terça-feira, 26 de junho de 2012

Morfologia e clínica da casa de força




A prática segura do Pilates, fundamentada cientificamente, pode prevenir  possíveis desconfortos lombares e promover uma melhor qualidade de vida. Diante dessa perspectiva, o presente estudo objetiva embasar  cientificamente os aspectos morfológicos, biomecânicos e clínicos envolvidos no controle da casa de força. Seus componentes musculares podem ser classificados como estabilizadores ou mobilizadores de acordo com aspectos anatômicos, fisiológicos e biomecânicos. 
Estes músculos compõem o sistema ativo de estabilização lombar, o que explica a importância da ativação da casa de força na prática do Pilates para manutenção da estabilização do tronco assim como a melhora ou prevenção de desequilíbrios musculares desta região. 
Por meio da base de dados do sistema Medline, foram pesquisados publicações periódicas e artigos indexados na área de saúde nos últimos dezessete anos. O levantamento bibliográfico através de livros textos refere-se às publicações atualizadas da literatura especializada. 
Novos trabalhos devem ser produzidos no intuito de enriquecer o método com bases teóricas e científicas sólidas. Dentre as diversas práticas de treinamento resistido, o Método Pilates surge como forma de proporcionar força, flexibilidade, controle postural, consciência e percepção do movimento. Está baseado em fundamentos anatômicos, fisiológicos, biomecânicos e possui seis princípios básicos que devem ser respeitados para sua correta aplicação. São eles: a respiração, a concentração, o controle, a precisão, a casa de força e o movimento fluido. 
O controle da respiração possibilita a organização do tronco através do recrutamento dos músculos estabilizadores da coluna vertebral e da cintura pélvica favorecendo o relaxamento dos músculos inspiratórios acessórios. Respirar corretamente nutre o corpo, elimina toxinas, contribui para melhorar a concentração e aliviar a tensão muscular. Existe um padrão de respiração que acompanha cada exercício. Os objetivos são diminuir o ritmo da respiração, aumentar sua profundidade e unir respiração ao movimento.
A total concentração da mente em relação ao movimento executado otimiza a percepção consciente da posição e dos movimentos das diferentes partes do corpo, consciência cinestésica favorecendo o controle do movimento. Este pode ser definido como o entendimento da atividade motora de agonistas primários em uma ação específica e caracteriza-se pela atividade consciente dos músculos envolvidos no movimento. Pilates chamou isto de Contrology (Contrologia), definida como a correta aplicação dos princípios das forças que atuam no corpo, com o conhecimento dos mecanismos funcionais e o entendimento dos princípios de equilíbrio e gravidade aplicados em cada movimento. 
A precisão de execução é empregada para melhorar a qualidade do movimento, fundamental para o treinamento do alinhamento postural. A precisão ajuda a combater padrões de movimento indesejados e diminuir o risco de lesões.
A casa de força constitui o pilar fundamental do método, uma vez que é composta pelos músculos que estabilizam a coluna vertebral e os órgãos internos. Pode ser denominada Cinturão de Força ou Powerhouse e se estende desde a base das costelas até a região inferior da pelve. O controle do centro de força proporciona a estabilização do tronco e alinhamento biomecânico com menor gasto energético.
A união dos princípios supracitados conduz ao último princípio fluidez do movimento ou integração de movimento que pode ser entendido como um movimento coordenado e com uma dinâmica específica. Segundo Romana Kryzanowska, o Método Pilates pode ser descrito como “um movimento fluído que emerge de um forte centro de força”. São movimentos contínuos e leves que absorvem de maneira suave o impacto.
Atualmente, observa-se grande difusão e aumento do número de adeptos do Método Pilates em todo o mundo, entretanto, há uma nítida carência de evidências científicas. Diante dessa perspectiva, o presente estudo de revisão bibliográfica objetiva embasar cientificamente os aspectos morfológicos, biomecânicos e clínicos envolvidos num dos princípios fundamentais do Método Pilates, o controle da casa de força. Por meio da base de dados do sistema Medline, foram pesquisados publicações periódicas e artigos indexados na área de saúde nos últimos dezessete anos, nas línguas português e inglês. O levantamento bibliográfico, realizado através de livros textos, refere-se às publicações atualizadas da literatura  especializada. No Medline, palavras-chave como powerhouse, postural control, contrology, balance, pelvic floor, abdominal muscles, transversus abdominis, diaphragm, trunk stability, respiratory muscles e suas similares em português, foram usadas isoladamente e em combinação na pesquisa. Após a análise do material bibliográfico, foram selecionados apenas os artigos de maior relevância para o objetivo proposto. 
Estabilização do tronco, A “Casa de Força” ou “Centro”
