domingo, 2 de dezembro de 2012

Dismenorreia primária X Pilates








A dismenorreia primária é um distúrbio ginecológico também conhecido como menalgia, caracterizada por dores no baixo ventre que podem irradiar para as coxas e parte inferior e superior da coluna vertebral, sendo comumente associada à náuseas, cefaleia, cansaço e diarreia. As dores aparecem normalmente no dia anterior ou no primeiro dia de fluxo menstrual desaparecendo no fim da menstruação.
Esta doença acomete 60% das mulheres, com sintomas sistêmicos, tais como cefaleia (60%), dor lombar, náuseas e vômitos (80%), diarreia (50%), irritabilidade (30%), adinamia (45%) entre outros.
Vários tratamentos são propostos para a dismenorreia e incluem o uso de anti-inflamatórios não hormonais, anticoncepcionais orais, vitaminas, agentes tocolíticos e acupuntura, entre outros. Outra forma de tratamento envolve a prática de atividades físicas, pois se acreditam que ela melhora o funcionamento dos órgãos pélvicos e extrapélvicos por adequar o metabolismo, o equilíbrio hidroeletrolítico, as condições hemodinâmicas e o fluxo sanguíneo que promovem o fenômeno chamado de analgesia pelo exercício físico, por meio de mecanismos endógenos e de liberação de opioides endógenos que aumentam o limiar de dor.
Joseph Humbertus Pilates criou uma série de exercícios baseados nos movimentos progressivos que o corpo é capaz de executar. A literatura aponta ainda como vantagens estimular a circulação e melhorar o condicionamento físico, que ajudam na prevenção de lesões e proporcionam alívio das dores, com ótimos resultados.
Assim surgiu o interesse em avaliar o referido método como recurso não medicamentoso para o tratamento da dor em mulheres com dismenorreia primária.
A presente pesquisa por meio de dois instrumentos avaliativos da dor evidenciou redução significativa na intensidade da dor relatada pelas participantes do método Pilates. A redução ocorreu, pois com os exercícios do método Pilates há aumento da circulação sanguínea, a correção de desequilíbrios musculares e posturais e a recuperação da vitalidade do corpo e da mente, contribuindo para a redução da dor.
No protocolo utilizado, em sua maioria os exercícios foram feitos na posição deitada, uma vez que essa posição proporciona diminuição dos impactos nas articulações de sustentação do corpo, principalmente, na coluna vertebral, permitindo recuperação das estruturas musculares, articulares e ligamentares, particularmente na região lombar e sacral, pois esses movimentos possibilitam maior mobilidade pélvica, reduzindo a dor, possibilitando assim, que pessoas de vários segmentos etários possam se beneficiar do método.
No presente estudo, os atendimentos tiveram duração de 60 minutos cada, duas vezes por semana, devido à disponibilidade das participantes. Há consenso entre os estudos que o tempo de cada sessão deve ser de 60 minutos, e que todos os princípios do método devem ser seguidos quando é aplicado como forma de reabilitação. Todavia, ainda não existe uma definição do tempo necessário para alcançar os objetivos propostos pelo tratamento, nem tampouco qual deve ser a frequência de aplicação, sendo que a maioria dos estudos recomenda que o método seja aplicado três vezes por semana.
Acredita-se que essa redução foi possível devido a essa prática promover a adequação do metabolismo, do equilíbrio hidroeletrolítico e das condições hemodinâmicas, melhorando fluxo sanguíneo pélvico.
Estudos relatam que o método Pilates aplicado em mulheres com lombalgia reduziu os níveis de dores, melhorando a qualidade das atividades da vida diária, mostrando que futuras pesquisas podem ser importantes para comprovar a influência do método Pilates sobre a flexibilidade, a capacidade respiratória e os aspectos psicoemocionais.
Em pesquisa realizada com 100 mulheres com dor lombar, praticantes de atividade física sistemática observou-se que em 26% das praticantes não houve alteração do quadro, mas mesmo assim continuou a prática de atividade física, em 74% os sintomas foram reduzidos ou desapareceram, enquanto se mantiveram assíduas praticantes de atividade física, dados semelhantes aos resultados obtidos nesta pesquisa.
Outro estudo com o método Pilates evidenciou que durante um período de seis meses, houve redução considerável do quadro álgico de pacientes com lombalgia; grande parte dessa analgesia foi obtida com apenas um mês do programa.
A utilização dos dois instrumentos avaliativos do grau de dor no presente estudo (EAV e McGill) serviu para determinar a similaridade dos dados obtidos em cada fase, aumentando a fidedignidade dos resultados.
Os resultados da maioria das pesquisas vão de encontro aos obtidos no presente estudo com o método Pilates, que atuaria melhorando a circulação pélvica, diminuindo as tensões musculares, proporcionando um alongamento de todas as estruturas envolvidas com consequente alívio da dor.
Esse fenômeno é chamado de analgesia induzida pelo exercício, ou seja, durante o período de tratamento com o método Pilates, essas mulheres podem ter aumentado o limiar de dor, devido à adequação dos mecanismos endógenos de controle da dor. O organismo passaria a secretar mais neurotransmissores, tais como noradrenalina, serotonina, encefalinas e dopamina, que agiriam na inibição e no controle da dor.
Outra possível justificativa para esse fenômeno seria a ação dos opioides endógenos, sendo que o opioide mais importante para esse efeito é a endorfina, que aumenta a tolerância à dor, reduz a ansiedade, a tensão, entre outros
Os resultados da presente pesquisa confirmam aqueles já relatados na literatura que afirmam que o exercício físico pode ser utilizado como tratamento não medicamentoso para diminuição de dores. Contudo, a realização de mais estudos voltados para esta temática deve ser estimulada, com amostra maior, para comprovar os resultados da presente pesquisa.


CONCLUSÃO
Os dados do presente estudo permitem concluir que a utilização do método Pilates, como prática de atividade física, proporcionou melhora dos sintomas associados à dismenorreia primária, reduzindo a dor das pacientes, mostrando-se alternativa não medicamentosa promissora.


Fonte:

  • Araújo L. M,Silva J. M, Bastos W. T, Ventura P. L. Diminuição da dor em mulheres com dismenorreia primária, tratadas pelo método Pilates. Rev. dor vol.13 no.2 São Paulo Apr./June 2012.



 
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