sábado, 23 de julho de 2011

Pilates nas disfunções da coluna



Espondilite Anquilosante

Essa doença tem como características essenciais, a presença de sacroileíte bilateral e alterações inflamatórias nas articulações vertebrais.
O início da doneça, em geral, ocorre no final da primeira ou início da segunda década de vida e, é raro que comece após os 40 anos.
A etiologia é deconhecida, sabe-se que é uma doença reumática (tecido conjuntivo) quje se manifesta por dores nas costas com rigidez matinal e noturna prolongadas. A rigidez melhora com o exercício.


Fatores que poderiam levar a um diagnóstico positivo da Espondilite:

.Início de desconforto nas costas antes dos 40 anos.
.Início insidioso e não abrupto.
.Persistência por mais de três meses
.Rigidez matinal
.Melhora com exercícios

As alterações inflamatórias ocorrem em um estágio inicial da entese, com envolvimento das inserções músculo-tendíneas principalmente ao redor da pelve, pode-se encontrar também na sínfise púbica e no manúbrio esternal. As articulações costovertebrais também são envolvidas com frequência resultando em dor no peito e excursões respiratórias restritas.

Prognóstico

Doença progressiva que leva a anquilose da coluna, quadril e fibrose pulmonar.


Pilates

De acordo com os sintomas e o curso da doença, o Pilates tem grande importância nesta patologia por promover a mobilização segmentar, aumentar a capacidade respiratória, alongamento dos músculos de adaptação das articulações melhorando seu estado geral, retardando as chances da progressão da doença.

Artrite Reumatóide



É uma doença sistêmica inflamatória de etiologia desconhecida que é caracterizada por seu padrão de envolvimento articular simétrico. Seu principal local de agressão é a sinóvia das articulações que no início fica inflamada e depois forma um pannus com invasão óssea causando as deformações.
Na articulação atlantoaxial há eventos inflamatórios levando a um aforuxamento do ligamento transverso, o que produz subluxação anterior da articulação atlantoaxial o que pode ocorrer em toda a coluna cervical.
Às vezes as lesões cervicais podem ser assintomáticas. A principal queixa é dor no pescoço com rigidez, que pode estar associada à vertigem e estalido no pescoço.
A coluna lombar a discite pode causar instabilidade vertebral e destruição do disco.

Pilates

Importante no fortalecimento dos músculos evitando as subluxações e instabilidades. Porém, os exercícios devem ser realizados com cautela e evitando todos os movimentos onde haja carga na coluna cervical.

Fibromialgia



É uma síndrome dolorosa difusa não-inflamatória, não-auto imune e crônica, de etiologia desconhecida com presença de trigger points. Além da dor músculo-esquelética crônica difusa, refere-se à rigidez matinal, fadiga intensa, sono não restaurador e parestesias.
Existe um mapeamento de 11 a 18 pontos dolorosos e podem estar presente por pelo menos três meses.
Há pesquisas de que existe relação neuro-psicoimunoendócrinas com a doença.
Até o momento, não há evidências de que pacientes com fibromialgia tenham um distúrbio inflamatório ou metabólico do sistema músculo-esquelético. Há evidências de pacientes fibromiálgicos descondicionados, o que se dá provavelmente ao desuso como resultado da dor crônica. É postulado que o músculo descondicionado é mais suscetível a microtraumas como um resultado de atividades. Tais microtraumas podem então resultar em maior dor que reduziria ainda mais a atividade, levando a um ciclo vicioso de inatividade muscular, descondicionamento, microtrauma e dor.

Pilates

Faz parte de uma das atividades mais indicadas, pois é uma modalidade de condicionamento gradual, evitando os microtraumas e ao mesmo tempo alongando para evitar a fadiga. O ritmo respiratório promove uma harmonia, equilíbrio mente corpo e um bem-estar global.
O fisioterapeuta deverá apenas ter cuidado com o condicionamento do paciente. Iniciar com um programa leve, constando de alongamento e ritmo respiratório, evoluindo gradualmente, dependendo de cada caso.

Osteoporose



É uma doença sistêmica caracterizada pela diminuição de massa óssea com deterioração da sua estrutura, o que leva a uma redução de sua resistência mecânica, aumentando o risco de fraturas espontâneas ou perante traumas. Na osteoporose existe tanto um déficit na mineralização como na síntese da matriz colágena.

Os principais fatores de risco:

.Histórico familiar
.Baixa estatura e pouco peso
.Pele clara
.Menopausa precoce
.Estilo de vida sedentária
.Ingestão baixa de cálcio
.Tabagismo
.Medicamentos (corticóides, etc).

Pilates

Já foi comprovado que o exercício físico é benéfico para a produção dos osteoblastos e a massa óssea, principalmente exercícios com carga.
No pilates a carga é oferecida pelas molas e ao mesmo tempo a coluna é poupada, pois os exercícios, no início deverão ser feitos nas máquinas onde a coluna é apoiada, evitando movimentos com grandes amplitudes e carga direta na coluna.


Osteoartrose



É um distúrbio músculo-esquelético progressivo e lento que tipicamente afeta as articulações das mãos, colunas, quadril e joelho (articulações que suportam carga). É a principal causa de incapacidade dos idosos.
É caracterizado por dor articular, rigidez após repouso e limitação dos movimentos.

Pilates

Um programa de condicionamento específico tem um papel significante na melhora da amplitude de movimento, função e dor.
Estudos demonstram a eficácia dos exercícios nesta disfunção e também no bem-estar psicológico. Entretando, exercícios com peso podem piorar a cartilagem articular e o osso subcondral.
O correto deve ser exercícios sem cargas que promovem amplitude e alongamento de fácil execução. Tudo isso se encontra no pilates, pois respeitando seus princípios, deverá ser feito um programa adaptado e sem carga nas articulações comprometidas.

Fonte:
.Rocha S; Salgado M; Machado S, Pilates e a terapia manual na hérnia de disco lombar, 1ª edição, Ceará, 2007.

Imagem:
.Google

Espondilólise e espondilolistese



Espondilólise

É uma má formação anatômica ou fratura de estresse ou trauma que provoca a descontinuidade dos pares articulares, podendo ser unilateral, associada ou não a espondilolistese, (se a fratura alterar a estabilidade vertebral), apresentando graus variados de separação.

Etiologia

Alterações no desenvolvimento gerando má formação vertebral e fraturas por estresse são as principais causas.
O istmo vertebral é a região mais vulnerável aos microtraumas repetitivos. Estes ocorrem nas várias atividades físicas de um indivíduo em crescimento, tais como judô, ginástica olímpica, lutas, levantamento de peso, e esportes que exigem saltos, os quais apresentam maior incidência de espondilólise. Os atletas envolvidos com esportes que exigem movimentos de rotação repetitiva, extensão ou flexão acentuada, podem apresentar esta lesão.
Como esta lesão foi descrita apenas em humanos, é possível que a postura ereta associada a estresse inapropriado possa representar um fator etiológico importante. Provavelmente, estas diferentes origens estejam presentes sozinhas ou de maneira associada em cada caso.

Incidência

A prevalência parece ser aumentada em homens e indivíduos fortemente ativos ou em atletas. Há um forte componente de hereditariedade. A maioria dos casos ocorre em L5 (cerca de 90%), o defeito é unilateral em um quinto das ocorrências. Quanto mais cranial for a vértebra menor a frequência da espondilólise (menor carga nos pedículos articulares).

Diagnóstico

A história clínica fornece os elementos para o diagnóstico. O exame físico geralmente não é o característico, sendo que a dor lombar pode ocorrer na região central ou lateral; caso a lesão for unilateral perceptível à palpação, o paciente poderá apresentar posição antálgica, com modificações posturais.
O diagnóstico é confirmado com radiografias da região lombosacra A.P, perfil e oblíquoas (onde é encontrado o típico sinal radiológico do "cachorro de Lachapelle"), as radiografias dinâmicas em flexão e extensão permitem melhor caracterização da instabilidade e fornecem dados que podem ter importância na conduta terapêutica.
Porém, na fase inicial da espondilólise a lesão somente é visível em exames que demonstram alta sensibilidade, como a cintilografia óssea e a ressonância magnética, porém a tomografia computadorizada permite a nítida visualização da lesão na fase inicial, (mais indicada na fase de edema), através dos cortes paralelos ao ístmo vertebral.

Tratamento e contra indicações:

.Evitar rolamento caudo-cranial com cargas excessivas sobre as vértebras
.O peso corporal é uma contra indicação
.Evitar a extensao de tronco

O que deve ser realizado:

.Alongamento axial
.Rolamentos crânio-caudal
.Trabalhar tonificação dos músculos eretores
.Fortalecimento abdominal principalmente transverso.


Espondilolistese




É uma deformidade em que uma vértebra desliza sobre a outra e provoca um desalinhamento da coluna. Este deslizamento ocorre de forma muito lenta, e muitas vezes está estacionado.

Tipos de espondilolistese:

Associada à espondilólise

Deslizamento vertebral anterior com presença de alterações nos arcos neurais originadas por traumas ou deformações congênitas.