A casa de força é composta por cinco grandes grupos musculares de acordo com a região onde se encontram. São citados e descritos como músculos da região abdominal, o reto, o transverso e os oblíquos internos e externos do abdome. Constituindo a parede abdominal posterior ou região lombar são descritos os eretores e os transversos espinhais, os multífidos e o quadrado lombar. O grupamento extensor do quadril é composto pelos músculos glúteo máximo, isquiostibiais e a porção extensora do adutor magno. Os flexores do quadril compreendem os músculos iliopsoas, retofemoral, sartório e tensor da fáscia lata. A região do assoalho pélvico abrange os músculos transversos superficial e profundo do períneo, e o levantador do ânus que compreende as porções iliococcígea, pubococcígea e puborretal. Existem evidências de que os músculos do assoalho pélvico, o transverso abdominal (TrA) e o diafragma, quando co-ativados geram tensão nos elementos constituintes da casa de força, reforçando a função do controle postural da coluna vertebral. 
De acordo com suas características anatômicas, biomecânicas e fisiológicas, os músculos podem ser divididos em duas categorias: estabilizadores ou tônicos e mobilizadores ou fásicos.
Pesquisadores classificam os músculos em estabilizadores globais, estabilizadores locais e mobilizadores. 
Os estabilizadores são descritos como monoarticulares, profundos de contração excêntrica para o controle de movimento. Os mobilizadores são biarticulares ou multissegmentais, superficiais e trabalham essencialmente para aceleração do movimento e produção de força. O reto abdominal e as fibras laterais do oblíquo externo podem ser considerados como os principais mobilizadores, enquanto os oblíquos internos e o TrA são os maiores estabilizadores dos movimentos do tronco. Os estabilizadores primários são os músculos que não produzem movimento articular significativo, como os multífidos e o TrA. Os estabilizadores secundários, tais como os oblíquos internos têm uma excelente capacidade estabilizadora, mas, além disso, produzem movimento articular.
Os músculos que contribuem para a estabilização da cintura pélvica são divididos em dois grupos importantes: unidade interna e unidade externa. Os músculos da unidade interna abrangem os multífidos, o TrA, o diafragma e a musculatura do assoalho pélvico. 
Resultados de pesquisa recente fornecem evidências que os músculos diafragma e TrA, através de ações contínuas, contribuem para o controle da respiração e da postura. O diafragma intervém no domínio estático e dinâmico do tronco através da fixação do seu centro tendíneo, que age sobre a dobradiça toracolombar (T11, T12, L1, L2) permitindo o tensionamento dos músculos espinhais provocando aumento da lordose lombar. O TrA comprime a massa visceral contra os corpos vertebrais corrigindo a lordose. A contração simultânea diafragma-abdominais mantém a geometria abdominal.
Estudos demonstram que quando os músculos abdominais são fortemente recrutados, toda musculatura do assoalho pélvico é acionada. O pubococcígeo tende a contrair sinergicamente com o TrA; o iliococcígeo e o isquiococcígeo, com os oblíquos abdominais. Acredita-se que o reto abdominal esteja associado ao puborretal. A contração bilateral do iliococcígeo e do isquiococcígeo leva a contranutação do sacro; a contração do multífido leva a nutação do sacro. Juntos, o levantador do ânus e o multífido atuam como um par de forças para controlar a posição do sacro.
Quatro sistemas compõem a unidade externa: oblíquo posterior, oblíquo anterior, oblíquo lateral e longitudinal profundo. O sistema oblíquo posterior abrange os músculos grande dorsal, glúteo máximo e a fáscia toracodorsal interposta. Contribui de forma significativa para a transferência de carga através da cintura pélvica durante atividades de rotação do tronco e durante a marcha. As fibras inferiores do glúteo máximo auxiliam na extensão do tronco principalmente durante atividades vigorosas, tais como correr, saltar ou subir escadas. Esse músculo liga-se extensivamente à cintura pélvica, mesclando-se com o multífido ipsilateral através das lâminas superficiais da fáscia toracodorsal. A fáscia toracodorsal representa uma estrutura importante em relação à transferência de carga do tronco para os membros inferiores. 
Vários músculos responsáveis pela estabilização da cintura pélvica se ligam a essa fáscia e podem afetar a tensão no seu interior. Entre eles estão os músculos TrA, oblíquo interno, glúteo máximo, grande dorsal, eretor espinhal, multífido e bíceps femoral .
O sistema oblíquo anterior é formado pelos músculos oblíquos abdominais, adutores contralaterais do quadril e a fáscia abdominal anterior interposta. O sistema oblíquo lateral abrange os músculos glúteo médio e mínimo e os adutores contralaterais do quadril. Esses músculos são essenciais à função da cintura pélvica na posição ortostática e durante a marcha.O sistema longitudinal profundo inclui o eretor da espinha, a lâmina profunda da fáscia toracodorsal, o ligamento sacrotuberal e o músculo bíceps femoral. O bíceps femoral pode controlar o grau de nutação do sacro através das suas conexões com o ligamento sacrotuberal. 

