nesse caso, teremos a confirmação de uma "verdadeira lordose", de D12 até L5. O músculo ilíaco, também da cadeia AP, sustenta esse quadro e anteverte toda a bacia. Os joelhos, por sua vez, são levados ativamente em recurvatum, uma vez que, o músculo reto anterior do quadríceps femural aproximará suas inserções, reforçando ainda mais a báscula anterior da bacia e, também, agindo na ascensão da patela. Acabei de descrever uma atitude postural onde a bacia está antevertida globalmente. No segmento pélvico, a ação apontada ocorreu estritamente na articulação do quadril. O osso sacro, por sua vez, acompanhou conjuntamente esse movimento sem qualquer modificação em sua articulação com o ilíaco.

As cadeias musculares que agem sobre o osso sacro poderiam entrar nessa estória. Quem age sobre esse osso são as cadeias AM e PM, cadeias musculares do eixo estrutural. Mas, antes de pensar em colocar AM - PM e AL - PL, estas duas últimas que fazem parte do eixo relacional e, por isso, tem ação sobre o ilíaco, tente entender como cada uma participa mecanicamente na organização da bacia.


Vamos lá ....

O que AL faz na bacia ? anteversão do ilíaco e frontalização da asa ilíaca. O que é isso ? Observe como referência a espinha ilíaca ântero-superior (EIAS). Então, no plano sagital a EIAS estará mais baixa e em uma visão frontal, afastada lateralmente em relação à linha média do corpo. Essa marca se deve, principalmente, à ação do glúteo mínimo. Porém, se este músculo estiver em excesso, observaremos a aproximação de suas extremidades (corda de arco). Em vez de assumir, somente, um ponto fixo mecânico no fêmur, veremos também a rotação interna com flexão e adução. Nessas duas situações, o eixo de referência foi o da articulação do quadril. Vamos por isso em prática. Faça um "X" com seu antebraço. O antebraço esquerdo corresponde ao osso ilíaco e o direito ao sacro. A interseção dos antebraços é a articulação sacro-ilíaca. O cotovelo esquerdo é a articulação do quadril. Você vai movimentar somente o braço esquerdo (ilíaco) na direção da aproximação dos cotovelos. Acabaste de realizar a anteversão do ilíaco. Primeiramente, tente acompanhar o raciocínio. O músculo glúteo mínimo tomou ponto fixo no fêmur antevertendo o ilíaco. Mas o que aconteceu na interseção (articulação sacro-ilíaca)? Alterou a posição? Isso foi uma contra-nutação do ilíaco. Apenas do ilíaco! Duas ações. Uma no quadril, a anteversão do ilíaco e a outra na articulação sacro-ilíaca, a contra-nutação do ilíaco.

Vou colocar uma AM no excesso para verticalizar o sacro. Mas desta vez o ilíaco não terá a ação excessiva de AL. Cruze novamente os antebraços e mova apenas o antebraço direito no sentido da aproximação dos cotovelos. Agora você acabou de realizar uma contra-nutação do sacro. Percebeu o que aconteceu na interseção? Finalmente, AL e AM juntos... Então, anteversão da bacia e contra-nutação do sacro e do ilíaco.

Tarefa número 1 para consolidar o conhecimento, afastar os cotovelos. Neste caso o antebraço esquerdo será a PL, enquanto o direito a PM. Não esqueça que com PL, ocorrerá movimento na articulação do quadril. Sendo assim, você precisa visualizar o que acontece, também na sacro-ilíaca. Faça somente a retroversão do ilíaco (PL). Também teve uma modificação na relação do ilíaco com o sacro (nutação do ilíaco). Certo ? Depois, faça apenas a nutação do sacro por PM. Finalmente os dois movimentos simultâneos, retorversão do ilíaco com nutação do sacro e do ilíaco. Irei propor um outro exercício. Como seria AL com PM? Aproveite para fazer todas as combinações possíveis. Para fecharmos este raciocínio, quais os músculos envolvidos nas diferentes formas de organização da bacia? Quais seriam as estruturas que estão sobrecarregadas em cada uma destas combinações? Quem vai prestar "socorro" diante das diferentes hiper-solicitações mecânicas?

Para concluir deixo a minha sugestão para uma futura análise de alguns distúrbios que acometem a bacia, a região lombo-sacra, o púbis e a articulação do quadril. Sempre peça licença antes de entrar em qualquer casa. Principalmente, quando for de uma pessoa que você não conhece bem. Tente entender como a casa funciona antes de propor mudanças na decoração. Uma casa AM vai ser bem diferente de uma casa PM. Ou melhor, o que é fisiológico para uma pessoa pode não ser para uma outra. Lembre que por trás da organização de nossa "casa pélvica" existe um psicocomportamento. Nossas estruturas corporais não funcionam como os eletrodomésticos. Afinal, diferentes destes, quando "quebram", não as podemos jogar no lixo ! Cada casa pode funcionar com algumas características muito particulares. Sendo assim, busque encontrar as relações de controle que mantenham uma boa afinidade entre todos os seus convidados.