Espondilolistese degenerativa

É uma forma particular de estenose degenerativa do canal vertebral lombar caracterizada pelo deslizamento de uma vértebra em presença de arco neural íntegro. Ela resulta da degeneração do disco associada à artrose dos elementos articulares posteriores. A estenose é agravada pela deformação degenerativa dos processos articulares e obstrução constante dos recessos laterais. Correspondem a 25% dos casos de espondilolisteses com predominância no nível L4-L5.

Etiologia

Atletas jovens com diagnóstico de espondilólise tem maior risco de desenvolver espondilolistese emtre 9 e 14 anos de idade sendo mais encontrada o sexo feminino do que no masculino, em outro estudo realizado a sintomatologia foi antes dos 20 anos de idade em 23% dos 415 pacientes analisados.
Em um estudo feito com 100 ginastas americanas, constatou que 11% desta população apresentavam alteração nos pares interarticulares devido aos movimentos repetitivos de hiperflexão e de torção da coluna.

Classificação

.Grau 1: ocorre um deslizamento de 25%
.Grau 2: ocorre um deslizamento de 50%
.Grau 3: ocorre um deslizamento de 75%
.Grau 4: deslizamento completo sendo nomeado de espondiloaptose, deslocamento completo de L5 à frente de S1.


Instabilidade da coluna lombar

Resposta anormal a uma força externa, devido a um aumento da mobilidade do segmento motor, além dos limites da amplitude normal, isto pode ocorrer devido a uma falha dos elementos estáticos ou dinâmicos ou alterações no sistema neuromuscular. Durante a extensão da coluna a estabilização virá do ligamento longitudinal anterior, do anel fibroso anterior e das articulações facetárias. Pode ocorrer hipertrofia do ligamento amarelo devido ao excesso de hiperextensão gerando estenose no canal vertebral.
Na presença de degeneração ou trauma o efeito estabilizador das estruturas estáticas diminui tornando necessário uma maior intervenção dos componentes dinâmicos (músculos, tendões e fáscias tóraco lombar). As estruturas musculares tem uma ação direta (prevenção de um movimento indesejado), no caso da espondilolistese seria a extensão da coluna. Já o sistema de controle neural é responsável pelo equilíbrio estático e dinâmico que são monitorados por receptores localizados nos ligamentos e articulações que são transmitidas através do circuito neuronal ativando grupos musculares específicos que "restauram a estabilidade". Porém, essa estabilidade só acontecerá se houver um equilíbrio de forças dos músculos envolvidos com a área afetada (M. psoas, M. multífidos, M. eretores da coluna).
A quinta vértebra é sustentada entre as cristas ilíacas e ancorada pelos ligamentos ílio lombares. A quarta vértebra lombar é mais vulnerável, sobretudo quando o sacro é alto congenitamente estando L5 invaginada entre as cristas ilíacas.

Alterações posturais da espondilolistese

O tórax apresenta-se retificado com a pelve em báscula anterior levando as coxofemurais em rotação interna.
Na maioria dos pacientes ocorre uma verticalização sacral e retificação lombar gerando um encurtamento na cadeia posterior. A marcha anserina passa a ser típica.
A presença de quadro álgico só aparece a partir do grau 2, estando localizado na região lombar e às vezes na região glútea e região posterior da coxa . É relatada dor do tipo mecânica, que é decorrente do esforço físico e melhora com o repouso.
Pode ocorrer dor do tipo ciática por compressão da raiz nervosa devido ao estreitamento do forame de conjugação devido a uma formação de massa fibrocartilaginosa no efeito (par interarticularis).

Tratamento cirúrgico

O tratamento cirúrgico das instabilidades da coluna pela artrodese foi introduzido aproximadamente em 1920 e atualmente, está amplamente difundido. As fusões são realizadas em pacientes portadores de espondilolistese ou doença degenerativa acomentendo mais a regiões cervical e lombar.
Em 1969 houve a introdução do instrumental como o uso de parafusos pediculares tendo como objetivo: aumentar a estabilidade pós operatória e favorecer a consolidação da artrodese.
A eleição para cirurgia é quando a sintomatologia não regride com o tratamento conservador ou ocorre a listese progressiva acima de 50% (grau 3), já levando a distúrbios da marcha.

Tratamento

O tratamento consiste em um programa de exercícios específicos para o recrutamento do transverso do abdomen agindo em co-contração com os músculos paravertebrais, promovendo um aumento da rigidez da coluna lombar através de suas inserções na fáscia toracoabdominal em conjunto com um aumento da pressão intra-abdominal.
A ativação dos músculos abdominais, formam um colete lombar fisiológico (aumento da área lombar) que quando combinado com um posicionamento lombopélvico ideal (equilibrado) dissipam a pressão axial exercida sobre a coluna diminuindo o estresse nos pares articulares.

Leg pull front









(Ex: co-contração dos multífidos e abdomen)

Sit up

OBS: existem facilitadores, como a barra tower no cadillac ou wall unit para ajudar na execução e na evolução do movimento.



















(Ativação dos músculos abdominais)

Exercício contra-indicado

A extensão deverá ser evitada, já que este movimento pode agravar o escorregamento vertebral.

Swan
















Importante

O equilíbrio corporal na "síndrome do baixo cruzado" caracterizado pela fraqueza de glúteos e abdominais e aumento das atividades dos eretores da coluna e flexor do quadril (também presente na hiperlordose)

Fonte:
.Apostila Pilates Avançado Metacorpus

Imagens:
.Google

terça-feira, 12 de julho de 2011

Exercícios de Fortalecimento para crianças e adolescentes


As pesquisas mostram que tanto meninos quanto meninas beneficiam-se do treinamento de força na infância e nos anos da puberdade, mas as meninas jovens devem prestar atenção particular na formação da densidade óssea. Que tipos de programa de treinamento de força são adequados para os jovens? Exercícios resistidos orientados a brincadeiras são os melhores para manter as crianças concentradas, pois elas não tem o mesmo nível de atenção para os adultos e os adolescentes mais velhos, para o regimental trabalho com a carga. Recentemente, no entanto, cada vez mais crianças estão fazendo treinamento de força para aprimorar seus jogos esportivos e reduzir lesões. As pesquisas demonstram que os ganhos do treinamento de força para os jovens são os mesmos dos adultos. O treinamento com carga também tem os benefícios do condicionamento cardiorrespiratório, do relaxamento e da perda de peso.
Segurança é a principal preocupação ao trabalhar com jovens. Verifique se a área onde ficarão está livre de quinas pontiagudas. "Li recentemente sobre uma menina que quebrou o nariz e os dentes anteriores ao saltar sobre a bola de exercício e cair contra uma unidade domiciliar de entretenimento". Mantenha as bolas afastadas dos raios solares diretos e de fontes de calor. Elas não devem ser usadas em ambiente externo; no ambiente interno, podem ser facilmente danificadas ao rolarem por cima de pedregulhos e tachas. Ensine as crianças e os adolescentes a checarem o chão ao seu redor com cuidado e removerem objetos pontiagudos dos bolsos e punhos antes de brincarem com as bolas. Os tapetes de ioga antiderrapantes são os melhores para o trabalho com a bola, assim como pés descalços ou calçados com solas de borracha ou meias antiderrapantes. Vista roupas confortáveis que não sejam folgadas ou apertadas demais e cuide para que os cabelos longos não fiquem presos sob a bola.
É importante que a bola seja do tamanho correto. O tamanho da bola recomendado é de 30 centímetros para crianças com menos de cinco anos, 45 centímetros de cinco anos até 1,50 metro de altura e 55 centímetros de 1,50 a 1,70, segundo Joanne Posner- Mayer. Crianças ou adolescentes com sobrepeso ou aquelas que têm pernas muito longas talvez precisem usar uma bola maior que a sugerida. A regra para para o tamanho da bola é; quando a criança está sentada sobre a mesma, o ângulo de flexão dos quadris e dos joelhos deve ser o mais próximo de 90 graus possível.
O treinamento com carga não deve começar até que a criança tenha pelo menos 7 anos em alguns studios ou a partir dos 10 anos, antes disso deve ser realizado com cuidadosa supervisão.
Mantenha o nível de resistência baixo para evitar o estresse articular ou a lesão das estruturas em crescimento. Evite bolas pesadas com crianças, já que podem ser facilmente derrubadas ou arremessadas por acidente ou brincadeira. Não seria muito indicado utilizar faixas elásticas com crianças menores, as faixas coloridas são tentadoras demais e podem ser usadas como estilingues gigantes ou para brincar de prisão, ambas situações perigosas.
Os padrões respiratórios coordenados que usamos no Pilates são difíceis de serem ensinados para crianças e adolescentes, já que eles não absorvem informações da mesma maneira que os adultos. Ao invés disto, instrua-os a respirar naturalmente e expirar durante a fase de esforço. As crianças se hiperaquecem e se cansam mais rapidamente do que os adultos jovens e de meia-idade. Mantenha-as hidratadas e encoraje-as a realizar um aquecimento e um resfriamento completos. Pular corda ou saltar sobre a bola é uma boa maneira de aquecer o corpo, com um trabalho lúdico, empolgante a criança vai encarar como uma brincadeira e não uma obrigação, seja criativo e divirtam-se.