Sistemas de estabilização lombar

Os discos intervertebrais, articulações zigapofi sárias e ligamentos constituem o sistema passivo. Os músculos e tendões adjacentes e atuantes na coluna vertebral compõem o sistema ativo. O sistema neural compreende os sistemas nervoso central e periférico que direcionam e controlam a atividade neuromotora, promovendo a estabilização dinâmica.
O modelo biomecânico proposto por Bergmark apud Hodges para manutenção da estabilidade lombar classifica os músculos como locais e globais. Os músculos locais são os multífidos, psoas maior, quadrado lombar, TrA e o diafragma que estão ligados às vértebras lombares diretamente e detém a habilidade de influenciar o controle inter-segmental. 
Os músculos globais, reto abdominal, oblíquo interno e oblíquo externo agem como acessórios ligados ao tórax e à pelve e têm a capacidade de controlar as forças externas que atuam na coluna vertebral.
Os multífidos têm como função auxiliar na extensão e flexão lateral da coluna vertebral ligando-se à lâmina profunda da fáscia toracodorsal na sutura que a separa do músculo glúteo máximo. As interconexões dos multífidos facilitam sua contribuição para a estabilidade da região lombar e da pelve.
O músculo reto abdominal é responsável pela flexão anterior do tronco, tracionando as costelas em direção à pelve; em conjunto com outros músculos abdominais, desempenha importante papel no controle postural. Os músculos oblíquos internos e externos são chamados de “cinturão natural” do corpo. Eles também são responsáveis pela flexão lateral e pela rotação da coluna vertebral.
Em estudo atual foi observada a ocorrência de dor nos músculos posteriores da coxa durante exercícios isométricos do tronco realizados até a exaustão, demonstrando o importante papel dos músculos extensores do quadril em auxiliar indiretamente os eretores espinhais na estabilização lombar e na prevenção de dor nesse segmento vertebral. 
A estabilização muscular ineficiente da coluna lombar resulta em aumento do risco de danos. Essa incapacidade pode ser resultante de desequilíbrios musculares caracterizados pelo encurtamento dos músculos eretores espinhais, flexores do quadril e a fraqueza dos abdominais e extensores do quadril. Para neutralizar as forças incidentes sobre as curvaturas da coluna vertebral, torna-se necessário o alongamento dos músculos eretores espinhais e flexores do quadril e o fortalecimento dos abdominais e dos extensores do quadril, promovendo melhor equilíbrio muscular.
Estudos demonstram que pacientes com dor lombar têm significante diminuição da força dos músculos estabilizadores e mobilizadores, determinantes da postura e movimentação da coluna lombar, além de redução da acuidade proprioceptiva e conseqüente dificuldade na percepção dos movimentos articulares. Desta feita, a execução de movimentos não fisiológicos predispõe às lesões na coluna vertebral. 
Dentro desta perspectiva, alguns estudos observaram alterações proprioceptivas durante o ato de sentar, na posição ortostática e de quatro apoios.
A fadiga dos músculos lombares interfere na habilidade de detectar a estática e a dinâmica da coluna lombar. Estudos fornecem evidências de que a coordenação dos músculos do tronco está alterada em pessoas com história de dor lombar, mesmo quando assintomáticas. Portanto, é importante considerar que estes indivíduos podem apresentar um risco maior de lesão pela estabilização muscular inadequada da coluna vertebral. Após episódio de dor lombar ocorre rápida e permanente atrofia dos músculos eretores espinhais. Todavia, através de exercícios de resistência isométrica é possível reverter a atrofia e reduzir recorrência da dor lombar.
Estudos indicam que o treinamento de resistência muscular dos extensores do tronco reduz a dor e melhora a função muscular em sujeitos com dor lombar subaguda e que o alongamento dos músculos paravertebrais é essencial para um posicionamento adequado da pelve e da coluna lombossacra na posição sentada.
De acordo com alguns autores o método Pilates deve ser preconizado no tratamento das disfunções do assoalho pélvico e na promoção da estabilidade do tronco. Uma vez que os controles iniciais do movimento da coluna vertebral são atingidos, alguns autores propuseram que Pilates é o método chave para manter e progredir a estabilização através de movimentos mais dinâmicos e funcionais.
Pesquisas comprovam que o método Pilates é eficiente no fortalecimento da musculatura do tronco, diminuindo desequilíbrios entre músculos extensores e flexores do tronco e reduzindo a probabilidade de lesões durante o exercício.
Investigando a atividade dos músculos abdominais superficiais, reto abdominal, oblíquo externo e reto femoral através de eletromiografia (EMG) durante exercícios de Pilates, verificou recrutamento significativo desses músculos, comprovando a eficácia do método na ativação da musculatura estabilizadora do tronco. 
A contração do músculo TrA em pessoas treinadas com Pilates, abdominais convencionais e grupo controle; concluiu que os exercícios preconizados pelo método proporcionam aumento da atividade profunda dos músculos abdominais e promovem manutenção do controle lombo-pélvico.
Estudos atuais comprovam a eficácia do Método Pilates na redução da dor lombar crônica através da ativação específica dos músculos estabilizadores da região lombo-pélvica.

Conclusão

Diante da análise feita neste estudo, observamos a importância de aprofundar o conhecimento sobre os aspectos morfofuncionais da casa de força, a fim de entender a relevância clínica deste princípio do Método Pilates no controle do equilíbrio da musculatura do tronco, diminuição da dor e melhora da função muscular. A prática segura dos exercícios preconizados por Pilates, fundamentada cientificamente, pode prevenir possíveis desconfortos lombares e promover integração mente-corpo, respeitando a singularidade e os limites de cada praticante e estabelecendo uma melhor qualidade de vida. É importante salientar que a aplicação clínica é ampla, desde que haja indicação adequada e participação ativa e consciente na execução dos exercícios. Todavia, novos trabalhos devem ser produzidos no intuito de enriquecer o método com bases teóricas e científicas sólidas.

Fonte:
  • Clinical and morpho functional aspects of the Pilates powerhouse method. Revista Fisioterapia Brasil, vol. 10, núm. 01, pag. 54.
Imagem:
  • Internet



segunda-feira, 18 de junho de 2012

Trabalho da mobilidade da coluna vertebral para o praticante avançado de fitness com a técnica de Pilates