Alexandre de Mayor.

Bibliografia

. Campignion P. Aspectos Biomecânicos - Cadeias Musculares e Articulares - Método G.D.S. - Noções Básicas. São Paulo: Summus; 2003.

. Campignion P. Respir-Ações. São Paulo: Summus; 1998.

. Denys-Struyf G. Les chaînes musculaires et articulaires. Bruxelas: SBORTM (société belge d`ostéopathie et de recherche en thérapie manuelle); première édition 1979.

. Denys-Struyf G. La déformation des articulations sacro-iliaques, incidence sur la physiologie et les algies de la lombo-sacrée. Bruxelas: SBORTM (société belge d`ostéopathie et de recherche en thérapie manuelle); 1983.

. Kapandji IA. Physiologie articulaire: schémas commentés de mécanique humaine. Paris: Maloine; 1999.

Fonte: http://www.apgds.com.br/homolog/

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Crochetagem

CROCHETAGEM: ( Gancho)

crochetagem_000 É uma terapia manual concebida como um complemento para as diversas terapias utilizadas na Fisioterapia. Consiste em um tratamento externo indolor, praticado através de instrumentos semelhantes a agulhas de crochet, os chamados "crochets", que visa quebrar aderências e fibroses do sistema músculo-esquelético.


A técnica foi criada pelo fisioterapeuta sueco Kurt Ekman, colaborador do Dr Cyriax pela impossibilidade dos dedos humanos chegarem à profundidade dos deslizamentos mio-aponeuróticos e realizar a fibrólise.

A Crochetagem Mio-Aponeurótica, também é conhecida como Diafibrólise Percutânea. Etmologicamente, Diafibrólise Percutânea significa rotura, lise do tecido fibrótico através da cútis, isto é, sem incisão aberta. Para isto utiliza-se ganchos especiais desenhados para este fim terapêutico.

A estrutura conjuntiva do corpo humano (ligamento, tendões, bainhas, 3f033d_4aponeuroses, entre outros) é rica em receptores sensitivos, absorvendo a presença de força externa. Entretanto, estas estruturas não aceitam alongamento além de uma tensão máxima fisiológica, específica para cada elemento do tecido conjuntivo. Quando a tensão é maior do que os receptores sensitivos suportam, estes enviam mensagens de dor ao alongamento, o que desencadeia uma resposta muscular imediata. A Crochetagem Mio-Aponeurótica trabalha exatamente nesses conjuntos de músculos, através do conhecimento fino de anatomia palpatória clínica e da técnica de colocação dos crochets sobre a pele, visando a liberação de aderências ou fibrólises.

OBJETIVO:

curso de crochetagem__2AE02B_1 A Crochetagem Mio-Aponeurótica trabalha a quebra de aderências e fibroses entre os diferentes planos de deslizamento dos músculos, tendões, ligamentos e nervos, devolvendo a mobilidade e função normais. Através do conhecimento fino em anatomia palpatória e a aplicação dos crochets sobre a pele, o profissional poderá obter melhores resultados. Liberar através de um gancho as diferentes capas musculares para deslizamento normal, dissolver os cristais de oxalato cálcio que pegam em diferentes pontos estas estruturas entre si, melhorar os movimentos de deslizamento entre as fáscias.

Separar bem estas estruturas anatômicas (músculos, fáscias, ligamentos) para, desta forma, liberar as artérias, veias, nervos e gânglios que passam entre elas e então tratar os fenômenos inflamatórios ( tipo neuralgia). Relaxar o músculo por meio dos feixes neuromusculares, inibindo a hiperatividade gama. Tratar os pontos de tensão ou pontos trigger e preparar uma zona anatômica para receber um tratamento manipulativo ou de outra índole.


INDICAÇÕES:

* Qualquer patologia articular músculo-tendinosa ou ligamentosa que leve a uma fibrose ou formação de aderência: tendinite, dor muscular, contratura muscular.
* Qualquer patologia que leve a uma retração ou fibrose das fáscias aponeuróticas.
* Todas as neuralgias, especialmente aquelas nas quais há um comprometimento da raiz nervosa devido a estruturas sobre as que atuamos: músculos, tendões... Exemplo: cervicobraquialgia por comprometimento do plexo braquial em sua saída pelo desfiladeiro dos escalenos. Atuando sobre os escalenos aliviaremos imediatamente os sintomas.curso de crochetagem__2AE02B_3
* Está especialmente indicada, por sua efetividade, nos casos agudos, nas urgências, que apareçam nas consultas. Imaginemos uma lombalgia aguda hiperálgica, na qual não podemos utilizar técnicas manipulativas. Nestes casos a diafibrolise nos dá uma diminuição imediata da dor.
* É uma técnica muito útil como tratamento coadjuvante. Combinada com outras técnicas potencializa estas claramente. Pode ser usada antes ou depois de uma sessão de fisioterapia ou de osteopatia, clássicas...
curso de crochetagem__2AE02B_2
CONTRA-INDICAÇÕES:

Todas as afecções dermatológicas, especialmente aquelas que levem a uma fragilidade da pele.