Fonte:
.Craig, C., Treinamento de Força com a bola, Phorte 1ª edição, São Paulo, 2007.

Imagens:
.Google

terça-feira, 5 de julho de 2011

Ballet e Fisioterapia



Com a minha empolgação com o ballet essa postagem não poderia ficar de fora, já amo e com o pilates fica perfeito!

A História do Ballet

As origens do balé surgiram em celebrações públicas italianas e francesas nos séculos XV, XVI e XVII. Na Itália a impulsiva representação dramática resultou no balleto, --- de ballo (" dança" ) e ballare ("dançar" ) --- enormes espetáculos durando horas (e até mesmo dias) e utilizando dança, poemas recitados, canções e efeitos cênicos, todos organizados em torno de um enredo principal e com homens e garotos ricamente trajados no lugar da corte encenando os principais papéis. Os espetáculos eram apresentados em grandes salões ou em quadras de tênis (Teatros modernos não eram construídos antes do séc. XVI). A audiência para estas apresentações era composta principalmente por pessoas da corte, que contratavam dançarinos de alto escalão para ensinar aos amadores. Em 1460, Domenico da Piacenza escreveu um de seus primeiros manuais de dança.

Ballet Romântico

O Ballet Romântico é um dos mais antigos e que se consolidaram mais cedo na história do Ballet. Esse tipo de dança atraiu muitas pessoas na época devido o Movimento Romântico Literário que ocorria na Europa na primeira metade do século XIV, já que se adequava à realidade da época, pois antes as pessoas diziam que não gostavam de Ballet porque não mostrava nada do real. Os ballets que seguem a linha do Romântico pregam a magia, a delicadeza de movimentos, onde a moça protagonista é sempre frágil, delicada e apaixonada. Nesses Ballets se usam os chamados tutus românticos, saias mais longas que o tutu prato. Estas saias de tule com adornos são geralmente floridas, lembrando moças do campo. Como exemplos de Ballets Românticos podemos citar 'Giselle', 'La Fille Mal Gardèe' e 'La Sylphides'.

Ballet Clássico

O Ballet Clássico, ou Dança Clássica, surgiu numa época de intrigas entre os Ballets Russo e Italiano, que disputavam o título de melhor técnica do mundo. Sua principal função era expremer ao máximo a habilidade técnica dos bailarinos e bailarinas e o virtuosismo que os passos de ballet poderiam mostrar e encantar toda a platéia. Um exemplo deste virtuosismo são os 32 fouettés da bailarina Pierina Legnani em 'O Lago dos Cisnes', ato que fazia milhares de pessoas ficarem de boca aberta. Esses Ballets também se preocupavam em contar histórias que se transformaram basicamente em contos de fadas. Nestes Ballets procura-se sempre incorporar seqüências complicadas de passos, giros e movimentos que se adaptem com a história e façam um conjunto perfeito. No Ballet Clássico a roupa mais comumente usada eram os tutus pratos, aquelas sainhas finas de tule, marca característica da bailarina, pois permitiam que as pernas da bailarina fossem vistas e assim ficasse mais fácil verificar se os passos estavam sendo executados corretamente. Como exemplos de Ballets Clássicos temos o já citado 'O Lago dos Cisnes' e 'A Bela Adormecida'.

Ballet Contemporâneo

O Ballet Contemporâneo, mais conhecido por Ballet Moderno, foi criado no início do século e ainda preserva o uso das pontas e gestuais ainda muito próximos do Ballet Clássico. Neste estilo de dança a coreografias começam a ter ideologias diferentes. Não há mais uma história que segue uma seqüência de fatos lógicos, mas sim muitos passos do ballet clássico misturados com sentimentos. As roupas usadas no Ballet Contemporâneo são geralmente colants e malhas, como em uma aula normal, para dar maior liberdade de movimento aos dançarinos. É o estilo que vem antes da dança moderna, que esquecerá os passos clássicos, dando ênfase somente aos movimentos corporais. Seu principal difusor foi George Balanchine, em Nova York, com belíssimas coreografias como Serenade, Agon e Apollo.

O elo entre o balé e a fisioterapia

O ponto fundamental nas terapias corporais para os bailarinos é o conhecimento do próprio corpo, respeitando suas individualidades e limites. As técnicas destas terapias corporais são curativas com a visão de reabilitação global, que ajudam o bailarino profissional a adquirir condições físicas adequadas ao aperfeiçoamento dos movimentos e sua correção com a consciência corporal. Entre as técnicas de terapia corporal se destacam as de Alexander (ênfase na respiração e no eixo do movimento), Feldenkrais (ênfase na sensação do movimento) e o Pilates (trabalho em cima da força controlada). Laban possui um sistema de análise do movimento que integra as terapias corporais, com a filosofia de que não se forma bailarino sem esforço, tentar encontrar uma forma simplificada para exercer profissionalmente a dança como arte cênica é tempo perdido. As técnicas inovadoras que seguem este sistema é Ideokinesis e Bartenieff Fundamentals (Caminada, 1999).

Estudos recentes vem observando que a aplicação da dança como propriedade terapêutica em pacientes com dor crônica, como na fibromialgia, vem sendo capaz de conseguir grandes benefícios a estes pacientes. Dentre os benefícios encontrados estão: a diminuição de dores, ansiedade, alívio da tensão, do estresse, melhora na disposição, aumento da auto-estima, melhora da mobilidade física. A propriedade terapêutica da dança atua globalmente no indivíduo em seus aspectos físico, emocional e cognitivo, alterando a fisiopatologia ao regular os níveis de cortisol no plasma sanguíneo (Bojner-Horwitz et al, 2003; Bojner Horwitz et al, 2006).

Segundo Bertoldi (1997) este tipo de intervenção tem mostrado resultados significativos pela prática da dança, como recurso terapêutico para o físico e psicológico devido seu ganho de força muscular, equilíbrio estático e dinâmico, flexibilidade, alterações significativas na noção de auto-imagem, imagem corporal e sexualidade. A prática da dança na reabilitação de portadores de deficiência física vai repercutir no aspecto físico, psicológico e profissional. Bertoldi completa dizendo que a arte contribui para a reabilitação destes indivíduos, pois acarreta também alguns benefícios da musicoterapia e educação física. Porém, o conjunto destas duas atividades agrega propriedades comuns ao balé, que pode desenvolver a reabilitação global melhorando suas atividades de vida diária e permitindo também a oportunidade de se tornar um profissional da dança.

A dança apresenta-se como um adequado processo de reabilitação por despertar no indivíduo o uso de suas potencialidades ao máximo, até mesmo daquelas que ainda estão inconscientes. Esta habilidade adquirida pela dança, pode promover a uma capacitação profissional caso o indivíduo desenvolva a capacidade de tal forma que ministra aulas exatamente como pessoas já habilitadas no mercado de trabalho (Bojner-Horwitz et al, 2003; Bojner Horwitz et al, 2006; Bertoldi, 1997).

A dançaterapia foi elaborada na década de 50, por uma bailarina argentina chamada Maria Fux sendo oficializada em 1996 nos EUA quando formou-se a Associação Americana de Dança Terapêutica. Por si própria a dança estimula a flexibilidade, controle motor, coordenação, ritmo e o alinhamento postural assim, proporciona momentos de auto-conhecimento e socialização. Disponível em: http://www.hiae.br; Acessado em: 11 de junho de 2007.

O Hospital Israelita Albert Eisnten tem usado como recurso terapêutico a dançaterapia que promove nos pacientes a liberação de endorfina, melhora a resposta aos estímulos, o equilíbrio, trabalha a propriocepção, postura, coordenação motora, condicionamneto e alongamento muscular. Através das danças mais ritmadas é possivel melhorar o condicionamento cardiovascular. Os objetivos de tratamento são individualizados de acordo com as necessidades e limitações de cada um. As coreografias proporcionam a noção de tempo e espaço, oferecem a oportunidade de interação e convivência com o meio social e a percepção que os movimentos não são mais os mesmos, mas ainda possuem função. Disponível em: http://www.hiae.br; Acessado em: 11 de junho de 2007.

O tratamento fisioterapêutico tem por objetivo tornar o indivíduo o mais funcional possível a fim de que seja capaz de interagir com o meio e realizar suas atividades da vida diária pessoal, trabalhando o aperfeiçoamento daquilo que ele já possui através das atividades específicas progressivas com seqüências que permitirão que o paciente adquira ou readquira habilidades relacionadas às funções necessárias para o dia-a-dia (Prentice, 2003).

A avaliação cinético-funcional é capaz de verificar o que cada indivíduo tem de fisiológico, patológico e funcional, no que auxilia na constituição de um conjunto de procedimentos que podem aprimorar o movimento e contribuir para um trabalho lúdico mantendo uma boa postura. O fisioterapeuta é capaz de reeducar ou ensinar através do movimento integral associando conhecimentos e práticas, combinando suas aplicações conforme a necessidade do indivíduo e criatividade do profissional responsável, seguindo sempre as premissas da diferenciação da musculatura dinâmica e estática e a biomecânica da coordenação motora.

Ferreira (2001) conceitua o balé como uma representação dramática em que se combinam a dança, a música e a pantomima. Também traduzida como série de exercícios corporais utilizada para o desenvolvimento físico e técnico do bailarino.