A prática da atividade física evoluiu com a própria evolução do homem. O homem primitivo passou a lutar, caçar e fugir a fim de preservar a sua existência. Assim o homem à luz da ciência executa os movimentos corporais mais básicos desde que se colocou ereto: corre, arremessa, salta, trepa, empurra, puxa, etc.
Existem alguns fatos históricos no decorrer da civilização humana que talvez explique, em parte, a falta de exercícios específicos para melhorar a mobilidade da coluna vertebral. Durante o Império Romano e toda a idade média, os exercícios físicos ficaram restritos à função militar, incluindo, também, a caça e os torneios. A queda do Império Romano, por exemplo, foi muito ruim para a evolução da atividade física, principalmente com o crescimento do Cristianismo que, por sua vez, perdurou por toda a Idade Média, pois o culto ao corpo era considerado pecado, passando a ser cada vez mais reprimidos devido à comunidade altamente puritana não ver com bons olhos a atividade física.
Os exercícios beneficiados pela redescoberta dos valores gregos voltaram a despertar interesse maior só com o Renascimento. Mesmo assim, a ginástica como esporte, como conhecemos hoje, só se desenvolveu na Europa em meados do século XVIII. Mas só em 1829, na França, foi oficializada a atividade física denominada Ginástica Calistênica, sendo esta considerada precursora do Fitness. A Ginástica Calistênica revolucionou a atividade física do século XIX. Um dos pontos marcantes dessa modificação foi que essa modalidade passou também a incluir crianças, mulheres, obesos e idosos, onde antes eram excluídos.
A medida em que essa modalidade de ginástica foi evoluindo, era dada cada vez mais importância aos exercícios para os segmentos dos membros superiores e membros inferiores; enquanto que, a mobilidade da coluna vertebral era totalmente negligenciada. Quando o fitness surgiu na década de 80 houve a mesma linha de trabalho da Ginástica Calistênica, mantendo até a tendência de corpos musculosos, sem mobilidade de coluna vertebral, dando continuidade a essa ideia até os dias atuais.
Os profissionais de Educação Física começaram a se preocupar com a mobilidade da coluna em alunos praticantes de fitness, a partir das comparações realizadas com outras modalidades corporais, em especial o Pilates.
A técnica de Pilates apresenta uma grande importância tanto para os profissionais que trabalham com a abordagem corporal quanto para os alunos que realizam os exercícios. Esse método foi baseado em
diversas atividades (Yoga, mergulho, esqui, natação, boxe, etc) devido ao criador, Joseph Pilates, dessa
arte apresentar afecções osteomioarticulares quando criança. Ele tinha um propósito de melhorar a sua forma debilitada através do condicionamento físico, trabalhar o corpo da mesma maneira que uma pessoa sadia.
Apesar da técnica de Pilates ter quase um século de existência, só na década de 80 o sistema passou a ser utilizado pelos bailarinos, que começaram devido à técnica adquirir uma grande eficácia na recuperação de lesões. A exemplo do que aconteceu na Educação Física, a mobilidade da coluna vertebral também foi negligenciada na Dança e preocupados em executar movimentos sempre muito amplos, os bailarinos acabaram com a mobilidade da coluna vertebral prejudicada. Apenas alguns exercícios são ministrados em aulas de dança para a manutenção da mobilidade segmentar da coluna.
Um dos estudos mais interessantes acerca da técnica de Pilates foi realizado pelo fisioterapeuta americano Brent Anderson. Criador do método Polestar Pilates, chegou à conclusão que o Pilates deve ocorrer mobilidade da coluna vertebral em todas as direções onde os movimentos intersegmentares poderão auxiliar na manutenção da postura adequada.
Os movimentos articulados da coluna acabam por ativar o Centro de Força (Powerhouse), fazendo um bom suporte estrutural. Por enfatizar bastante o trabalho em torno do controle do centro de força, há uma maior facilidade na realização dos movimentos desejados, pelo meio da fluidez dos movimentos, da suavidade do gesto corporal e da leveza, permitindo que todas as partes do corpo trabalhem com segurança, consentindo,
assim, uma boa mobilidade da coluna vertebral.
Enfim, o método de Joseph ostenta o propósito de harmonizar o corpo, independente da idade ou condição física. As vértebras se mobilizam através da compressão e e deformação dos discos, e deslizamento dos ligamentos. A coluna vertebral faz movimentos de extensão, flexão, rotação e inclinação. A flexibilidade é a sua principal característica. As vértebras da coluna vertebral se articulam de modo a conferir, além de flexibilidade, estabilidade para a função de mobilização, postura e equilíbrio do tronco.
Os elementos contidos nesse trabalho pretendem explicar como e para que se deve melhorar a mobilidade da coluna vertebral dos praticantes avançados de atividades físicas realizadas em academias de ginástica (fitness), que apresentam flexibilidade, condicionamento cardiovascular e coordenação motora adequadas.
O motivo deste artigo para cogitar, prioritariamente, a mobilidade da coluna vertebral de praticantes avançados de fitness e não a de praticantes iniciantes e sem condicionamento físico da mesma modalidade é devido à falta de mobilidade da coluna vertebral em praticantes iniciantes e/ou com pouco condicionamento físico. Logo, se eles não sustentam uma boa condição física, também não conterá uma boa mobilidade da coluna vertebral.
Foram preconizados os seguintes exercícios e seus respectivos objetivos, durante as sessões das determinadas fases:

1ª fase:
Sereia (Wall): Mobilização e alongamento axial.
Gato ajoelhado (Wall ou Trapézio): Mobilização de coluna, controle do centro de força e alongamento axial.
Abdominal em 3 partes (Wall ou Trapézio): Mobilização de membros superiores e coluna vertebral.
Extensão de coluna (Wall ou Trapézio): Mobilização de coluna, alongamento axial e contração dos músculos abdominais mais profundos.
Pliés de pernas (Wall): Fortalecimento de membros inferiores.
Abraço unilateral (Reformer): Estabilização de cintura escapular, mobilização de membros superiores.
Série de braços sentada (Reformer): Fortalecimento de membros superiores, estabilização de cintura escapular e alongamento axial.
Série de pliés (Reformer): Fortalecimento de membros inferiores.
Sereia sentada (Reformer): Mobilização de coluna e estabilização de cintura escapular.
Flexão dorsal e plantar (Reformer): Fortalecimento e alongamento de tornozelo e panturrilha.
Desaceleração solear (Cadeira): Alinhamento e fortalecimento das extremidades inferiores.
Extensão da coluna (Cadeira): Mobilização da coluna vertebral, alongamento axial e estabilização dos membros inferiores.
Alongamento da coluna: Mobilização de coluna, alongamento da cadeia posterior, contração dos abdominais profundos e alongamento axial.
Elevação e depressão da escápula: Mobilização dos membros superiores e da coluna em extensão.
Roll up: Mobilização de coluna e fortalecimento dos abdominais.
Bicicleta: Alongamento de membros inferiores e fortalecimento dos abdominais.
Abdominal cruzado: Fortalecimento os oblíquos externos, cintura e centro de força.
Tesoura: Alongamento de membros inferiores.

2ª fase:
The hundred: Fortalecimento abdominal.
Série de ísquios tibiais: Fortalecimento de cadeia posterior.
The spine stretch: Mobilização da coluna vertebral, alongamento da cadeia posterior.
The saw: Mobilização da coluna vertebral, alongamento axial, contração dos abdominais profundos, integração das costelas com a pelve e alongamento da cadeia posterior.
Círculos com uma perna: Estabilização da pelve e dissociação do quadril, controle do tronco através da contração dos abdominais profundos.
Ponte no rolo: Estabilização dinâmica, mobilização de coluna e cintura escapular, fortalecimento de MMII, integração das costelas com a pelve.
Círculo do sol (Wall): Mobilização de coluna, alongamento de cadeia posterior e alongamento axial.
Roll over (Wall): Estabilização dinâmica, alongamento axial, mobilização da coluna.
Down stretch (Reformer): Estabilização dinâmica, alongamento axial, estabilização da cintura escapular e contração dos abdominais profundos.
Abdominal coordenation (Reformer): Estabilização dinâmica, alongamento axial e fortalecimento dos abdominais com coordenação de membros superiores e membros inferiores.
Círculos pélvicos: Alongamento axial, integração das costelas com a pelve, dissociação do quadril, articulação da coluna em flexão e extensão.
Série plataforma adutores e abdutores (Reformer): Alongamento axial, controle do tronco através da contração dos abdominais profundos e assoalho pélvico, fortalecimento de adutores, abdutores e
glúteos.
Castro Alves (Cadeira): Fortalecimento de MMII, equilíbrio e controle motor, alinhamento das extremidades inferiores, dissociação do quadril e alongamento axial.
V invertido (Cadeira): Estabilização dinâmica, fortalecimento dos abdominais profundos e da cintura escapular.
Sapo em decúbito lateral (Cadeira): Fortalecimento de adutores, abdutores e glúteos.
Elevador de braços (Cadeira): Estabilização dinâmica, alongamento axial, depressão das escápulas, alinhamento das extremidades superiores e fortalecimento de membros superiores.
Série de tríceps (Cadeira): Trabalho específico para os membros superiores.
Desaceleração solear (Cadeira): Trabalho específico para as extremidades dos MMII
Série de pliés (Cadeira): Fortalecimento de membros inferiores.

3ª fase:
Todos os exercícios da fase anterior
Rolling: Controle, equilíbrio, mobilidade do tronco, contração dos abdominais profundos.
Série de quadrúpede (Reformer): Coluna neutra, estabilização dinâmica, alongamento axial, contração dos abdominais profundos e depressão das escápulas.
Preparação para o teaser (Wall): Estabilização dinâmica, alongamento axial, contração dos abdominais profundos e fortalecimento dos flexores do tronco e do quadril;
Braços em T (Reformer): Estabilização dinâmica, alongamento axial, contração dos abdominais profundos e fortalecimento dos membros superiores.
Rowing (Reformer): Estabilização dinâmica, alongamento axial e mobilização do tronco com fortalecimento dos membros superiores.

4ª fase:
Mermaid: Estabilização dinâmica, alongamento lateral do corpo, fortalecimento dos abdominais profundos.
The hundred: Exercício de respiração que ativa a circulação sanguínea e aquece o corpo, fortalece o centro de força.
Roll up: Mobilização de coluna, alongamento dos ísquios tibiais e fortalecimento do centro de força.
Roll over: Mobilização, alongamento da coluna e fortalecimento do centro de força.
The double leg stretch: Exercício para fortalecimento dos abdominais, manutenção do centro de força e alongamento corporal.
Open-leg rocker: Estabilização dinâmica, fortalecimento do centro de força, mobilização e alongamento da cadeia posterior, massageando a coluna.
The corkscrew: Estabilização dinâmica, enfoque no centro de força, no alongamento da coluna e no equilíbrio corporal.
Alicate (Reformer): Estabilização dinâmica, controle e equilíbrio do tronco, fortalecimento dos MMSS e contração dos abdominais profundos.
Knee stretch round back (Reformer): Estabilização dinâmica, fortalecimento do centro de força e dos membros inferiores, mobilização da coluna.
Knee stretch (Reformer): Estabilização dinâmica, fortalecimento do centro de força e dos membros inferiores.
Long Spine (Wall): Estabilização dinâmica, mobilização de coluna, contração dos abdominais profundos e fortalecimento de toda a cadeia posterior.
Flyng eagle (Wall): Estabilização dinâmica fortalece membros superiores, mobilização de coluna e fortalecimento dos paravertebrais e controle do centro de força.
Série pés de águia no alto (Wall): Estabilização dinâmica, manutenção do centro de força, fortalecimento de membros inferiores, alongamento e mobilização dos membros inferiores e coluna, equilíbrio, controle e coordenação.
Up stretch (Reformer): Estabilização dinâmica, fortalecimento do centro de força, fortalecimento e alongamento da cadeia cinética anterior e posterior, mobilidade e alongamento da coluna.
Nado de peito (Reformer): Extensão de coluna, manutenção do centro de força, fortalecimento de ísquios tibiais, glúteos e paravertebrais, alongamento dos flexores.