Fonte:

. http://clinicamobilite.blogspot.com/

Curso:

.Henrique Cursos

sábado, 10 de setembro de 2011

Apresentação do novo studio Metacorpus

Vídeo institucional da Metacorpus.

Rua: Barata Ribeiro, 668. Copacabana- RJ.

Marque já sua aula experimental.

Tel: (21) 4124-2576 ou

Através dos emails:

.Diego Ramon: diegosramon@gmail.com

.Silvana Souza: silvanasouzafisio@hotmail.com






http://www.youtube.com/watch?v=mm-3kx5xSbo


Atenciosamente,

Equipe de Pilates Metacorpus- RJ.

Reeducação Postural Global




Reeducação Postural Global (RPG), técnica usada por fisioterapeutas para corrigir disfunções do sistema músculo-esquelético, tem como princípio tratar o indivíduo e não a doença.
Criada em 1980 pelo fisioterapeuta francês Philippe Souchard, a Reeducação Postural Global (RPG) é uma técnica que tem como princípio tratar o indivíduo e não a doença.
Segundo os especialistas que aplicam esse método, cada pessoa reage de maneira diferente a um problema. Portanto, a forma de combate-lo deve ser personalizada. A RPG é usada para resolver disfunções do músculo – esquelético.
Podendo ser indicada para pessoas de todas as idades, age contra dores lombares, dorsais e cervicais, lesões por Esforços Repetitivos (LER), desvios de coluna, dos pés e dos joelhos, enxaquecas, bursites, torcicolos e hérnias de disco. É utilizada também para proteger contra os processos degenerativos articulares. Em crianças e jovens, previne as conseqüências da má postura.
“Ninguém sofre de forma igual. Por isso, não podemos tratar todos como se fossem a mesma pessoa. Também não tratamos apenas o local onde há dor e sim todo o corpo”, explica Oldack Borges de Barros, fisioterapeuta e presidente da Sociedade Brasileira de reeducação Postural Global (SBRPG). Segundo ele, atualmente existem cerca de 8 mil RPGistas (fisioterapeutas que utilizam o RPG) em todo o mundo, sendo três mil só no Brasil. Além do nosso País, França e Itália ocupam posições de destaque naq aplicação do RPG.
A reeducação postural global se baseia em um trabalho Corporal ativo. São utilizadas oito posições, o corpo inteiro é colocado em estreitamento máximo para que sejam verificadas quais tensões se relacionam entre si. Por exemplo: uma torção de tornozelos pode provocar uma futura dor no ombro, devido à sobrecarga que o ato de mancar exerce sobre os demais músculos. O tratamento é individualizado e as sessões são semanais, durando aproximadamente uma hora cada. Os resultados aparecem, geralmente na décima sessão e alcançam sucesso em até 90% dos casos.

De acordo com Barros, a RPG aproveita os benefícios dos medicamentos homeopáticos e da acupuntura. Para ajudar as pessoas que não tem acesso a um RPGista, a SBRPG presta um serviço gratuito à população, no qual são atendidas cinco pessoas por mês. “Para que o atendimento seja facilitado, as pessoas devem entrar em contato por telefone e, quando vierem à entidade, devem trazer algum exame sobre seu problema”, orienta Barros.
Quando o paciente é submetido aos cuidados de um profissional qualificado, entre outras disfunções, ele pode corrigir a postura, resolver problemas crônicos de coluna, tonificar os músculos, melhorar a asma e bronquite e crescer de dois a três centímetros, com a recolocação dos ossos no lugar correto.

SÓ UM FISIOTERAPEUTA PODE APLICAR A RPG

Curso é dividido em nível básico e avançado em patologias específicas
A Reeducação Postural Global (RPG) tem se expandido no território brasileiro. Com isso, também tem crescido o número de falsos RPGistas que podem colocar em descrédito o método criado por Philippe Souchard.
Para aplicar a técnica antes de tudo é necessário ser fisioterapeuta. Vencido este obstáculo, é preciso participar de um curso, ministrado pelo próprio Souchard, segundo a Sociedade Brasileira de Reeducação Postural Global.
O aprendizado é dividido em nível básico, com duração de um mês e avançado em patologias específicas, que dura uma semana para cada especialidade. O fisioterapeutra pode se especializar, por exemplo, em esporte, pré e pós-parto e em uma série de outras áreas.

Para que haja a formação desses novos profissionais, o fisioterapeuta francês vem ao Brasil pelo menos duas vezes ao ano para transmitir o ensinamento. Mas, conforme a SBRPG, já existe no Brasil toda uma estrutura montada nos estados de São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro para dar continuidade a esse trabalho.

Fonte:
.Sociedade Brasileira de RPG

 
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