A técnica do balé clássico não substitui o tratamento tradicional, mas auxilia com suas propriedades físicas que treina a propriocepção, equilíbrio, cinestesia, força, coordenação e controle motor. Os exercícios e posturas selecionados pelo terapeuta, deverão se adaptar as capacidades dos pacientes e realizados progressivamente. Prentice (2003) diz que as propriedades físicas, citadas anteriormente, facilitam o processo inconsciente de interpretar e integrar as sensações periféricas recebidas pelo SNC assim, resulta em respostas condizentes.

O balé como recurso terapêutico poderia ser realizado em sala tradicional de balé (com espelho e barras horizontais na parede, piso de madeira revestido com linóleo), mas com o número reduzido de pessoas, de maneira que o fisioterapeuta seja capaz de dar assistência a todos. A sugestão de no máximo cinco indivíduos como é realizado no iso-streching e pilates. O vestuário para crianças pode ser o tradicional do balé e para os adultos roupas de ginástica (Souchard, 1996; Herdman e Selby, 2000).

A sugestão da população a se beneficiar deste recurso envolvem pacientes que necessitarão de cinesioterapia sendo capazes de realizá-la de forma ativa. Incluem pacientes do sexo masculino ou feminino, crianças e adultos que apresentem seqüenciamento anormal da atividade muscular, paresia e espasticidade, com déficits que interfiram na execução da biomecânica correta dos movimentos.

O elo entre o balé e a fisioterapia é o condicionamento do movimento, no qual as concepções do balé se apresentam como um possível recurso terapêutico. Através da técnica, biomecânica, concepções e movimentos do balé (série de exercícios corporais) que podem exercer o papel da cinesioterapia ativa, está dividida de maneira didática para melhor compreensão.

A TÉCNICA DO BALÉ

O centro de onde todo movimento se origina e por onde deverá fluir no balé está no eixo do prumo (postura). O bailarino durante toda sua movimentação retorna a sua posição de alinhamento e gradualmente vai educando os reflexos estabelecendo o mais eficiente estruturamento esquelético de como funcionar no ato da dança. A resultante da distribuição do centro de gravidade em repouso ou no movimento é relacionar cada parte do corpo com o posicionamento. Todos os movimentos devem passar pelas posições básicas na técnica da dança clássica necessitando um bom ajuste e execução para ter controle e eficiência na evolução dos movimentos em uma coreografia ou exercício (Sampaio, 1999).

A coluna é o eixo do prumo que permite o bailarino ter estabilidade, no quadril a raiz desta estabilização é auxiliada pelo tornozelo e pé ganhando mobilidade através do joelho, como também os ombros e musculatura que atua na estabilização central do tronco, que são fundamentais para menor gasto energético e melhor desempenho. O posicionamento correto para uma eficiente descarga de peso através do tornozelo e do pé torna-se essencial por serem fonte de força suporte e percepção durante a dança, as sensações percebidas pelos pés são informadas ao resto do corpo e refletidas imediatamente em cada movimento (Achcar, 1998).

O bailarino clássico é um artista que em média dedica de seis a sete dias por semana a uma intensa atividade física, a qual pode iniciar-se entre quatro e seis anos de idade. No balé o movimento não se restringe a um resultado físico, um deslocamento de matéria e a força que o determina, havendo sempre uma força intrínseca resultante de uma reação psíquica e emocional que atua sobre a regulação das variações de tensões musculares. Podem ou não resultar no deslocamento de um ou mais segmentos do corpo que é determinado pelo desprendimento de energia. Uma boa execução da técnica permite uma mudança rápida em todas as direções e ao mesmo tempo dirigir a silhueta do corpo para o público, todos os passos e movimentos são cuidadosamente apresentados, seguindo a técnica o bailarino pode controlar seu sistema músculo-esquelético permitindo manter o equilíbrio em todas as situações (Miller et al, 1975; Lima, 1995 e Goertzen et al, 1989).

As técnicas do balé são baseadas nos princípios da boa postura e colocação do corpo, mantendo-se em todos os movimentos. Os posicionamentos e os movimentos realizados no balé clássico exigem um preparo físico adequado, bom condicionamento cardíaco e respiratório, já que o bailarino pode permanecer em cena por até uma hora e meia, dependendo da coreografia apresentada (Margherita, 1994).

As cinco posições básicas dos pés no Balé exigem uma máxima rotação externa do quadril, sendo que este fato auxilia na execução de movimentos graciosos e estéticos dos bailarinos. Estas posições são consideradas básicas e se dividem de primeira à quinta posição, nesta seqüência sendo que todas as posições deverão promover uma rotação onde os pés se posicionarão a 180º. Deste modo, também há vinte e seis posições de MMII, sete de tronco e sete de braços que são executadas com os pés totalmente apoiados no chão, em meia ponta realizando flexão plantar, com os joelhos estendidos ou nas pontas. Portanto, há uma enorme possibilidade de variações que podem ser executadas em CCF e CCA (Bertoni, 1992; Margherita, 1994; Khan et al, 1995).

A técnica do balé poderá ser mais uma ferramenta para o fisioterapeuta, quando seus objetivos de seu tratamento forem semelhantes às séries de exercícios corporais propostos no balé.

BIOMECÂNICA E CINESIOLOGIA DO BALÉ

Sampaio (1999) acredita que os resultados da dança só são possíveis se levarmos em conta dois conceitos: a postura em que o bailarino está trabalhando com os seus músculos e a "energia" que deve estar vibrando dentro dele. Cada parte do corpo do bailarino tem que estar bem postulada. Esta postura envolve os pés, joelhos, quadris, abdômen, costas, braços e o eixo (coluna, esqueleto axial).

Os pés devem suportar bem o peso do corpo, em forma de um triângulo: um ponto no hálux, um ponto no quinto dedo e um ponto no calcanhar. Os dedos devem estar alongados e pressionando o chão. O arco do pé deve ser estimulado para cima evitando uma sobrecarga no hálux. Os impulsos são finalizados nos pés e as aterrissagens são iniciadas neles, sendo os pés o maior ponto de contato com o solo (Achcar, 1998).

Os joelhos só flexionam em uma única direção, que seria em relação ao segundo artelho do pé. Se o bailarino trabalha com a rotação externa de quadril, o joelho precisa permanecer fiel a esta posição, flexionando-se na direção do pé (movimento en dehors). Para isto o quadril e o pé devem permanecer alinhados (o ângulo de abertura do pé tem que corresponder ao ângulo de abertura do quadril) para preservar então a articulação do joelho, porque caso contrário haverá rotação inversa da tíbia com relação ao fêmur, excedendo a tensão nos ligamentos e pressão sobre os meniscos. Alongar a musculatura que envolve a articulação do joelho é extremamente importante para a preparação muscular de um bailarino, pois os exercícios de flexão e extensão modulam o tônus muscular (Sampaio, 1999).

O quadril e as cristas ilíacas devem fazer uma linha reta à frente dos dedos dos pés, nunca uma linha recua para o calcanhar. A pelve deverá estar retrovertida mantendo a contração do assoalho pélvico e rotadores externos do quadril, o abdômen deverá estar contraído para estabilização do tronco (deixando o esqueleto apendicular livre para o movimento controlado). O quadril é o ponto fixo do corpo na execução dos exercícios ou passo de balé. A falta do controle motor fará surgir compensações nos joelhos (apertar um contra o outro), má contração abdominal (retificação ou aumento das curvaturas da coluna) gerando uma impossibilidade de encaixar o quadril através da estabilização central. Para que o quadril esteja bem encaixado o bailarino deve ter consciência que precisa fortalecer os músculos responsáveis pela estabilização central e alongar o quadríceps, iliopsoas, trato iliotibial e músculos posteriores de MMII (Sampaio, 1999).

O abdômen no balé é fundamental, assim como no pilates é o centro da força para estabilização central. Assim, o bailarino precisa sempre ter uma boa força e controle dos músculos abdominais, como também dos músculos estabilizadores de ombro. A partir daí, há uma liberação do músculo reto abdominal (alongado) e contração dos músculos oblíquos, como se quisesse trazer as costelas em direção ao umbigo. O bailarino precisa do centro de força (princípio do pilates) se fechando na cintura, produzida pelo músculo transverso do abdômen (Herdman e Selby, 2000).

Nas costas há um conjunto de músculos trabalhando, enquanto o glúteo ajuda a encaixar o quadril, os músculos abdominais ajudam a estabilizar a coluna lombar, e a estabilização da cintura escapular libera os movimentos dos MMSS e da cabeça mantendo a linha do eixo. As escápulas devem estar deprimidas (ação do músculo trapézio inferior) obedecendo a distância entre os ombros, que devem estar em leve rotação externa, com as axilas expostas. A cabeça deve estar com seu peso bem distribuído sobre o corpo, não pender para frente ou para trás (ação dos músculos posteriores do pescoço), deixando o pescoço livre para o movimento próprio da cabeça, durante os movimentos e posturas do balé. Assim, as costas também têm um papel fundamental para manter as curvaturas da coluna e recrutar contração muscular sem compensações, no entanto o pescoço tenso e hipertrofiado é sinal de má postura (Achcar, 1998).