Resultados
A aluna que começou o trabalho com a técnica de Pilates, não só melhorou a sua mobilidade da coluna vertebral como também minimizou alguns problemas físicos observados no começo do treinamento, demonstrando as seguintes modificações:
- Ombro direito menos elevado
- Bom alinhamento postural
- Leve hiperlordose lombar
- Redução da rotação do tronco para a direita
- Ótima flexibilidade da cadeia posterior
- Ótima flexibilidade de membros inferiores

Conclusão

Analisando o trabalho realizado pela aluna, pode ter visto que ocorreu a melhora da mobilidade de sua coluna vertebral através dos treinamentos preconizados. Além do benefício acima citado, foi verificada uma nova educação corporal global, responsável por uma melhor postura, uma boa condição neuromuscular. Ratificando, assim, a eficácia do método de Pilates e seus preceitos para uma condição física satisfatória de seus praticantes.

Referências:
  • Barbosa, F. Trabalho da mobilidade da coluna vertebral para o praticante avançado de fitness com a técnica de Pilates.




terça-feira, 12 de junho de 2012

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Avaliação isocinética da musculatura envolvida na flexão e extensão do tronco: efeito do método Pilates



O desequilíbrio entre a função dos músculos extensores e flexores do tronco é um forte indício para o desenvolvimento de distúrbios da coluna lombar. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito do método Pilates sobre a função de extensores e flexores do tronco.
O método Pilates (nível intermediário-avançado) mostrou-se uma eficiente ferramenta para o fortalecimento da musculatura extensora do tronco, atenuando o desequilíbrio entre a função dos músculos envolvidos na extensão e flexão do tronco.
A incapacidade de estabilização da coluna vertebral causada pelo desequilíbrio entre a função dos músculos extensores e flexores do tronco é um forte indício para o desenvolvimento de distúrbios da coluna lombar. Atualmente, existem evidências que sugerem a inclusão de exercícios voltados para o fortalecimento dos músculos envolvidos na flexão e extensão do tronco nos programas de prevenção e reabilitação da dor na região da coluna lombar (lombalgia).
A lombalgia é um dos mais comuns problemas da sociedade moderna, representando grande parcela de gastos na área de saúde pública. Dados epidemiológicos demonstram que, nos Estados Unidos da América, a lombalgia é a causa mais frequente de incapacidade física para o trabalho em pessoas com menos de 45 anos. Estima-se que o gasto anual relacionado a esse problema (custos médicos e indenizações) ficou em torno de 20 bilhões de dólares durante a década de 90. A previsão para a próxima década é de que esses gastos superem 50 bilhões de dólares. A dificuldade de prevenção e tratamento da lombalgia é devida a sua etiologia ser multifatorial e também devido ao fato de que muitas das suas causas ainda permanecem desconhecidas. Frequentemente, a lombalgia está associada ao sedentarismo, sendo considerada uma das mais comuns doenças hipocinéticas. Apesar de evidências teóricas apontarem para a importância da atividade física na prevenção da lombalgia, não existem recomendações específicas para a elaboração de programas de treinamento na prevenção desse problema.
O método Pilates desenvolvido por Jopeph Pilates no início da década de 1920 tem como base um conceito denominado de contrologia.
Segundo Pilates, contrologia é o controle consciente de todos os movimentos musculares do corpo. É a correta utilização e aplicação dos mais importantes princípios das forças que atuam em cada um dos ossos do esqueleto, com o completo conhecimento dos mecanismos funcionais do corpo, e o total entendimento
dos princípios de equilíbrio e gravidade aplicados a cada movimento, no estado ativo, em repouso e dormindo. Os exercícios do método Pilates são, na sua maioria, executados na posição deitada, havendo diminuição dos impactos nas articulações de sustentação do corpo na posição ortostática e, principalmente, na coluna vertebral, permitindo recuperação das estruturas musculares, articulares e ligamentares particularmente da região sacrolombar. O sistema básico inclui um programa de exercícios que fortalecem a musculatura abdominal e paravertebral, bem como os de flexibilidade da coluna, além de exercícios para o corpo todo.
Já no sistema intermediário-adiantado são introduzidos, gradualmente, exercícios de extensão do tronco, além de outros exercícios para o corpo todo, procurando melhorar a relação de equilíbrio agonista-antagonista. Uma vez que o método Pilates preconiza a melhoria das relações musculares (agonista e antagonista), o objetivo foi testar o efeito desse método de treinamento sobre o torque isocinético dos extensores e flexores do tronco medido a velocidade angular de 120 graus por segundo.
As sessões de treinamento, com duração média de 45 minutos, foram dadas em cinco turmas de quatro participantes por vez, em nível intermediário-avançado, usando-se aparelhos específicos do método: Reformer, Cadilac, Wunda-chair, Electric-chair, Pedi-pull, Barrel, Magic circles, bem como, exercícios sem aparelhos (Mat). A sessão de treinamento iniciou-se no aparelho Reformer, no qual foram realizados os seguintes exercícios: foot work series, the hundred, short spine massage, coordination, rowing, pulling straps, backstroke with reverse, teaser, short box series, long stretch, down stretch, elephant, stomach massage (round, hands back, reach up, twist), tendon stretch, semi-circle, chestexpansion, thigh stretch, arm-circles with variation, corkscrew, leg circles frog, knee stretch series, running, pelvic lift. Entre o exercício rowing e o pulling straps, foi realizado o exercício swan no aparelho Barrel. Subsequentemente, foram realizados os exercícios sem aparelhos (Mat): single leg stretch, double leg stretch, single straight, double straight, criss cross. Após os exercícios sem aparelhos (Mat ), foi utilizado o aparelho Wunda-chair com os respectivos exercicícios: pushing down with hands, pull up, balance control front, the table, teaser. Na sequência foi utilizado o aparelho