Os MMSS devem se apresentar de forma arredondada: ombros levemente abduzidos e rodados internamente, cotovelos levemente flexionados e supinados, com a palma da mão acompanhando a supinação. A linha do eixo do braço deve estar na direção do terceiro dedo da mão com o dedo anular virado para dentro e o dedo indicador levemente separado do terceiro dedo como veremos mais adiante quando forem citadas as posições dos braços, visualizadas nas figuras 31, 32 e 33 (Achcar, 1998).

A colocação geral da boa postura consiste em manter os pés totalmente colocados com todas as partes no chão mantendo o arco fisiológico do pé, escápulas em depressão estabilizando os ombros e relaxando músculos peitorais, contração dos músculos abdominais sem relaxar as escápulas, mantendo as curvaturas fisiológicas da coluna, contração da musculatura profunda da coluna aumentando os espaços intervertebrais, pelve retrovertida com joelhos estendidos, rotação externa do quadril com joelhos e tornozelo acompanhando o movimento, sentir forças opostas e que se complementam no tronco e membros (Sampaio, 1999).

O eixo é a linha de equilíbrio do corpo sobre os pés, para uma boa distribuição do peso corporal, como se fosse o fio de prumo. Dentro da postura correta se olhar em perfil, esta linha deve passar pelo lóbulo da orelha, acrômio, trocânter maior do fêmur, cabeça da fíbula, maléolo lateral e cabeça do quinto metatarso. Já na vista anterior deve-se ter um bom alinhamento horizontal dos ombros, mamilos, cristas ilíacas, patelas e comprimento dos braços. Nesta mesma visão só que posteriormente devem estar alinhados as escápulas e as pregas glúteas. Se a postura estabelecida nestes parâmetros citados deverá fazer com que o corpo forme um ângulo reto com o solo, então teremos uma postura ideal, gerando menor gasto energético, melhor controle motor e flexibilidade ao bailarino para manter a estabilização do corpo em pé e durante os movimentos.

A biomecânica e cinesiologia do balé retomam conceitos do alinhamento biomecânico fisiológico. No ponto de vista terapêutico o balé se apresenta como um possível recurso de tratamento na fisioterapia.

CONCEPÇÕES BÁSICAS DO BALÉ (SÉRIE DE EXERCÍCIOS CORPORAIS)

Por convenção internacional os termos referentes ao balé são sempre escritos em francês. As concepções do balé ou sua cinesiologia está dividida em postura, posições e movimentos que a partir destes são feitas combinações entre eles aumentando o grau de complexidade de acordo com o nível do bailarino. Aqui serão descritos a série de exercícios corporais básicos sem combinações, para entender um pouco será apresentado como funciona uma aula de balé clássico. Esta aula se divide em duas etapas: na barra e no centro, todas com objetivo fundamental aprender ou reeducar a postura correta do corpo como também cuidados profiláticos a lesões como o aquecimento e alongamento (Achcar, 1998).

Os passos de balé são aprendidos de forma progressiva com a realização freqüente. Na barra com apoio de um ou os dois MMSS, vão condicionar o corpo porque os exercícios de barra seguem um ritmo certo, primeiro são feitos os movimentos mais lentos depois os mais rápidos gerando força e agilidade ao corpo. No centro da sala que o bailarino dança livremente exigindo postura, coordenação, força e agilidade, no entanto são desenvolvidas tanto na barra como no centro exercícios lentos e rápidos primeiro com os pés no chão até chegar aos saltos (Bertoni, 1992).

Os exercícios corporais no balé são divididos de forma didática de acordo com sua realização: a) posições do corpo; b) posições na barra e no centro da sala.

A. POSIÇÕES DO CORPO

As posições do corpo no balé utilizam a musculatura da estática com contração isométrica principalmente em tronco, quadril e MMII.

Durante todos os movimentos e posturas no balé deve-se manter o quadril na posição en dehors, termo francês que significa para fora, baseando-se na concepção de virar os pés e as pernas para os lados externos do corpo, sendo seu princípio básico. É um movimento anti-fisiológico chamado de segunda natureza. Utilizado como direção de movimento horário das pernas e corpo. Sua cinesiologia se apresenta pela colocação dos MMII em rotação externa iniciado na articulação do quadril, contraindo os músculos rotadores externos. O joelho, tornozelo e pé devem acompanhar o movimento de rotação externa de quadril e não realizá-lo. A rotação externa de quadril é combinada com retroversão femoral e alongamento anterior da cápsula, sendo que principalmente na 1° posição que o pé e o tornozelo de uma das pernas se posicionam exatamente na direção oposta à outra perna e forma um ângulo de 180° entre os pés e os joelhos de ambos os MMII, para iniciantes é de 100° com intuito de evitar compensações, sendo bem visualizada na figura 28. A função do en dehors é possibilitar uma maior estabilidade, facilidade na movimentação como na beleza das linhas (Khan et al, 1995; Toledo et al, 2004).

Figura 28 - A figura mostra o en dehors, sendo menor angulação usada para iniciantes

(Achcar, 1998).

Segundo a codificação e elaboração da técnica clássica acadêmica do mestre Beauchamps em 1650 as classificou seqüencialmente de acordo com a dificuldade exigida as posições do balé. A técnica do balé exige alguns cuidados para evitar compensações e lesões futuras, entre eles estão a distribuição homogênea da descarga de peso em MMII a contração isométrica de quadríceps e rotadores externos dos quadris, abdominais, a manutenção dos ombros baixos contraindo musculatura que faz adução e retração da escápula e do pescoço livre e relaxado. O posicionamento dos pés, mãos, braços e cabeça são fundamentais para uma execução sem desequilíbrios biomecânicos, a seguir serão descritos todos eles (Bertoni, 1992).

As posições dos pés possuem variações (figura 29). Pé no chão = Pied a terre, ponto de apoio no arco plantar mantendo-o, não deixando desabar com en dehors (acompanhando a rotação externa do quadril) exceto na sexta posição (figura 29a). Pé na meia ponta baixa = Pied à quart (pé a ¼), tem função de aumentar o en dehors, seu ponto de apoio é no ante-pé com leve flexão plantar com en dehors (figura 29b). Pé na meia ponta = Pied sur la demi pointe. Apoio no ante-pé mantendo flexão plantar submáxima com en dehors (figura 29c). Pé na meia ponta alta = Pied a trois quarts (pé a ¾), com a função de aumentar a ADM das articulações dos ossos do tarso e tem o ponto de apoio sobre a articulação metatarsofalangeana, mantendo flexão plantar máxima com en dehors (figura 29d). Pé na ponta = Pied sur la pointe, realizada com auxílio de sapatilha específica, o ponto de apoio está sobre as extremidades distais das falanges principalmente do hálux, mantendo uma flexão plantar máxima associada à eversão do tornozelo com en dehors (figura 29e). O pé fora do chão (no ar) deverá sempre manter uma flexão plantar máxima associada à eversão do tornozelo com en dehors (figura 29f).

Figura 29 - As diferentes posições dos pés usadas no balé:

a(Pé no chão = Pied a terre); b(Pé na meia ponta baixa = Pied à quart); c(Pé na meia ponta = Pied sur la demi pointe); d(Pé na meia ponta alta = Pied a trois quarts); e(Pé na ponta = Pied sur la pointe); f(pé no fora do chão - no ar) (Achcar, 1998).

Segundo Achcar (1998) os MMII serão posicionados em en dehors exceto a 6° posição e são divididas em 1º, 2º, 3º, 4º, 5º e 6º posição (figura 30).

A 1° posição, os calcanhares estarão encostados um no outro formando na face medial uma linha reta de 180°, exceto para iniciantes que é de 100°, ou seja, adução com rotação externa de quadril e extensão dos joelhos (figura 28 e 30a).

A 2° posição, é mantida a 1° posição, mas agora com abdução de quadril, distante aproximadamente o tamanho de um pé e meio (figura 30b).

A 3º posição mantém a 1° posição agora com adução negativa de quadril, onde um calcanhar vai ficar encostado à frente do arco longitudinal medial do pé contralateral (figura 30c).

A 4° posição, a 1° posição com hiper-adução flexão e extensão unilateral de quadril com descarga de peso nas duas pernas. Croisé (cruzado) pés paralelamente separados com uma distância de um pé e meio entre os dois, um calcanhar vai ficar frente à ponta do outro pé na altura do hálux (figura 30d1). Ouvert (aberto) ou effacée (apagado) pés paralelamente separados com uma distância de um pé e meio entre os dois com um calcanhar frente ao outro calcanhar (figura 30d2). A 5° posição, irá manter a 1° posição agora com hiper-adução de quadril e pés paralelos onde o calcanhar de um pé se encontra atrás encostado no quinto metatarso e falange do pé contralateral, o que está à frente do outro pé ficará encostado no hálux (figura 30e). A 6° posição é a posição anatômica, adução de quadril sem rotações com pés paralelos.

Figura 30 - As diferentes posições dos MMII usadas no balé:

a(1º posição); b(2º posição); c(3º posição); d1(4º posição croisé); d2(4º posição ouvert); e(5º posição)

(Achcar, 1998).

As mãos devem permanecer relaxadas, com oposição do polegar e leve flexão do terceiro e quarto dedo, a palma da mão sempre virada para dentro/anterior (antebraço supinado) ou para baixo (antebraço pronado) conforme a figura 31.

Figura 31 - O posicionamento das mãos no balé, a (para dentro ou anterior, antebraço supinado); b (para baixo, antebraço pronado) (Achcar, 1998).

A posição dos braços têm suas variações de acordo com cada escola e há divergências quanto à denominação de algumas posições, variando apenas a concepção de estilo e denominação. Todas seguem o princípio de ombros baixos, braços redondos e palmas para dentro. A 2° posição é única em todos os sistemas. O movimento dos braços que alterna as posições chama-se port de bras. A escola inglesa usa o Sistema Royal Academy of Dancing, é um método mais complexo onde há seis posições sendo adotado na maioria das escolas de balé, possui as seguintes posições: bras bas, 1°, 2°, 3°, 4° e 5° posição (figura 32). A escola russa usa o Sistema Vaganova, um método simplificado, onde há somente três posições: bras bas, 1°, 2° e 3º posição (figura 33), podendo ser feita combinações entre elas.

Figura 32 - O posicionamento dos braços no Sistema Royal Academy of Dancing:

a(bras bas); b(1° posição); c(2° posição); d(3° posição); e(4° posição); f(5° posição)

(Achcar, 1998 e Fontes, 1998).

Figura 33 - O posicionamento dos braços no Sistema Vaganova são:

a (bras bas); b (1° posição); c (2° posição); d (3° posição) (Achcar, 1998).

As escolas francesa e italiana usam o mesmo sistema o Cecchetti que foi o primeiro sistema de notação do balé no séc. XVII. Segue os mesmos princípios, mas quanto às posições adota a idéia antiga de Jean Georges Noverre que deu continuidade ao primeiro sistema de dança, determinando que todas as vezes que o braço está redondo ele é denominado 5° posição.

As posições da cabeça podem ter cinco variações conforme a figura 34: reta (olhar para horizonte, posição anatômica), para trás (olhar para cima fazendo extensão da coluna cervical, aproximando occipital da vértebra C7), para baixo (olhar para baixo fazendo flexão da coluna cervical, aproximando a região do mento ao manúbrio do esterno), inclinada (olhar para frente, inclinação lateral da cabeça como se as orelhas repousassem quase sobre o ombro, aproximando a região temporal ao acrômio), virada (com o corpo reto olhar para a direita ou esquerda, fazendo rotação da coluna cervical aproximando a região do mento ao acrômio).

Figura 34 - O posicionamento da cabeça no balé:

a(para frente); b(inclinada); c(para cima); d(para baixo); e(para o lado)

(Achcar, 1998).

As posições do corpo e pernas nos movimentos do balé também são sistematizadas. Um bailarino deve se considerar sempre o centro de um quadrado imaginário onde se irradiam oito linhas que indicam sua posição no palco, estas linhas também servem para direcionar o corpo e saber por onde o movimento se inicia, por onde deve passar e terminar. O ponto um é a frente, o cinco é o fundo e os números pares são as diagonais do palco (figura 35).

Figura 35 - As posições do corpo e pernas nos movimentos do balé (Achcar, 1998).

O aprendizado das posições do corpo e sua manutenção no balé permitem ao indivíduo desenvolver a noção espacial e sua interação com o meio trabalhando em conjunto com as propriedades físicas da dança, o raciocínio e a memória, proporcionando ao indivíduo vencer suas limitações. A mobilidade articular é trabalhada a todo momento, principalmente nas articulações do quadril e tornozelo (flexão plantar e dorsiflexão), na maioria dos exercícios e posturas. O posicionamento do quadril no en dehors poderá ser substituído pela posição neutra do quadril a fim de evitar compensações nos joelhos ou quando o fisioterapeuta achar necessário.

B. POSTURAS NA BARRA E NO CENTRO

Quanto às direções do corpo, o aprendizado da boa estabilidade se inicia na barra com a postura do corpo reto e natural com peso distribuído entre as pernas e os pés com arco longitudinal fisiológico. Se não conseguir manter este arco longitudinal fisiológico, deverá diminuir o ângulo do en dehors. A coluna deverá ser a base do equilíbrio mantendo contração da musculatura responsável em aumentar os espaços intervertebrais. O posicionamento com o ombro do lado da perna que está em frente ligeiramente avançado obrigando o corpo a girar em direção da perna de trás e a cabeça também para o lado da perna que está na frente é chamado de épaulement (épaule = ombro). Existem três direções do corpo para o público: croisé (cruzado), en face (de frente) e effacé (apagado)/écarté (separado). A terminologia utilizada para as direções da perna são: devant (frente), de cote (lado)/á la seconde (na 2º posição) e derrière (atrás). Assim são as posições do corpo na sala e no palco visualizado na figura 36: epaulement croisé, epaulement croisé en face, epaulement efface/écarté.

Figura 36 - As posições do corpo e pernas na sala de aula e no palco:

a(epaulement croisé); b(epaulement croisé en face); c(epaulement efface / écarté) (Achcar, 1998).

As direções e posicionamentos dos MMII são usados como as direções do corpo já citadas podendo ser feita combinações. As posições dos MMII (figura 37): par terre (no chão), en L"air (no ar). Quanto às posições e direções do corpo e pernas temos os: arabesques, attitudes (figura 38).

Figura 37 - As direções e posicionamentos dos MMII no balé:

a(par terre a frente); b(par terre ao lado); c(en L"air na anterior 90°); d(en L"air na posterior 45°)

(Achcar, 1998).

O arabesque, nome de origem árabe que significa ornamento, representa a posição em que o tronco é direcionado para frente deve estar totalmente alongado, o quadril em simetria com os ombros e os braços estendidos na posição determinada, estabelecendo a continuidade harmônica da linha desenvolvida desde a ponta do pé (da perna em arabesque), até os dedos das mãos fluindo sem tensão (figuras 38a e 38b). Assim, considerado como um movimento que compõe os passos mais característicos da técnica (Achcar, 1998; Khan e et al, 1995; Hall, 2005; Bertoni, 1992).

No balé o arabesque é a posição com apoio unipodal com variações do pé que poderá estar no chão ou meia ponta ou na ponta com ou sem flexão de joelho, o membro inferior – MI – que está sem descarga de peso deverá manter-se com extensão e rotação externa de quadril joelho estendido e tornozelo em flexão plantar máxima com flexão dos dedos, pode estar no chão (par terre) ou no ar (en l"air) que é o mais utilizado (figura 37). O corpo posiciona-se em allongé (alongado ao máximo) ou penché (pendente ou inclinado). A classificação é determinada pelas diferentes posições dos braços em ambos os sistemas: Royal possui três tipos e Vaganova quatro tipos que vão ser determinados também pela posição do corpo em relação ao palco, os dois sistemas tem a 1º e 2º posição do arabesques iguais (Achcar, 1998; Khan e et al, 1995; Hall, 2005; Bertoni, 1992).

O attitudes, palavra derivada do italiano attitudine, representa uma posição inventada por Carlos Basis lembrando a estátua de mercúrio de Gian de Bologna no séc. XVI foi desenvolvida inicialmente para terminação de giros. Os exemplos dos tipos de attitudes são: effacée, croisée derrière (figuras 38c e 38d). Caracteriza formas da posição no balé onde o corpo permanece em apoio unipodal como no arabesque enquanto a outra é levantada atrás ou na frente a 90°, mas o MI que está sem descarga de peso estará com o joelho semiflexionado posicionado na posterior (par terre nas poses de eupalement ou en l"air) ou anterior uma postura que proporciona desenvoltura e elegância aos giros. Esta situação proporciona ao tronco maior flexibilidade quando comparado ao arabesque (Bertoni, 1992 e Achcar, 1998).

Figura 38 - Posições e direções do corpo e pernas:

a (arabesque); b (arabesque en penché); c (attitude effacée); d (attitude croisée derrière)

(Achcar, 1998).

As posturas na barra e no centro necessitam principalmente do controle motor e equilíbrio. A tentativa de um paciente executar tais posturas poderá ser um potencializador das habilidades preservadas, como também das que foram perdidas, podendo ser um desafio a cada aula.

MOVIMENTOS DO BALÉ

Os movimentos básicos do balé são: plié e en croix. Todos são executados mantendo a posição de MMII em en dehors, já descrito anteriormente, usando musculatura dinâmica fazendo contração muscular concêntrica e excêntrica (Bertoni, 1992 e Achcar, 1998).

O plié quer dizer dobrado/flexionado, é o primeiro exercício na barra sendo o princípio básico da técnica da dança e o segredo dos grandes bailarinos. Tem a função de alongar e relaxar os músculos dos MMII tornando-os flexível, preparando para os exercícios, como também realizado para ligação dos movimentos do balé. Pode ser classificado: como postura/posição e movimento na execução de exercício de base. O bailarino realiza este movimento vagarosamente ao flexionar seus joelhos na mesma linha dos pés, que estarão em total rotação externa juntamente com o quadril. Também solicitado quando é executado qualquer tipo de combinações de pequenos ou grandes saltos conforme Khan et al (1995) e Achcar (1998).