Cadillac com os respectivos exercícios: leg circle, walking, beats, pull up hanging. A sessão foi finalizada no aparelho Pedi-pull, no qual foi realizado o exercício chest expansion seguido da série de Magic circles. Os exercícios para alongamento e fortalecimento dos extensores da coluna, realizados sem hiperextensão do tronco, são short box (round, flat side to side e tree); stomach massage (round, hands back, reach up, twist). Posteriormente, são introduzidos no sistema avançado os exercícios: rowing III, IV, V e VI. Já os exercícios introduzidos no sistema intermediário, com hiperextensão do tronco são: pulling straps I e II e swan on the barrel. E finalmente, os exercícios de fortalecimento do power house: stomach masage, short box, teaser, long stretch, realizados no Reformer; série dos abdominais do Mat (single leg stretch, double leg stretch, single straight, double straight, criss cross) e na Wunda-chair, os exercícios: pushing down with hands, pull e teaser.
Os indivíduos foram avaliados, antes e após as sessões de treinamento.
O funcionamento da coluna lombar de seres humanos é único. Em outros primatas, observa-se postura curvada para frente sem lordose. A lordose é frequente em quadrúpedes; entretanto, nesses animais a espinha não funciona sobre força axial, como em seres humanos, que mantêm a postura ereta. O músculo responsável pela manutenção da postura lordódica nos seres humanos é o multífido. A função desse músculo está relacionada à extensão do tronco. Tem sido demonstrado que a função do multífido está
prejudicada em pacientes com lombalgia. Por outro lado, a função dos flexores do tronco parece não ser alterada em pacientes com lombalgia, reforçando a maior importância da realização de exercícios para a musculatura extensora. O sedentarismo está diretamente relacionado ao enfraquecimento da musculatura envolvida na extensão do tronco e, consequentemente, é considerado fator de risco para a etiologia da lombalgia.
Em um recente estudo foi observado que pacientes com lombalgia apresentavam 40% de decréscimo na força de extensores do tronco em relação a indivíduos assintomáticos (grupo controle). Após o treinamento de força com ênfase nos extensores do tronco por oito semanas, os pacientes apresentaram ganho de 100% na força desses músculos em relação ao início do treinamento. Já no grupo controle o ganho foi de apenas 10% em relação ao valor inicial. Ainda nesse estudo foram realizadas imagens de ressonância magnética na secção transversa do multífido, que demonstraram que em pacientes com lombalgia foi detectada hipertrofia desse músculo após o treinamento. Uma limitação do presente estudo foi a falta do grupo controle, porém, de acordo com outro estudo, ficou comprovado que em indivíduos sedentários (grupo controle) o ganho de força foi insignificante em relação ao marcante aumento observado no grupo treinado. Os resultados demonstraram que em todos parâmetros avaliados (pico de torque, 25%; trabalho total, 30%; potência, 30%; e quantidade de trabalho total, 21%), foi constatado aumento significativo no valor pós-treinamento em relação ao valor pré-treinamento.
Outro estudo, também utilizando treinamento de força para músculos extensores do tronco, acompanhou 400 indivíduos que reportavam lombalgia por um ano. Após oito semanas de treinamento (duas vezes por semana), 80% dos participantes reportaram atenuação dos sintomas da lombalgia. Após um ano de estudo, houve apenas 11% de reutilização de serviços médicos devido à lombalgia.
Em um outro estudo de caso, reportou que o método Pilates foi eficiente no tratamento de uma paciente com escoliose. Nossos resultados demonstraram que o método Pilates foi eficiente em promover aumento em todos os parâmetros avaliados (pico de torque, trabalho total, potência e quantidade de trabalho total) durante a extensão do tronco em relação ao valor pré-treinamento. Além disso, também verificamos que esse aumento foi responsável pela queda na relação flexores: extensores em todos os parâmetros avaliados (pico de torque, trabalho total, potência e quantidade de trabalho total), aproximando-a do valor ideal considerado (equilíbrio entre flexores e extensores).
Com relação aos flexores foi detectada melhora discreta no trabalho total e na quantidade de trabalho total. Ao comparar indivíduos sedentários e treinados, foi constatado que a função dos flexores do tronco (torque, trabalho e potência) era semelhante, indicando que a musculatura flexora do tronco é menos suscetível à falta de treinamento. Através dos nossos resultados podemos constatar que a musculatura envolvida na flexão também foi menos responsiva ao estímulo do método Pilates. Apesar de existir uma crença de que o reforço da musculatura flexora do tronco (músculos abdominais) é uma prioridade nos programas de exercício e reabilitação da coluna lombar, evidências recentes não confirmam essa hipótese. Acreditava-se que o aumento da pressão intra-abdominal reduziria a compressão sobre a espinha e os discos intervertebrais, atenuando dessa forma a lombalgia. Entretanto, em uma recente revisão da literatura não foi possível comprovar essa relação entre aumento da pressão intra-abdominal e atenuação da lombalgia. Além disso, a pressão intra-abdominal não é aumentada durante a contração dos músculos abdominais. Também foi observado que o treinamento de força com ênfase sobre essa musculatura não foi eficiente em promover aumento da pressão intra-abdominal.
Existem evidências convincentes de que a realização de um programa de exercícios com ênfase no fortalecimento da musculatura extensora do tronco restaura a função da coluna lombar e pode prevenir o surgimento da lombalgia. O método Pilates (nível intermediário-avançado) mostrou-se eficiente para promover aumento do pico de torque, trabalho total, potência e quantidade de trabalho total dos músculos relacionados à extensão do tronco. Esses resultados indicam que esse método de treinamento pode ser utilizado como estratégia para o fortalecimento dessa musculatura, atenuando o desequilíbrio entre a função dos músculos envolvidos na extensão e flexão do tronco.