O plié possui alguns objetivos, entre eles está o alongamento do tendão do músculo tríceps sural, aumento da ADM na dorsiflexão que poderá melhorar o controle motor durante a marcha.

O demi plié, meia ou pequena flexão em CCF fazendo flexão/abdução/rotação externa de quadril, flexão de joelho, dorsiflexão de tornozelo máxima sem tirar os calcanhares do chão veja a figura 39a. Caso este ocorra em CCA com apoio unipodal é chamado de fondu (fundido/desmanchado) com o membro de sustentação que está sem descarga de peso (CCF+CCA) executando os mesmo mecanismos do plié (figura 39b). O fondu treina o apoio unipodal com alinhamento biomecânico, semelhante ao movimento na fase de balanço da marcha. O demi plié é utilizado na execução de combinações de passos de allegro (pequeno ou grande) e na ligação desses passos. Podem ser executados em todas as posições exceto iniciantes que são realizam nas 1°, 2° e 3°posições.

O Grand plié refere-se grande flexão em CCF fazendo retroversão pélvica, flexão/abdução/rotação externa de quadril, flexão de joelho, dorsiflexão de tornozelo máxima até iniciar o tirar dos calcanhares do chão fazendo meia ponta baixa de acordo com a figura 39c. Deve se iniciar passando pelo demi plié realizando movimento contínuo e lento. Tem a função de aumentar força de MMII e tronco, propriocepção da descarga de peso homogênea. Pode ser realizado com apoio parcial, na barra (figura 39d) ou sem apoio, no centro (figura 39c).

Figura 39 - Variações do movimento plié:

a(demi-plié); b(fondu); c(grand-plié sem apoio); d(grand-plié com apoio) (Achcar, 1998).

O significado de en croix é em cruz, ou seja, é o movimento que segue o sinal em cruz, qualquer exercício executado nos planos, sagital e frontal com um dos MMII seguindo a seqüência do movimento para frente, lado, atrás e ao lado novamente (figura 40). O movimento en croix trabalha os movimentos nos planos funcionais dos MMII. Quando o movimento é iniciado pela frente denomina-se movimento em en dehors ou se iniciar atrás em en dedans. O movimento en dehors segue a seqüência das posições devant, a la second, arriere, ou seja, no sentido horário (frente-lado-trás) para MMII ou de abertura para MMSS (figura 41a). Movimento en dedans realiza a seqüência das posições arriere, a la second, devant, ou seja no sentido anti-horário (trás-lado-frente) para MMII ou de fechamento para MMSS (figura 41b). Todos os movimentos do balé seguem esta seqüência básica em seus exercícios, podendo ser feita algumas combinações a fim de aumentar o grau de complexidade.

Figura 40 - O movimento en croix:

a (visão do plano transverso seguindo a seqüência numérica inicia e termina na preparação);

b (visão lateral do movimento) (Achcar, 1998).

Figura 41 - Visão do plano transverso do movimento en croix en dehors (a) e en dedans (b), seguindo a seqüência numérica, inicia e termina na preparação (Achcar, 1998).

Com olhar terapêutico para os movimentos do balé, pode-se fazer um trabalho em CCA+CCF juntamente com a musculatura da estática e dinâmica recrutando fibras musculares de contração concêntrica e excêntrica. Os movimentos nos exercícios do balé podem ser divididos em: a) movimentos de exercícios básicos; b) movimentos auxiliares no balé.

A. MOVIMENTOS DE EXERCÍCIOS BÁSICOS

Os movimentos de exercícios básicos vão compor os passos e demais seqüências do balé entre eles estão: battement, pás, relever e sauter.

O battement significa batida, é o movimento executado em forma de batida ou compasso com extensão total de joelho com movimento de quadril no plano sagital e frontal (flexão, extensão, abdução e adução) com tornozelo em flexão plantar enquanto estiver fora do chão e posição neutra quando no chão. O termo petit quer dizer pequeno. O battement possui uma variedade de exercícios que proporcionam força flexibilidade para os MMII preparando para saltos e ligação dos movimentos, por exemplo, o battement tendu, battement jété veja na figura 42b e fondu. Estes são executados com ADM menor que 90 graus. Já o termo grand possui as mesmas propriedades do petit com a diferença que é executada em ADM maior que 90 graus, por exemplo, temos o grand battement (Bertoni, 1992 e Achcar, 1998).

O battement (batidas) tendu (esticado) é executado en croix par terre com contração isométrica máxima mantendo MMII esticados. Devant (a frente) há flexão de quadril extensão de joelho, derrière (atrás) há extensão de quadril e joelho, à la seconde (na segunda posição, ao lado) abdução de quadril sendo que nos três anteriores o tornozelo estará em flexão plantar máxima. O tronco permanece em contração isométrica dos estabilizadores centrais conforme a figura 42. Os braços vão variar as posições de acordo com o objetivo do exercício (Bertoni, 1992 e Achcar, 1998). Os battements recrutam com mais intensidade os músculos do tronco e MMII que proporcionam ao quadril uma maior mobilidade. A adaptação deste exercício poderá ser feita com o indivíduo no solo em decúbito (dorsal/ventral/lateral) ou numa piscina, que dependerá do objetivo a ser alcançado com o paciente.

Figura 42 - Battements: a(tendu en croix); b(jété a la second) (Achcar, 1998).

O pás (passo) é um único movimento de MI, quando no ato de andar ou dançar, utilizado como prefixo dos passos do balé, ex: pás de chat (passo de gato). O elever (subido) é o movimento de subir na ponta ou meia ponta sem fazer uso do plié ou fondu, executado sem flexão de joelho, com ou sem apoio unipodal. O relever (elevado) é o movimento de subir na ponta ou meia ponta fazendo uso do plié ou fondu, executado com flexão de joelho, com ou sem apoio unipodal, como mostra a figura 43. O elever enfatiza o equilíbrio e fortalecimento dos músculos gastrocnêmios, já o relever adiciona o trabalho dos músculos adutores e quadríceps. O sauter (saltado, pulado) pode ser realizado na 1º ou 2º posição dos pés como também em passos que são feitos pulados que partem e retornam do plié ou fondu. O sauter envolve as propriedades físicas da dança, a descarga de peso e a junção da contração concêntrica seguida da excêntrica, bem semelhante aos exercícios pliométricos (figura 44).

Figura 43 - Relever (elevado) movimento inicia no plié e termina com extensão dos joelhos com os MMII na 5º posição (Achcar, 1998).

Figura 44 - Sauter em primeira posição de MMII e MMSS na posição de bras bas (Achcar, 1998).

B. MOVIMENTOS AUXILIARES NO BALÉ

Conforme Achcar (1998) os movimentos auxiliares mais comuns no balé são: flic-flac, retiré, temps lié e ronds de jambe. O movimento flic-flac (figura 45) é feito com o pé que está fora do chão mantendo a flexão plantar, onde um passo em que o MI abduz em 2º posição e aduz num movimento brusco e firme passando a meia ponta no chão primeiro na anterior e repete o movimento anterior mas trazendo o pé agora na posterior (flic-flac en dedans) e o contrário fechando primeiro na posterior (flic-flac en dehors). O flic-flac enfatiza a flexão e extensão de joelho e a flexão plantar e dorsiflexão do tornozelo, movimentando sem mover o tronco (estabilização central).

Figura 45 - Sequência do movimento flic-flac (Achcar, 1998).

Retiré (retirado) movimento unilateral de MI progressivo de abdução do quadril flexão de joelho e flexão plantar de tornozelo com flexão dos dedos enquanto outro membro serve de base mantendo-se en dehors de acordo com a figura 46. Passé (passado), termo utilizado em certos passos quando estes realizam passagem do MI para frente ou para traz. O retiré fortalece os músculos do quadril, como também melhora sua mobilidade. Fouetté (chicote) todos os movimentos realizados bruscamente com o MI geralmente associado a giros/piruetas.

Figura 46 - Movimento retiré dos MMII e MMSS com a variação iniciando na posição de bras bas e terminando na 5º(Sistema Royal) ou 3°(Sistema Vaganova)posição (Achcar, 1998).

De acordo com Fontes (1998) o temps lié, significa tempo ligado, é um movimento lento mantendo a extensão do joelho, pode ser associado ao demi plié para executar o battement tendu com transferência de peso (figura 47). Sua execução é feita pela transferência de peso de uma perna para outra, faz-se o battement tendu e transfere o peso da perna de base para a que está executando o exercício e faz o movimento inverso e pode ser executado nas posições en croix (figura 40). O temps lié poderá ser um exercício ideal para ganhar habilidade na transferência de peso em MMII, que se faz necessária durante a deambulação.

Figura 47 - Movimento temps lié de MMII: a. sem o plié; b. com o plié (Fontes, 1998).