Fonte:

  • Inélia Ester Garcia Garcia Kolyniak, Sonia Maria de Barros Cavalcanti, e Marcelo Saldanha Aoki


domingo, 3 de junho de 2012

Hérnia de disco cervical tratada com fisioterapia




A dor de origem cervical que se irradia para o ombro, braço, mão, cabeça bem como no pescoço, é frequentemente resultado da irritação das raízes nervosas na região do foramen intervertebral, da invasão do leito vascular durante seu curso no canal vertebral, ou da invasão da medula no canal vertebral.
O mecanismo que origina a dor e a incapacidade na região cervical, pode ser considerado corno resultado do estreitamento do espaço ou de movimento defeituoso na região do pescoço, pela qual passam os nervos ou vasos sanguíneos.
A compressão da raiz nervosa por hérnia de disco cervical é pouco frequente. "Para entrar em contato com o nervo, o disco deve herniar para o espaço intervertebral e fazer protrusão em direção dorsolateral".
As complicações da hérnia de disco cervical incluem perda de sensibilidade, dor de cabeça, diminuição de força etc. Considerando que o mecanismo que origina a dor e as parestesias e, como consequência, incapacidade funcional de toda a região cervical, pode ser resultado do estreitamento do espaço ou do movimento defeituoso na região do pescoço, imaginou-se que uma das possíveis causas da dor pudesse
ser a retificação da coluna cervical. Assim, tanto nas curvas lordóticas acentuadas quanto nas retificações das curvas cervicais, existe a necessidade de um alongamento muscular localizado e global, uma vez que a compensação de um segmento leva a compensações em outras regiões do corpo. Neste estudo, quando o trabalho era realizado em decúbito dorsal, usou-se um rolo sob a coluna cervical no sentido de recriar a curva fisiológica perdida. O que se observou em outros pacientes é que o alongamento muscular não era suficiente para diminuir a sintomatologia referida, pois quanto mais se alongavam os músculos, mais se acentuava a retificação, não havendo diminuição dos sintomas referidos. Assim, a partir do momento em que se atentou para o uso do "rolo" durante as sessões e em casa ao deitar, houve um desaparecimento dos sintomas em poucos dias, sugerindo então uma atenção especial para um exame atento do paciente, e um RX comprobatório da situação da coluna cervical. A literatura pouco se refere à atuação da fisioterapia e da sua eficácia nos pacientes com hérnia de disco cervical. O artigo propôs um trabalho de fisioterapia visando melhorar a força muscular e o ganho de amplitude articular em pacientes com hérnia de disco cervical. Neste trabalho ele compara estes dois aspectos antes e após o tratamento de fisioterapia, obtendo resultados satisfatórios. Nos nossos pacientes não foi observada limitação de movimento, apenas a restrição imposta pela dor, que foi sanada a partir do momento em que esta foi eliminada. Assim, ao invés de melhorar a força muscular, optou-se por alongar as estruturas encurtadas em nível local e geral.
Este aspecto vem de encontro à afirmação de Méziêres, que na década de 50, já dizia que a questão não está na fraqueza da musculatura posterior, mas no excesso de força, sugerindo então que a solução seria soltar os músculos posteriores para que eles libertem as vértebras mantidas num arco côncavo. Assim, no nosso trabalho, foi feita a mesma analogia: ao invés de fortalecer músculos, optou-se por "soltar" os músculos que se achavam encurtados, objetivando com isso conseguir um alongamento das estruturas musculares. Entende-se por alongamento muscular, qualquer manobra terapêutica elaborada para alongar estruturas de tecido mole encurtadas. Sua indicação mais frequente refere-se à necessidade de alongar os encurtamentos, sempre que estes interferirem com as atividades da vida diária.
A avaliação da dor, dos sintomas de parestesia e diminuição da força muscular foi feita através do relato verbal dos indivíduos, que afirmaram terem estas desaparecido, mostrando-se satisfeitos com o retorno às atividades diárias sem restrição alguma.
Por isso a importância de um trabalho global, atuando no corpo com um todo, melhorando as distribuições de forças, organizando essas alterações, reeducando e aliviando as dores. Com a evolução o aluno pode passar para uma atividade que vai dar continuidade ao trabalho que foi realizado com fisioterapia, por exemplo o Pilates que não vai ter um trabalho específico da cervical, mas vai reeducar o movimento e postura da cabeça sobre o tronco, do tronco sobre a pelve, ajustando as curvaturas fisiológicas e completando o trabalho de organização das fibras tônicas posturais feito pelo alongamento das fibras em excêntrico executado na sessão de fisioterapia.

 
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