O ronds de jambe é classificado em Petit e Grand, podem ser realizados seguindo a seqüência en croix en dehors e en dedans, o básico é sua execução par terre e en l"air. São movimentos realizados pelos MMII que trabalham sem movimentar o corpo para trabalhar movimentos independentes do tronco, porque este deve manter-se em contração isométrica dos músculos estabilizadores centrais. Segue o mesmo movimento do battement associando adução e abdução horizontal do MI em um movimento contínuo igualmente como no movimento en croix (figura 48) conforme Achcar (1998). O rond de jambes movimento de MMII fazendo uma circundução no quadril sem movimentar o tronco, contraindo musculatura profunda da coluna.

Figura 48 - Movimento rond de jambs dos MMII seguindo a seqüência numérica, MMSS com a variação da 2º posição com apoio de uma das mãos na barra (Achcar, 1998).

Os movimentos no balé são mais intensos para os MMII e tronco, no sentido de recrutar força, equilíbrio, coordenação, propriocepção, cinestesia e controle motor. A aula de balé exige concentração, raciocínio, memorização e expressão corporal. Para pacientes com déficit de força muscular em tronco e MMII, o uso dos movimentos do balé poderão proporcionar a aquisição de um condicionamento físico-funcional.

Os exercícios/posturas realizadas no balé permitem ser combinados de várias maneiras entre si, poderão ser utilizadas como forma de cinesioterapia ativa, que dependerá da criatividade do terapeuta. A técnica, biomecânica, cinesiologia, concepções básicas e movimentos do balé foram apresentados na tentativa de abrir novos horizontes quanto às cinesioterapias ativa já existentes. Entretanto, este tipo de cinesioterapia apresentada poderá aumentar a liberdade de escolha do fisioterapeuta quanto a terapia, diante das diversas alterações no movimento funcional existente em diferentes pacientes.

O trabalho em comum do balé e a fisioterapia é aperfeiçoar o movimento corporal. Existem também objetivos em comum: no balé é a perfeição do movimento e na fisioterapia o extremo do movimento funcional. O balé como recurso terapêutico para fisioterapia está fundamentado nas propriedades físicas da dança, controle motor e as concepções do balé. Portanto, com este conhecimento é possível sugerir uma terapêutica com movimento do corpo.

Assim, as concepções do balé como possível recurso terapêutico na fisioterapia vai atuar no condicionamento do controle motor com as posturas e exercícios do balé, sendo mais uma ferramenta de reabilitação em patologias em que a finalidade do tratamento seja a reabilitação do controle motor, coordenação motora, equilíbrio, propriocepção, cinestesia e força muscular.

Os componentes anatômico, fisiológico e técnico que envolvem o balé foram descritos para ressaltar o que existe em comum com a fisioterapia. A proposta do uso do balé, como possível recurso terapêutico na fisioterapia, correlacionou as séries de exercícios com a cinesioterapia ativa. A atuação do fisioterapeuta usando o balé, em locais que permitam o tratamento em grupos, poderá abrir possíveis campos de trabalho.

De uma forma geral este estudo aperfeiçoou e ampliou o conhecimento científico na fisioterapia. Portanto, este trabalho de revisão bibliográfica sugere a inserção do balé como conduta de reabilitação motora, com uma visão de reintegração do ser nos aspectos físico, emocional e sua inserção na sociedade. Uma terapêutica alternativa que poderá ser sugerida às escolas que incluem deficientes físicos como também em centros de reabilitação.

Para a realização deste trabalho, que apresentou o balé como atividade física terapêutica, muitas bibliografias e artigos foram pesquisados mas não foram obtidas a quantidade desejada, nem tão pouco encontramos os temas específicos sobre a relação do balé com a fisioterapia. Novas pesquisas poderão ser realizadas, a fim de comprovar a eficiência do balé como possível recurso terapêutico na reabilitação motora do indivíduo. Como também as mesmas abordagens do tema deste trabalho para outras áreas específicas da fisioterapia.


Infelizmente como a minha agenda anda lotada, estou tentando achar um espaço nos meus horários para fazer ballet adulto na sexta-feira na parte da manhã e no sábado (quase que impossível). Achei um em Copacabana, fiquei muito feliz só que tem um porém, só aceitam a partir de 2 vezes na semana e não abrem aos sábados. Como trabalho em dois locais diferentes com RPG e pilates das 8 às 21:30 todos os dias, tirando a sexta na parte da manhã, então achei que seria a solução para mim mas voltei a estaca zero. Espero ser liberada mais cedo ou tentar fugir em um horário que não tenha aluno fazendo pilates (outra coisa impossível, ainda mais no horário da noite) obs: se os chefinhos deixarem sair para fazer aula, vai aí meu apelo. Se souberem de algum local em Copacabana com bons horários na sexta pela manhã me avisem, estou desesperada.
Espero que tenham gostado da postagem, eu amei! Quando achei no site resolvi compartilhar com vocês. Torçam por mim!!

Silvana C. Souza

Fonte:

*http://br.monografias.com/trabalhos3/concepcoes-bale-recurso-terapeutico-fiosioterapia/concepcoes-bale-recurso-terapeutico-fiosioterapia3.shtml

*http://danseur.br.tripod.com/index_arquivos/ballet.htm

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Abdominais tradicionais versus abdominais do Pilates



O condicionamento abdominal tradicional é geralmente abordado como uma série de abdominais vigorosos e rápidas. Os alunos prendem os pés embaixo do sofá ou sob as mãos do treinador e curvam-se rapidamente para frente, subindo o máximo possível. Muitas repetições em alta velocidade podem estirar os músculos cervicais, curvar os ombros e comprimir a lombar. No abdominal do Pilates, ao contrário do abdominal tradicional, mantemos a pelve em posição neutra. Isto significa que, ao curvar o corpo para cima, você não aplainará a região lombar no chão, deliberadamente.
Outra limitação dos abdominais tradicionais é que eles exercitam o corpo em uma direção fixa e são projetados para fortalecer principalmente o reto abdominal superficial e partes do psoas. A ênfase no treinamento do reto abdominal desenvolve músculos curtos e grossos e uma caixa torácica que é tracionada excessivamente em direção à pelve, deformando o corpo. O psoas, outro músculo longo e forte, origina-se nas saliências ósseas das vértebras lombares, cruza a região anterior da pelve e insere-se na região proximal e medial do fêmur; sua função é flexionar o quadril, aproximando a perna do tronco. Pelo fato do psoas ser geralmente um músculo forte e excessivamente treinado, ele pode socorrer os abdominais nos exercícios de condicionamento tradicionais.
O objetivo da abordagem do Pilates no fortalecimento abdominal é alongar e integrar o psoas no trabalho abdominal. Em alguns casos, isto significa começar pelo alongamento do psoas e fortalecimento dos abdominais. Flexores dos quadris encurtados e abdominais fracos podem causar problemas na lombar, na pelve ou até mesmo na região torácica. Depois centramo-nos na integração do psoas no trabalho abdominal. Fazemos isso focalizando a contração excêntrica ou alongada tanto do psoas quanto do reto abdominal. A contração excêntrica ocorre quando o músculo alonga-se, sob a ação da carga, de maneira controlada. Na realidade, a contração alongada, na qual você usa os músculos como freios enquanto retorna o corpo à posição inicial na bola ou no solo, dá mais trabalho aos músculos. A utilização da amplitude total de movimento é uma maneira muito mais equilibrada de fortalecer os abdominais.
O abdominal do Pilates é um movimento muito menor do que o abdominal tradicional. Nele, mantemos a pelve estável e a curvatura da lombar apenas flexionando o tronco superior, para que as escápulas mal se elevem do chão. As mãos estão levemente apoiadas na base do crânio ou estendidas no solo. Em alguns casos, você manterá o corpo em uma posição, sem movimentá-lo, aumentando a tensão muscular sem alterar seu comprimento. Isto é chamado de contração isométrica, que desenvolve a resistência dos músculos.



Como trabalhar os abdominais após o parto


Após um parto vaginal, concentre-se no tônus e no encurtamento dos abdominais e não em seu alongamento, uma vez que foram alongados, ao seu limite. Evite exercícios grandes e desafiadores como elevar muito as pernas; ao invés disto, mantenha os membros próximos ao corpo. O assoalho pélvico pode ser alongado ou estirado durante o parto, então, para eliminar a lombalgia e os outros problemas. Para prevenir a tração da cicatriz após uma cesárea, nenhum exercício ou movimento limitado é recomendado por cinco a oito dias. Seis semanas após uma cesárea, você pode iniciar a sua rotina de exercícios, mas recomece os exercícios gradativamente após ter tido alta do médico.
Às vezes, a diástase do reto abdominal ocorre durante a gravidez ou após o parto. Diástase é a separação do músculo abdominal ao redor do umbigo, e é menos comum em mulheres que tem abdominais fortes antes da gravidez. Você observará uma saliência vertical no meio do abdomen. O exercício vigoroso deve ser evitado até que a diástase seja corrigida. Exercícios específicos como "umbigo na coluna", mobilização pélvica em quadrupedia e pequenos abdominais com os braços envolvendo o corpo diminuirão a largura da separação. Se necessário, trabalhe com um terapeuta para corrigir o problema.

Fonte:
.Craig, C., Treinamento de Força com a bola, Phorte 1ª edição, São Paulo, 2007.

Imagens:
.Google

 
Design by Free Wordpress Themes | Bloggerized by Free Blogger Templates | Walgreens Printable Coupons